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Cultura

- Publicada em 18 de Dezembro de 2019 às 03:00

'A batalha das correntes' retrata disputa pelo mercado de eletricidade

Michael Shannon vive George Westinghouse, enquanto Benedict Cumberbatch interpreta Thomas Edison

Michael Shannon vive George Westinghouse, enquanto Benedict Cumberbatch interpreta Thomas Edison


DIAMOND FILMES/DIVULGAÇÃO/JC
Frederico Engel
Mais de dois anos após ser exibido no Festival de Toronto, A batalha das correntes chega às salas de cinema no corte que Alfonso Gomez-Rejon desejava. O diretor contou com a ajuda de Martin Scorsese para salvar a produção, que havia recebido uma versão diferente pelo produtor Harvey Weinstein, envolvido em diversos escândalos sexuais.
Mais de dois anos após ser exibido no Festival de Toronto, A batalha das correntes chega às salas de cinema no corte que Alfonso Gomez-Rejon desejava. O diretor contou com a ajuda de Martin Scorsese para salvar a produção, que havia recebido uma versão diferente pelo produtor Harvey Weinstein, envolvido em diversos escândalos sexuais.
A importância de um longa como este está na relevância de sua história. A invenção da lâmpada incandescente elétrica, destacada na obra, foi algo que mudou o mundo. O responsável por isso é Thomas Edison, notório inventor norte-americano muito bem interpretado por Benedict Cumberbatch. O ator consegue apresentar os conflitos do personagem, que é completamente obcecado pelo trabalho.
E é a partir da invenção da lâmpada que o filme começa, sem maiores preparações desnecessárias. Neste trecho, a fotografia oferece também grandes espaços vazios e escuros, mudando quando Edison ilumina com sua invenção. Gomez-Rejon se utiliza de um plano-sequência para apresentar o universo do empresário George Westinghouse (Michael Shannon), que busca realizar uma parceria com o inventor - a oferta não é bem-sucedida e provoca o início de uma disputa para ver quem será o líder do mercado.
A diferença entre as duas figuras não está apenas no uso da corrente contínua de Edison e da corrente alternada de Westinghouse para a iluminação. Ainda que reservado, o inventor tem seus momentos mais expansivos, apresentando um caráter arrogante por conta de sua capacidade profissional e de sua fama. O empresário, por sua vez, é interpretado por Shannon de forma mais comedida, com uma postura de firmeza, sendo apresentado como responsável por outras inovações, mas que não recebe nem metade do reconhecimento que Edison recebe do público.
Outra personalidade importante que surge trama é o também renomado inventor Nikola Tesla (Nicholas Hoult). Porém, em um dos principais problemas do longa, ele tem uma participação reduzida e desperdiçada na narrativa. Até por isso, outros coadjuvantes se destacam: Katherine Waterston, que vive a esposa Marguerite Westinghouse, vai muito bem, representando uma sustentação para o marido e, ao mesmo tempo, possuindo voz própria; Tom Holland, interpretando o assistente Samuel Insull, também se impõe em cenas em que tem de enfrentar Edison.
A falta de maior desenvolvimento de Tesla também ecoa nas disputas de Edison e Westinghouse. Ambos poderiam ter mais aprofundamento do lado pessoal, com consequências de seus atos sendo mostradas, o que cinebiografias próprias de cada um dos três podem tratar melhor, em especial a de Edison e sua contribuição para a criação do cinema. A produção dramatiza de modo eficiente o conflito entre os dois, também sendo capaz de despertar o interesse em saber mais da história dos personagens.
Como os atores servem à história mais do que são destaques individuais, os melhores elementos do filme são os aspectos técnicos de edição e fotografia, além da direção de Alfonso Gomez-Rejon. A câmera arrisca mudanças de enquadramento em diversas oportunidades, dando dinamismo e ritmo para a obra. Alguns exemplos são os planos-sequências e os abertos, além da câmera a partir da perspectiva do protagonista, que permite ao público ter uma ideia de como o personagem vê o mundo.
O equilíbrio entre momentos mais ágeis e outros mais tranquilos também foi bem pensado na edição. No auge da expansão de ambos os sistemas, o filme é enérgico e veloz, ganhando mais cadência ao tratar dos trechos dramáticos. O principal exemplo deste trabalho conjunto de direção, edição e fotografia se percebe ao final do longa, em que as reações do público, maravilhado por um determinado acontecimento, vai se alterando rapidamente em vários quadros.
A batalha das correntes é uma produção sólida, com boas atuações do elenco em geral, mas chama mais atenção por seu aspecto técnico, que é um diferencial que justifica assistir o filme em uma tela grande para apreciar e absorver ainda mais da obra.
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