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Televisão

- Publicada em 06 de Janeiro de 2020 às 03:00

Duas décadas depois, Globo reprisa série 'O Auto da Compadecida'

Peripécias de Chicó (Selton Mello) e João Grilo (Matheus Nachtergaele) foram sucesso de público

Peripécias de Chicó (Selton Mello) e João Grilo (Matheus Nachtergaele) foram sucesso de público


tv globo/divulgação/jc
No final dos anos 1990, uma época em que as séries ainda não eram um fenômeno massivo no País, uma produção de apenas quatro capítulos chamava atenção dos telespectadores brasileiros. Escrita por Adriana Falcão, Guel Arraes e João Falcão, a microssérie O Auto da Compadecida foi sucesso de público no verão de 1999 - tanto que virou filme no ano seguinte, levando mais de 2,1 milhões de pessoas aos cinemas. Duas décadas depois, a obra finalmente recebe uma reprise na Rede Globo, desta terça a sexta-feira, depois da novela Amor de mãe (a partir das 22h40min). O conteúdo também está disponível para assinantes do Globoplay.
No final dos anos 1990, uma época em que as séries ainda não eram um fenômeno massivo no País, uma produção de apenas quatro capítulos chamava atenção dos telespectadores brasileiros. Escrita por Adriana Falcão, Guel Arraes e João Falcão, a microssérie O Auto da Compadecida foi sucesso de público no verão de 1999 - tanto que virou filme no ano seguinte, levando mais de 2,1 milhões de pessoas aos cinemas. Duas décadas depois, a obra finalmente recebe uma reprise na Rede Globo, desta terça a sexta-feira, depois da novela Amor de mãe (a partir das 22h40min). O conteúdo também está disponível para assinantes do Globoplay.
Baseada na peça teatral homônima do dramaturgo paraibano Ariano Suassuna, a comédia narra as desventuras de Chicó (Selton Mello) e João Grilo (Matheus Nachtergaele), dois humildes sertanejos no vilarejo de Taperoá, na Paraíba, na década de 1930. Em busca da sobrevivência em uma terra árida e hostil, eles se envolvem em inúmeras confusões, até se depararem com o cangaceiro Severino (Marco Nanini). Um memorável juízo final inclui a própria Compadecida (Fernanda Montenegro), um Jesus Cristo negro (Maurício Gonçalves) e o diabo (Luís Melo). O elenco inclui, ainda, nomes que já eram bastante conhecidos da dramaturgia nacional (Denise Fraga, Diogo Vilela, Lima Duarte, Paulo Goulart, Rogério Cardoso) e outros que ganharam notoriedade ao participar da série (Aramis Trindade, Bruno Garcia, Enrique Diaz, Virgínia Cavendish).
Em versão remasterizada, O Auto da Compadecida ganha uma nova finalização do céu e também uma nova abertura. Para Arraes - que, além de roteirizar, também dirigiu a produção -, trazer a série de volta é trazer à tona um Brasil real, hoje oprimido pelo oficial, como dizia Suassuna, citando Machado de Assis. "A gente está vivendo muito no Brasil oficial; é só Brasília, quem vai ganhar a eleição, política... E o Brasil real está aí, com um bando de João Grilo e Chicó, que sobrevivem sem nenhuma assistência, e quase não há mais ligação entre esses dois mundos. Eles não são proselitistas: o João Grilo é absolutamente individualista, não faz nada para os outros, só que ele tem ética. É uma lição: você precisa comer, sobreviver e se virar. Então, é uma visão voltada para a direita e para a esquerda", afirma o diretor.
Arraes não gosta de revisitar suas obras. Por isso, só reviu imagens relacionadas ao céu porque surgiu a chance de fazer uma pós-produção que não era possível na época. "É muito doido fazer de novo 20 anos depois, é um negócio que não termina", diz. A abertura nova, com forte remissão à arte bizantina, "conversa com esse céu", até para lembrar que O Auto da Compadecida é um julgamento no céu, cenário que só estará presente nos últimos capítulos.
Falecido em 2014, Suassuna teve a oportunidade de agradecer Arraes pelo resultado final, mas nem sempre a adaptação foi de seu agrado. "Ele brincava que se não gostasse ia ter uma vendeta entre os Arraes e os Suassunas porque era uma casa na frente da outra", lembra o diretor.

Para Selton Mello, Chicó ainda é seu personagem mais marcante

"Não sei, só sei que foi assim." De tão popular, a frase que Chicó usava para concluir suas histórias mirabolantes virou bordão. Para Selton Mello, o personagem em O Auto da Compadecida continua sendo o mais marcante de sua carreira.
Qual é a cena que você mais gostou de fazer na série?
Selton Mello - É muito difícil citar uma cena específica, mas uma situação inesquecível é quando Chicó, que era a pessoa mais medrosa da cidade, se fazia de valentão. Era hilário, e fazer aqueles blocos de cenas era muito divertido.
Como você vê o personagem duas décadas depois?
Selton - Intacto. É algo tão poderoso que atravessou o tempo. Não dou um passo em qualquer lugar do Brasil sem que pessoas, de qualquer faixa etária ou condição social, não me parem para falar do personagem. Depois da série, O Auto da Compadecida virou filme, e toda vez que é exibido as pessoas adoram. Muita gente tem em DVD.
Qual o impacto dessa reexibição para o público que viu a versão original ou que teve contato apenas com o filme?
Selton - É uma oportunidade de apresentar e encantar uma nova geração, que não teve contato com a série. As pessoas que viram há 20 anos ou que assistiram só o filme vão amar rever esta obra-prima. A série é muito mais longa, tem mais cenas. É um trabalho lindo, puro e inspirado de toda a equipe. Por isso essa força atemporal.
O que Chicó acrescentou na sua carreira?
Selton - A minha carreira é antes e depois de Chicó. É o personagem mais popular da minha vida, e olha que já fiz muita novela, que é um formato que te deixa em evidência por meses. É muito surpreendente que um trabalho de quatro episódios, no caso da série, ou de cerca de uma hora e meia, no caso do filme, tenha tanta força. Chicó está marcado para sempre e do modo mais lindo possível na minha vida.