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Cultura

- Publicada em 09 de Dezembro de 2019 às 03:00

Renato Dornelles lança sua primeira obra de narrativa ficcional

'A cor da Esperança' sai pela Falange Produções, da qual o autor é um dos sócios, aventurando-se, pela primeira vez, no mercado editorial

'A cor da Esperança' sai pela Falange Produções, da qual o autor é um dos sócios, aventurando-se, pela primeira vez, no mercado editorial


FALANGE PRODUÇÕES/DIVULGAÇÃO/JC
Igor Natusch
Renato Dornelles dedicou mais de três décadas de carreira a observar e relatar a realidade. Trabalhando como jornalista, ele foi fundo em alguns temas pouco confortáveis, em especial, os relacionados com o crime organizado no Rio Grande do Sul. É disso que tratam seu primeiro livro de não ficção, Falange gaúcha (2008), e o aclamado documentário Central - O filme (2015), que dirigiu ao lado de Tatiana Sager. Uma convivência tão profunda com o factual que acaba tendo reflexos claros em A cor da Esperança (Falange Produções, 208 págs., R$ 44,00) - um livro indiscutivelmente de ficção, mas que, ainda assim, mantém uma ligação próxima com o mundo real.
Renato Dornelles dedicou mais de três décadas de carreira a observar e relatar a realidade. Trabalhando como jornalista, ele foi fundo em alguns temas pouco confortáveis, em especial, os relacionados com o crime organizado no Rio Grande do Sul. É disso que tratam seu primeiro livro de não ficção, Falange gaúcha (2008), e o aclamado documentário Central - O filme (2015), que dirigiu ao lado de Tatiana Sager. Uma convivência tão profunda com o factual que acaba tendo reflexos claros em A cor da Esperança (Falange Produções, 208 págs., R$ 44,00) - um livro indiscutivelmente de ficção, mas que, ainda assim, mantém uma ligação próxima com o mundo real.
A obra, estreia de Dornelles nas narrativas ficcionais, terá lançamento hoje, a partir das 20h, no Centro Municipal de Cultura (Érico Veríssimo, 307). Antes da sessão de autógrafos, haverá uma roda de samba, capitaneada pelo músico Miguel Rodrigues.
A cor da Esperança se desenvolve em torno de uma comunidade da periferia de Porto Alegre, que tem a rotina alterada quando um ex-morador reaparece na área - trazendo, junto consigo, o tráfico de drogas. Em um cenário conflagrado, ergue-se a figura de dona Esperança, uma das mais antigas moradoras da região, que não hesita em enfrentar o líder do tráfico para proteger sua família e as pessoas que ama.
Um enredo que, como o próprio Dornelles admite, extrai vários pedaços de histórias colhidas durante sua longa trajetória no jornalismo. "Uma coisa que sempre falo para os colegas (de profissão) é que o jornalista não deixa de ser um escritor, porque ele está todos os dias escrevendo o pedaço de uma história", pondera o autor. "Agora, com a ficção, estou usando minha experiência vivida nesses anos de profissão - coisas que, até por questões de segurança, não pude publicar na época e que, agora, são também parte da história desses personagens."
Uma das características mais marcantes de A cor da Esperança está no próprio texto. Sem negar o modelo que o acompanhou por décadas na palavra escrita, Dornelles escreve de forma quase jornalística, em um fluxo que segue rigoroso e exato mesmo nos momentos de maior tensão. E o "quase" da frase anterior é uma palavra importante, pois é justamente nessa linha tênue que o texto se equilibra, dando um tom ainda mais verossímil à história sem, no entanto, sacrificar a força simbólica de várias passagens. "Foi uma preocupação que tive durante todo o período em que estava escrevendo o livro. Algumas partes acabei reescrevendo, porque reli e achei que estava tudo direto demais", admite.
Além de ilustrar o drama das comunidades atingidas pelo tráfico, o livro de Dornelles traz um olhar para um aspecto pouco lembrado da história de Porto Alegre: a trajetória dos territórios negros da cidade. Duas personagens do livro - a própria dona Esperança e sua irmã Liberdade - foram batizadas em lembrança a ruas emblemáticas da antiga Colônia Africana, consolidada em fins do século XIX onde, hoje, fica (no que talvez seja uma cruel ironia) o bairro Rio Branco. A Ilhota, que ficava em uma área alagadiça do Menino Deus, também surge nas páginas do livro.
"Meu avô materno morou durante muitos anos na rua Liberdade. Achei importante resgatar isso, e também a Ilhota e a importância que teve para a população pobre e negra da cidade", explica Dornelles. "E eu também queria fazer uma homenagem aos primeiros moradores da Restinga, que foram removidos principalmente da Ilhota para lá. Eles foram heróis de conseguir sobreviver no meio do nada", acrescenta.
Para o ano que se insinua logo à frente, a perspectiva é de muito trabalho. O autor já se debruça sobre uma futura sequência de Falange gaúcha, enquanto elabora novos projetos literários e audiovisuais. E a história de dona Esperança e sua família demonstra tanto fôlego que Dornelles já pensa em uma possível sequência.
Tudo isso, é claro, enquanto toca para a frente a Falange Produções, da qual é um dos sócios e que se aventura, pela primeira vez, no mercado editorial. "Agora, que tenho mais tempo para me dedicar totalmente a esses projetos, as ideias estão surgindo. E a gente vai trabalhando", diz, com uma risada.
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