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Cultura

- Publicada em 16 de Dezembro de 2019 às 03:00

Exposição de Mariza Carpes é uma das atrações de final de ano no Margs

Mostra 'Digo de onde venho' é uma celebração aos 45 anos de carreira da artista

Mostra 'Digo de onde venho' é uma celebração aos 45 anos de carreira da artista


VIVAFOTO/DIVULGAÇÃO/JC
Frederico Engel
Digo de onde venho, de Mariza Carpes (Santa Maria-RS, 1948), é a quarta exposição que integra a programação de fim de ano do Margs (Praça da Alfândega, s/nº). A mostra abre nesta terça-feira (17), às 18h, tendo curadoria de Paula Ramos, historiadora da arte, crítica de arte e professora do Instituto de Artes da Ufrgs.
Digo de onde venho, de Mariza Carpes (Santa Maria-RS, 1948), é a quarta exposição que integra a programação de fim de ano do Margs (Praça da Alfândega, s/nº). A mostra abre nesta terça-feira (17), às 18h, tendo curadoria de Paula Ramos, historiadora da arte, crítica de arte e professora do Instituto de Artes da Ufrgs.
Amiga de longa data da artista, a curadora relata que são mais de 20 anos de cultivo de afeto e respeito. Há cerca de cinco anos, Mariza expressou a intenção de realizar uma mostra quando completasse 70 anos. Desde então, ela foi sendo idealizada e formulada. "A importância de exibir a arte da Mariza é também pela quantidade de produção que ela faz, bastante extensa e não muito apresentada", afirma Paula.
O espaço para a mostra no Margs conversa com a proposta do museu em estar alinhado com discussões prementes, como a reivindicação histórica para maior legitimação, representatividade e visibilidade das artistas mulheres. "A história da arte tem uma dívida com as mulheres. No século XX, em especial, havia diversas artistas: os principais nomes do modernismo eram femininos", comenta a curadora, acrescentando que o objetivo do Margs dialoga com o tema da próxima Bienal do Mercosul.
Ao oferecer ao público essas cerca de 60 obras, a mostra quer não somente consagrar a produção de Mariza, mas buscar mais visibilidade a ela. Ocupando a galeria João Fahrion e as salas Angelo Guido e Pedro Weingärtner, a seleção traz desenhos, assemblages e vídeos produzidos entre 2015 e 2019, além de exibir objetos e guardados afetivos. 
Com 45 anos de carreira, a artista trata, principalmente, de aspectos líricos e íntimos. "Ela apresenta mais sua trajetória, não chega a fazer uma arte com crítica social", explica Paula. A exposição é centrada nas memórias e na família de Mariza, como os netos e, sobretudo, a mãe, Ivone. "Não é algo explícito, mesmo que tenha bonecos e a máquina de costura utilizada pela mãe como parte da mostra, elementos que englobam o universo de ambas."
As obras trazem temas pessoais da artista de diferentes períodos, concentrando-se em trabalhos que ela produziu recentemente. A exceção fica por conta de Os comparsas, desenhos feitos nos anos 1980, descritos por Paula como figuras "belicosas, violentas, relacionadas à história de Mariza".
Um dos fortes elementos usados pela artista são os materiais pouco usuais e antigos, como cacos e objetos enferrujados. "A abordagem dos vidros quebrados é fantástica e inédita por parte dela. Mariza guardou os cacos quebrados por um pássaro que entrou na cristaleira da casa e ficou preso lá dentro, batendo asas", explica.
Com esta dinâmica, a curadora observa os elementos da ambiguidade que a mostra apresenta a partir das obras. Ela utiliza como exemplo o cristal quebrado, que é lindo, porém letal; o chumbo, maleável e tóxico; ou o papel vegetal, que é transparente, mas ainda tem opacidade.
Outro ponto de Digo de onde venho é a figura constante de uma menina, com os olhos fechados: "Podem ser projeções e/ou sonhos de Mariza, como ela se enxerga". O aspecto imaginativo que o trabalho da artista provoca é uma de suas forças, em especial por se tratar de obras íntimas do espectro dela, mas que conseguem atingir o público, conforme Paula. "Eu tive uma experiência com um desenho da Mariza, em que ela retratava uma mulher, sendo uma bailarina, mas controlada como uma marionete e que tinha uma flor em seu tronco. Sonhei com a imagem, me tocou de um modo muito especial", relata Paula.
O motivo principal para que o trabalho da artista tenha tamanho impacto, de acordo com a curadora, é o fato de ele ser "sensível, verdadeiro, com poética, que não adere aos modismos". "Ela prefere se aprofundar nos temas com os quais tem familiaridade, o que torna suas obras fortes. É um privilégio poder acompanhar a Mariza", completa.
As outras exposições no local são Momentum, de Túlio Pinto, Ponto vernal, de Bruno Borne, e Acervo em movimento - um experimento de curadoria compartilhada entre as equipes do Margs. Inauguradas no sábado, também começam seu período de visitação amanhã, das 10h às 18h. O museu ainda promove a abertura da mostra coletiva Gostem ou não - Artistas mulheres no acervo do Margs nesta quinta-feira. Todas elas ficam em cartaz até 22 de março de 2020.
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