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Cultura

- Publicada em 30 de Setembro de 2019 às 03:00

Daniel Jobim fará show na Capital com clássicos da bossa nova

Neto do maestro da bossa nova, Daniel Jobim estará no palco do Theatro São Pedro

Neto do maestro da bossa nova, Daniel Jobim estará no palco do Theatro São Pedro


DANIELA DACORSO/DIVULGAÇÃO/JC
Igor Natusch
"No fundo, é uma continuidade da banda do meu avô. Foi ele mesmo quem falou para o Paulo Braga (baterista): 'Quando eu fizer aquela longa viagem, vocês têm que seguir tocando a minha música'".
"No fundo, é uma continuidade da banda do meu avô. Foi ele mesmo quem falou para o Paulo Braga (baterista): 'Quando eu fizer aquela longa viagem, vocês têm que seguir tocando a minha música'".
A lembrança do pianista Daniel Jobim, neto do lendário Antonio Carlos Jobim, explica, em poucas palavras, o espírito do espetáculo que acontece no Theatro São Pedro (Praça Mal. Deodoro, s/nº) nesta quinta-feira, às 21h. No mesmo cenário que recebeu a histórica apresentação de Tom em Porto Alegre, em 1986, Daniel estará acompanhado do pai, Paulo Jobim (violão) e de Braga, parceiro de décadas da estrela da bossa nova, para reviver várias canções que tocam o tempo todo no imaginário musical brasileiro. Ingressos, a partir de R$ 80,00, estão à venda no site e na bilheteria do teatro.
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Além de dar ao espetáculo um ar de legitimidade todo especial, a presença de músicos tão próximos ao legado de Tom Jobim garante uma sintonia diferenciada em cima do palco. "Tocamos juntos há mais de 20 anos, em diversos palcos e acústicas diferentes. A música já está nas nossas veias", diz Daniel. "Às vezes, o público pede uma coisa diferente que não está no roteiro e, se nos sentimos confiantes, saímos tocando. Fica ainda mais lindo, uma coisa mais intimista. Ter o suporte do meu pai e do Paulo faz com que essas apresentações sejam ainda mais especiais", garante.
O show Daniel Jobim toca Tom lembra os 25 anos de morte do maestro, amplamente reconhecido como um dos maiores expoentes da música brasileira em todos os tempos. Para o neto de Tom, a homenagem certamente ganha uma diferente dimensão. Das muitas memórias afetivas, que remontam aos primeiros anos de sua infância, Daniel recorda tanto as noites de espetáculo, vividas nas coxias de teatros de todo o Brasil, quanto os exercícios que o autor de Águas de março fazia ao piano, cedo de manhã, tocando peças de Chopin ou Debussy. "(Nascer na família de Tom Jobim) foi uma grande sorte minha, é uma grande felicidade ter vivido tudo isso."
Estar em uma família tão ligada à música não apenas encorajou Daniel Jobim a buscar o piano, como resultou em uma histórica conquista familiar: o Grammy com o álbum Antonio Brasileiro (1994), premiado na categoria Álbum de Jazz Latino de 1996. Produzido por Daniel, o CD foi a última gravação de Tom, lançado poucos dias depois de seu falecimento.
Quem comparecer ao Theatro São Pedro no dia 3 de outubro certamente terá a satisfação de ouvir uma longa sequência de clássicos: de Samba do avião a Chega de saudade, de Corcovado a Garota de Ipanema, todos conduzidos pelo piano e pela voz suave de Daniel. O que não quer dizer, é claro, que não haja espaço para algumas surpresas. "De tempos em tempos é preciso mudar um pouco o repertório, estudar uma que outra música. E isso é ótimo, pois cada dia acaba sendo uma nova aula", comenta o músico carioca.
A frase não é uma simples força de expressão. Daniel recorda de quando se propôs a estudar Brasília, sinfonia da alvorada, hino escrito em parceria com Vinicius de Moraes para celebrar a então recém-inaugurada capital federal. Para isso, acabou usando as partituras originais, anotadas a lápis por Tom Jobim. "O manuscrito original é um trabalho impressionante, muito melhor que as partituras digitais", assegura o neto. "Tudo escrito a mão, nota por nota, com uma clareza absoluta. Tentei abrir (a partitura) no Pro Tools e fica muito confuso, difícil de entender. Mas, olhando as anotações que ele mesmo fez, não tem como estar mais claro."
Fazendo da manutenção da obra do avô uma das suas principais missões artísticas, Daniel Jobim leva o show pelo Brasil e pelo mundo em diferentes formatos. Os porto-alegrenses verão o clássico Jobim Trio, ao invés das ambiciosas bandas com até 11 integrantes ou, por outro lado, das apresentações solo que o pianista realiza para lugares menos grandiosos.
Estar no Theatro São Pedro, de qualquer modo, terá um sabor de retorno afetivo não apenas para Porto Alegre, mas para o próprio Daniel. "Quando o meu avô tocou aí, o teatro tinha sido recém reformado. Tudo lindo e perfeito, a madeira brilhante, os camarins maravilhosos, o elevador recém instalado. É uma lembrança gostosa, vai ser uma felicidade voltar", anima-se ele, por telefone.
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