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Cultura

- Publicada em 24 de Dezembro de 2019 às 11:14

Globo exibe seu primeiro especial de Natal com Papai Noel negro

Milton Gonçalves encarna o Bom Velhinho no programa 'Juntos a magia acontece'

Milton Gonçalves encarna o Bom Velhinho no programa 'Juntos a magia acontece'


ESTEVAM AVELLAR/TV GLOBO/ DIVULGAÇÃO/JC
Pela primeira vez, o especial de Natal da Globo, exibido na noite de quarta-feira (25), após a novela Amor de mãe, será protagonizado por uma família negra e terá um Papai Noel negro. Juntos a magia acontece, escrito por Cleissa Regina Martins e dirigido por Maria de Médicis, conta a história de uma família cuja morte da matriarca, Neuza (Zezé Motta), às vésperas do Natal, desperta a depressão do viúvo Orlando (Milton Gonçalves) e desalinha a vida do filhos André (Fabrício Boliveira) e Vera (Camila Pitanga).
Pela primeira vez, o especial de Natal da Globo, exibido na noite de quarta-feira (25), após a novela Amor de mãe, será protagonizado por uma família negra e terá um Papai Noel negro. Juntos a magia acontece, escrito por Cleissa Regina Martins e dirigido por Maria de Médicis, conta a história de uma família cuja morte da matriarca, Neuza (Zezé Motta), às vésperas do Natal, desperta a depressão do viúvo Orlando (Milton Gonçalves) e desalinha a vida do filhos André (Fabrício Boliveira) e Vera (Camila Pitanga).
Para ocupar a cabeça, Orlando tenta arrumar um emprego como Papai Noel, mas é sistematicamente recusado pelos estabelecimentos por ser negro. Então, a neta Letícia (Gabriely Mota), de 9 anos, filha de Vera e de Jorge (Luciano Quirino), decide criar um plano para tornar Orlando o Papai Noel de seu bairro.
Fabrício Boliveira afirma que o especial relata uma noite natalina com questões importantes que vão além de festa e presentes. "Eles aproveitam esse momento de mudança, de transformação, de final de ano, da representação que isso tem para algumas religiões, para poder resolver questões internas da família. Achei isso um grande apontamento sobre o Natal. Como eles resolvem a questão dessa perda da matriarca para virar o ano, para fazer com que isso seja um passo de transformação, felicidade e afeto para essa família", aponta o ator.
Ele diz ainda considera intrigantes alguns temas levantados pela autora no especial, como por exemplo a sensibilidade masculina. "Meu personagem assume que não voltou para casa nos dias entre enterro e a missa de sétimo dia da mãe porque ele não conseguia lidar com a falta dela (...) Ele diz que é fracassado porque não consegue lidar com suas sensibilidades", adianta o ator. "Eu me reconheço nesse personagem nessa questão do machismo que nos aprisiona em relação à sensibilidade, a pedir ajuda, a estar próximo do 'brother' e dar um abraço de verdade", reflete.
Aos 85 anos, o veterano Milton Gonçalves se emociona ao falar sobre seu papel e diz que este será um natal inesquecível em sua vida. Com lágrimas nos olhos, ele relata: "Quando eu era menino, não existia Papai Noel negro. Tudo o que era considerado bonito não tinha negros. Nós sentíamos muito medo e vergonha. A gente se escondia [...] Farei este Papai Noel da melhor forma que puder. Se ele fosse oriental ou índio, também estaria do lado dele. Mas como sou eu, melhor para mim, né?".
Boliveira faz coro a Gonçalves e ressalta o quanto a imagem do Papai Noel é americanizada no Brasil. "Acho bom a gente poder repensar a cor do Papai Noel ou de onde ele veio. Por que essa imagem permanece para a gente como verdade absoluta? Como a gente consome o que vem de fora? (...) Talvez eu não acreditasse em Papai Noel quando era criança porque aquela imagem não se comunicava comigo."
Camila Pitanga, de 42 anos, diz que, durante a infância, acabou naturalizando o Papai Noel branco como única possibilidade."Era tão dado, por todas as informações que eu tinha, do comercial, da televisão, da rua, que o Papai Noel era branco, que eu nunca me dei conta dessa outra possibilidade."
A atriz afirma ainda que o especial acorda o público para uma outra possibilidade de leitura e de manifestação da figura do Papai Noel: "Acho que vai abraçar mais pessoas". "A gente poder contar com a nossa voz, uma história que é de família, mas é de uma família preta, na noite de Natal, é muito especial. Esse projeto tem vários sabores para mim", acrescenta.
Para Boliveira, apesar de a atração ter aberto espaço para um elenco majoritariamente negro, a representatividade na dramaturgia ainda é pouca. "Acho vergonhoso", desabafa. "Queria que chegasse o momento que eu não fosse mais chamado de ator negro, mas só de ator. Isso só vai acontecer quando a gente tiver mais atores negros trabalhando."
Agência Folhapress
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