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Cultura

- Publicada em 22 de Agosto de 2019 às 09:14

Produção da cinebiografia de Hebe Camargo gerou 1.267 empregos diretos

Pacheco (produtor), Pessuti (sobrinho), Farias (diretor), Andrea (protagonista) e Carolina (roteirista) na apresentação do longa

Pacheco (produtor), Pessuti (sobrinho), Farias (diretor), Andrea (protagonista) e Carolina (roteirista) na apresentação do longa


Edison Vara/Agência Pressphoto/JC
Caroline da Silva
Assim como a equipe do longa Pacarrete, de Allan Deberton, que fez um protesto erguendo cartazes (“Ditadura não”, “Ancine sim”, “Censura nunca mais”, “Marielle presente”, “+LGBTTQ, negros e mulheres no cinema”) no palco do Palácio dos Festivais, em Gramado, os realizadores de Hebe – A estrela do Brasil também fizeram manifestações políticas sobre o audiovisual brasileiro.
Assim como a equipe do longa Pacarrete, de Allan Deberton, que fez um protesto erguendo cartazes (“Ditadura não”, “Ancine sim”, “Censura nunca mais”, “Marielle presente”, “+LGBTTQ, negros e mulheres no cinema”) no palco do Palácio dos Festivais, em Gramado, os realizadores de Hebe – A estrela do Brasil também fizeram manifestações políticas sobre o audiovisual brasileiro.
O microfone e a visibilidade do festival cinematográfico na serra gaúcha têm sido utilizados para profissionais da área se posicionarem contra as novas diretrizes que o Governo Federal tem divulgado para a produção. Todos eles frisam que o cinema, além de identidade, é indústria, fomentando a economia do País. Uma nova prática é anunciar quantas oportunidades de trabalho foram decorrentes de seus filmes.
Um dos coprodutores da cinebiografia Hebe (protagonizada por Andrea Beltrão), Lucas Pacheco seguiu a mesma linha, na noite de quarta-feira (21), apresentando a obra na mostra competitiva de longas do 47º Festival de Cinema de Gramado: “Tenho uma importante informação. Este filme gerou até o presente momento 1.267 empregos diretos e vai gerar mais”. Também agradeceu os patrocinadores pela confiança no projeto: “Não dá pra fazer cinema no Brasil se não tivermos empresas corajosas investindo no audiovisual brasileiro”.
Sobrinho da apresentadora, que trabalhava diretamente na sua produção, Claudio Pessuti estava presente no palco. A Hebe Forever, empresa dele com o primo Marcelo Camargo, filho da estrela, é coprodutora do longa. “Foram parceiros do projeto, de uma generosidade incrível, nos cedendo os direitos”, comentou Pacheco.
Emocionada, a roteirista Carolina Kotscho não queria se manifestar, entendendo que o tinham para dizer estaria na tela, mas ressaltou: “A Hebe é a prova de que defender o que é certo não é uma questão de ideologia, é uma questão de caráter. E tudo que ela disse há 30 anos estamos precisando muito ouvir hoje”. De fato, o recorte histórico da trajetória da apresentadora de programa televisivo de variedades é ela sempre lutando contra a censura, para fazer “tudo do seu jeitinho”. A trama começa na metade dos anos 1980, abordando o período de abertura política do País.
Concordando com a roteirista, o diretor Maurício Farias também acredita que o filme fala por si, porém aproveitou o momento para ler algumas palavras que preparou. Contou vir de uma família que trabalha com cinema há 70 anos. Conforme o realizador, a política de cinema que existe hoje no Brasil é resultado do trabalho de diversos profissionais junto a instituições públicas ao longo de muitos anos. “O cinema brasileiro sempre lutou valentemente para produzir seus filmes e ter mais espaço no mercado do nosso País. Como todos sabemos, essa nunca foi uma tarefa fácil”, ponderou Farias.
“Por razões que nada tem a ver com cinema, estamos hoje sofrendo pressões e tentativas explícitas de dirigismo na produção cultural, o que é inaceitável numa democracia. A cultura é o espaço do diálogo, da liberdade. Eu quero, por isso, parabenizar todos os colegas aqui presentes que fazem cinema e cultura no Brasil, pois vamos continuar fazendo filmes, séries, peças, livros, shows, exposições, com os conteúdos mais diversos”, destacou o cineasta. Por fim, o diretor foi enfático e motivador: “Ninguém vai calar a cultura brasileira”, para arrancar palmas efusivas da plateia.
Exibido na noite anterior em Gramado, terça-feira (21), Pacarrete, filmado em Russas, no interior do Ceará, também tem como protagonista uma figura feminina ímpar como vértice norteador da narrativa. Até o momento, é o título preferido por público e crítica no festival. As atrizes Marcélia Cartaxo e Zezita Mattos foram aclamadas e muito aplaudidas por onde passaram.
Apesar de um protesto bem consistente no palco do Palácio dos Festivais, que além dos cartazes, contou com um agradecimento irônico por parte do diretor ao extinto Ministério da Cultura (o financiamento do filme se deu por um edital de baixo orçamento que não existe mais), as referências políticas dentro da narrativa de Pacarrete são mais sutis. Deberton, que relatou ter inscrito todos os seus curtas em Gramado e nunca ter conseguido entrar na seleção, afirmou nunca jamais esperar a repercussão positiva que teve com seu primeiro longa por aqui.
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