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Cultura

- Publicada em 26 de Novembro de 2019 às 03:00

Em sua 6ª edição na Capital, Kino Beat propõe reflexão sobre o mundo contemporâneo

Yona é um dos destaques do festival, que começa nesta terça-feira e vai até domingo

Yona é um dos destaques do festival, que começa nesta terça-feira e vai até domingo


FLOR EM FLOR/DIVULGAÇÃO/JC
Igor Natusch
A princípio, parece uma mudança simples. Ao invés de usar, como em anos anteriores, o subtítulo Imagem, som e movimento, a sexta edição do festival Kino Beat em Porto Alegre, que se inicia nesta terça-feira (26) e vai até domingo, adota como mote a frase Arte em movimento. A escolha, contudo, não tem nada a ver com economia de caracteres: é a senha para um evento ainda mais amplo, que derruba a restrição de termos definidores para propor, nos mais diferentes suportes, uma grande reflexão sobre o mundo contemporâneo.
A princípio, parece uma mudança simples. Ao invés de usar, como em anos anteriores, o subtítulo Imagem, som e movimento, a sexta edição do festival Kino Beat em Porto Alegre, que se inicia nesta terça-feira (26) e vai até domingo, adota como mote a frase Arte em movimento. A escolha, contudo, não tem nada a ver com economia de caracteres: é a senha para um evento ainda mais amplo, que derruba a restrição de termos definidores para propor, nos mais diferentes suportes, uma grande reflexão sobre o mundo contemporâneo.
Ao invés de adotar um tema fixo para este ano, o Kino Beat parte de uma série de premissas: ficção, natureza, percepção, conciliação, território, mutação, esperança e mundos possíveis são apenas alguns dos muitos eixos temáticos do evento, que se interligam e ressignificam em formatos como o audiovisual, fotografia, música e performances. A programação disruptiva do festival se expande por vários pontos da cidade (Agulha, Margs, Vila Flores, Linha e Teatro da Unisinos), sempre com entrada franca. Informações sobre todas as atividades estão disponíveis no site kinobeat.com.
Montar a programação de um festival como esse é "um quebra-cabeça", define o curador Gabriel Cevallos. "É como criar uma espécie de ecossistema do Kino Beat. Alguns elementos de uma atração se costuram com as outras e vão construindo significados em conjunto. Alguns deles estão em uma camada mais decodificada, e talvez sejam percebidos (pelo público) de uma forma que talvez nem seja a imaginada, mas quem sabe isso mesmo seja parte da beleza da coisa", pondera.
A programação começa nesta terça, às 20h, no Teatro Unisinos (Nilo Peçanha, 1.600) com um evento tão high tech quanto inquietante. Será uma apresentação de Yona, uma auxuman (avatar virtual que auxilia o processo criativo humano) concebida pelo tecnólogo e produtor iraniano Ash Koosha. Radicado em Londres, o artista criou em Yona uma estrela pop, que faz uso de inteligência artificial e processo de machine learning para compor, cantar e tocar suas próprias músicas. Em um cenário deslumbrante, cheio de paisagens virtuais, Yona interpreta seu repertório com o auxílio de Koosha, em uma inusitada interação que desperta uma série de questionamentos. Após o espetáculo, o criador fará uma conversa com o público, mediada por Adriana Amaral.
Na visão de Cevallos, o espetáculo não apenas traz para o centro do palco a problemática em torno da inteligência artificial, mas desperta reflexões instigantes a respeito de nossa própria inteligência humana. "Quem cria essa inteligência artificial são os humanos, a partir da nossa própria inteligência. De certa forma, o desafio passa a ser como programar essa nova inteligência para que ela não repita nossos erros estruturais. Como vai ser a ética dessa inteligência artificial? A Yona tem um visual exuberante e uma linguagem pop que remete a artistas como Lady Gaga, mas, ao mesmo tempo, toca nessa camada bem profunda de questionamentos."
Entre as outras atrações do 6º Kino Beat está a série de podcasts Tantos Brasis, de Camila Proto, dividida em três capítulos e que propõe uma abordagem ficcional e, ao mesmo tempo, questionadora sobre aspectos como as mudanças climáticas e a intolerância cultural. Também faz parte do festival uma intervenção urbana da fotógrafa Tuane Eggers, que se propõe a substituir ofertas publicitárias por imagens oníricas de pequenos cogumelos, em três outdoors espalhados pela cidade.
Na esfera da música e das performances, Linn da Quebrada, Rakta, Naves Cilíndricas, DJ TataOgan e o grupo uruguaio F5 são algumas das atrações. Haverá, também, a apresentação do projeto Axioma.8, da dupla mxm. Formada por Mirella Brandi e Muepetmo, o espetáculo une o jogo de luzes da primeira pela manipulação de sons em tempo real promovida pelo segundo, criando um espetáculo imersivo e de forte conteúdo sensorial. Atividades envolvendo o Projeto Sonora, Tomaz Klotzel, Serraria e Tutti Rodrigues também estão na programação.
Cevallos reconhece que o Kino Beat se coloca em um "cenário local muito particular" na medida em que poucos festivais, regionais e nacionais, se alinham com a ideia de tratar a arte de forma multidisciplinar. "Entendemos) que a produção de sentido e conhecimento não está apenas em lugares sacralizados, como museus, galerias e teatros, mas que também se concretiza em uma festa, em um encontro, uma performance de rua. O Kino Beat usa todo esse manancial, e é isso que dá a ele uma identidade muito particular. A transformação é a própria identidade desse festival", acentua.
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