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Cultura

- Publicada em 30 de Agosto de 2019 às 03:00

Documentário aborda fornecimento restrito de água no Brasil e no Chile

Título nacional 'O verde está do outro lado' foi filmado na pré-Cordilheira dos Andes

Título nacional 'O verde está do outro lado' foi filmado na pré-Cordilheira dos Andes


LIRA FILMES/DIVULGAÇÃO/JC
Caroline da Silva
Em época de queimadas e devastação da flora e fauna na floresta amazônica, torna-se urgente assistir ao documentário O verde está do outro lado – Os donos da água, de Daniel A. Rubio, em seu longa de estreia. Filmado com histórias paralelas - e muito semelhantes – entre Chile e Brasil, a produção traz as experiências dos dois países em relação a escassez de recursos hídricos. As regiões retratadas são a Província de Petorca (nome derivado do rio que sumiu), a 200 quilômetros de Santiago, e de Correntina, no Oeste da Bahia.
Em época de queimadas e devastação da flora e fauna na floresta amazônica, torna-se urgente assistir ao documentário O verde está do outro lado – Os donos da água, de Daniel A. Rubio, em seu longa de estreia. Filmado com histórias paralelas - e muito semelhantes – entre Chile e Brasil, a produção traz as experiências dos dois países em relação a escassez de recursos hídricos. As regiões retratadas são a Província de Petorca (nome derivado do rio que sumiu), a 200 quilômetros de Santiago, e de Correntina, no Oeste da Bahia.
O título da obra faz alusão a um fenômeno que ocorreu no Chile, país sul-americano que adotou um modelo de lucro em que a água é privatizada desde as fontes. Os donos de agronegócios compraram a preço barato terras que, em tese, seriam improdutivas para as culturas de vegetais, pois não dispunham de água perto. Porém, eles obtiveram licença para explorar a água subterrânea para grandes sistemas de irrigação que preservaram as áreas verdes somente em cima dos morros. Porém, a exploração intensiva fez secar as águas superficiais.
Com tristeza, procurando um senso de Justiça, o filme mostra pedregulhos e poeira onde antes havia milho, vagem e flores plantados por pequenos camponeses, a 80 metros de um largo veio de água corrente que desapareceu. No Chile, a água não é para as pessoas comuns. Uma das entrevistadas da produção, Dona Avelinda Madariaga, indaga, em tom de humilhação: “De quem é a montanha verde? De quem tirou a água do rio e mandou para cima do morro. E nós?”.
Sob a desculpa de suas empresas gerarem empregos, os grandes homens de negócio são proprietários também da pré-Cordilheira verde dos Andes. No fim da vida, a mulher morando sozinha no antigo sítio com o marido de 75 anos se vê sem solução, transparecendo o desespero da necessidade.
Se no país que sofreu com a influência da política externa norte-americana em sua economia (e, em tom bastante político, Rubio explora isso logo no início da montagem), os pequenos são atropelados pelo sistema, o mesmo ocorre por aqui. O cenário de abastecimento somente com caminhões-pipa também é uma realidade no interior do Nordeste brasileiro. E esse pano de fundo é mostrado também por Kleber Mendonça Filho e Juliano Dornelles na estreia Bacurau, abordando a dicotomia do bem precioso líquido insípido, inodoro e incolor existir, porém estar represada por quem pode comprar e mandar em todos os recursos.
Na baiana Correntina, segundo os moradores, foi o desmatamento que causou a fuga da água e facilitou a extensão das queimadas. Alguns pés de buriti (espécie de palmeira) resistiram, para provar que ali corria água. Produtores de soja já foram responsáveis por extinguir 17 riachos nos últimos 15 anos na região.
Essa questão atual afeta Bahia e outros estados, fronteira com Tocantins, Norte de Minas Gerais. As fotos de satélite mostram que restou pouco do verde do Cerrado, pois foi autorizada a produção em alta escala nas cabeceiras dos rios. Os manifestantes do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) alertam que se a lei permite, o lucro acaba ficando acima de tudo.
Destacando os interesses econômicos por trás de votações entre senadores e deputados das duas nações, a mensagem do documentário é que a água é um direito e não uma mercadoria. Do contrário, os seres humanos naqueles locais vão acabar morrendo, como um peixe que é tirado de seu habitat natural.
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