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Cultura

- Publicada em 23 de Setembro de 2019 às 03:00

Zeca Pagodinho abre espaço para 14 canções inéditas

Cotidiano carioca é principal tema de Zeca Pagodinho em seu 24º álbum

Cotidiano carioca é principal tema de Zeca Pagodinho em seu 24º álbum


GUTO COSTA/DIVULGAÇÃO/JC
Zeca Pagodinho canta "o nosso amor é 'Kama Sutra', é juventude", em Mais feliz, composta por Toninho Geraes e Paulinho Rezende e faixa-título de seu 24º álbum, que chegou às plataformas de streaming e às lojas de disco na semana passada. "'Kama Sutra'? Sei nem que porra é essa! Ia até perguntar", confessa, do seu jeito espontâneo, o grande astro do samba carioca, que em 2019 completou 60 anos. "Ah, é aquele livro? Então eu sei!"
Zeca Pagodinho canta "o nosso amor é 'Kama Sutra', é juventude", em Mais feliz, composta por Toninho Geraes e Paulinho Rezende e faixa-título de seu 24º álbum, que chegou às plataformas de streaming e às lojas de disco na semana passada. "'Kama Sutra'? Sei nem que porra é essa! Ia até perguntar", confessa, do seu jeito espontâneo, o grande astro do samba carioca, que em 2019 completou 60 anos. "Ah, é aquele livro? Então eu sei!"
A alegria de Zeca está presente não só em seu papo, mas em boa parte das 14 faixas do novo álbum de inéditas - recolhidas, como de costume, nos pagodes que promove em seu sítio em Xerém ("quando vejo o calor do povão, sei que vai funcionar"). No entanto, ele dedica, excepcionalmente, um espaço à crítica política, pondo as cartas na mesa em Na cara da sociedade, samba de Serginho Meriti e Claudemir. "Sou carioca, mas sei que meu Rio não anda legal", manda ele.
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"Eu liguei de Curitiba, tinha acontecido alguma coisa braba aqui no Rio, e pedi esse samba", conta Zeca. "Tá difícil. Não consigo mais ir ao morro, frequentar um samba, ir à tendinha. É muita violência. Tem que dar estudo às crianças, senão a tendência é piorar."
O samba de Serginho e Claudemir também faz menção sutil à disputa religiosa que atinge o Rio ("é hora de nos apegarmos a todos os santos"). "Quando eu era jovem, tinha as igrejas, os terreiros, as festas boas no fim de semana, tinha comida, tinha bebida, não tinha essa guerra toda. Tudo leva a Deus, cada um com a sua opinião", prega o cantor. "Vou na macumba, na igreja, vou no evangelho, vou em tudo."
Mais feliz surge quatro anos depois do disco anterior, Ser humano, e traz uma particularidade incomum: a aparição do Zeca compositor, que dá as caras em duas faixas. Nelas, surgem duas diferentes facetas do sambista: romântico com Moacyr Luz em Enquanto Deus me proteja e partideiro com Arlindo Cruz e Marcelinho Moreira em Nuvens brancas de paz, uma ode aos grandes nomes da Portela. Esta, por sinal, foi uma das últimas músicas que ele fez antes de Arlindo sofrer um AVC, em março de 2017, que o deixou fora de combate até hoje. O encarte do disco apresenta uma frase de Zeca, escrita à mão: "Quero dedicar essa obra ao meu compadre, amigo e parceiro Arlindo Cruz, esperando que na próxima ele esteja comigo no estúdio, como sempre foi."
"O Marcelinho lembrou desse samba, fizemos esse e mais dois. Pra mim é difícil fazer um disco sem o Arlindo... Se ele estivesse legal, estaria lá comigo", acredita o cantor, que, nos últimos tempos, perdeu amigos e ídolos como Beth Carvalho, Elton Medeiros e Almir Guineto.
Orgulhoso de seus discos, em que "é um problema escolher música de trabalho, porque sempre saem com uns seis hits", Zeca aposta desta vez em sambas sobre o cotidiano carioca, como Carro do ovo (de Marcos Diniz e Rosania Alves) e Quem casa quer casa (Rafael Delgado e Ronaldo Barcellos) - essa última, uma quase saga sobre o processo de um casal para alugar o seu primeiro cafofo, passando por regiões da cidade do Rio de Janeiro como Bangu, Marechal Hermes, Cabuçu e Vigário Geral. "Não sei de onde eles tiraram isso, mas todos os lugares que eles falaram foram bairros por onde eu passei" conta Zeca.
O cantor não esconde a receita de sucesso dos seus discos. "Tem que ter de tudo pra todos os gostos: o forró (no novo disco, Um é ruim, outro é pior, de César, Fernando e Serginho Procópio), o romântico, o partido alto. Cada um escuta o que acha melhor". Um desses hits, aliás, já está na rua: é a regravação de O sol nascerá (de Cartola e do recentemente falecido Elton Medeiros), em dueto com Teresa Cristina, que foi para a abertura da novela Bom sucesso.
O lançamento de um novo disco, é claro, traz a perspectiva de muitas apresentações ao vivo pelo Brasil. Mas os inúmeros fãs de Zeca Pagodinho não precisam se preparar para grandes reinvenções em cima do palco. "As músicas novas vão entrando aos pouquinhos", avisa. "Porque como é que eu vou tirar um Verdade, um Coração em desalinho e um Deixa a vida me levar do repertório?"
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