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Cultura

- Publicada em 31 de Julho de 2019 às 03:00

Clarice Falcão faz show no Opinião nesta semana

Lançado em junho, álbum Tem conserto marca guinada na carreira da artista

Lançado em junho, álbum Tem conserto marca guinada na carreira da artista


PEDRO PINHO/DIVULGAÇÃO/JC
Igor Natusch
Clarice Falcão alcançou a fama a partir do humor e do sarcasmo, tanto como integrante do aclamado grupo Porta dos Fundos quanto em sua carreira musical. Nesse sentido, o álbum Tem conserto, lançado em junho, traz uma importante guinada na trajetória artística da cantora e compositora. "Eu não sei se teria nem mesmo coragem de fazer esse disco quando eu tinha 20 anos, sabe? Expor minhas fragilidades sem usar o exagero, sem apelar para a piada", diz a própria.
Clarice Falcão alcançou a fama a partir do humor e do sarcasmo, tanto como integrante do aclamado grupo Porta dos Fundos quanto em sua carreira musical. Nesse sentido, o álbum Tem conserto, lançado em junho, traz uma importante guinada na trajetória artística da cantora e compositora. "Eu não sei se teria nem mesmo coragem de fazer esse disco quando eu tinha 20 anos, sabe? Expor minhas fragilidades sem usar o exagero, sem apelar para a piada", diz a própria.
Não é exatamente um rompimento com o humor; toques de ironia e malícia, aliás, surgem em várias das nove faixas do terceiro disco da artista. Mas parece ser o momento de uma Clarice mais sincera, que se sente segura - enquanto pessoa, mulher e artista - para transformar a própria vulnerabilidade em energia criativa, tratando de sua vivência com ansiedade extrema e depressão profunda em uma sonoridade impregnada pela música eletrônica.
Clarice Falcão estará no Opinião (José do Patrocínio, 834) na sexta-feira, às 21h. O show, promovido pelo projeto independente Circuito Orelhas, está com ingressos em segundo lote, a partir de R$ 55,00. A abertura será da cantora e compositora gaúcha Yas Speransa.
O fascínio de Clarice pela música eletrônica vem desde a infância, quando ela ouvia por tabela as bandas de synth pop apreciadas pela irmã mais velha, Tatiana. De uns anos para cá, o techno e o house entraram na equação - uma paixão que suplantou a inclinação folk tão associada com sua música, e que surgiu em paralelo a uma franqueza cada vez maior em suas composições.
"Fazer música para dançar falando sobre dançar é algo seguro. Quando você escreve uma música de pista falando em depressão, está assumindo mais riscos. Ficou claro para mim (escrevendo as músicas) que seria um disco bem pessoal, autobiográfico, e pensei que seria um contraste bem interessante unir esse conteúdo emocional com essa coisa da pista, que daria camadas (ao trabalho)", explica.
Embora não seja óbvia, a ponte entre a pista de dança e a introspecção pode ser mais intensa do que parece. "A própria dança tem algo de melancólico", defende a artista. "A festa tem muita alegria, claro, mas é também uma coisa muito pessoal. Apesar de você estar em lugares com muita gente, a dança é uma experiência muito íntima, não é uma conversa. Muitas das emoções mais intensas da minha vida foram em festas", revela.
A parceria com o produtor Lucas de Paiva, nome de peso na cena eletrônica independente, foi, segundo Clarice, "um tiro no escuro". Os resultados deixaram a compositora muito feliz. Aproveitando as incontáveis possibilidades da eletrônica, e igualmente fiel ao caráter pessoal das composições, Tem conserto foi quase totalmente gravado na sala de estar da cantora, em um ambiente distinto da parafernália dos estúdios de gravação.
Uma escolha que, garante ela, foi "essencial" no processo criativo do disco. "Não há prazos, você não está pagando por hora. Há tempo para chegar onde você quer musicalmente, e há tempo para não fazer nada, para admitir que hoje não está saindo e deixar para amanhã. É uma calma que, em um estúdio de gravação, eu nunca teria." Isso permitiu que algumas músicas surgissem espontaneamente durante as sessões, algo que não havia acontecido nos álbuns anteriores.
Construindo essa ponte entre o eufórico e o reflexivo, entre a dança e a confissão, Tem conserto acaba sendo um retrato não apenas do momento que Clarice Falcão vive, mas da sua própria trajetória. "O Monomania (2013) representa a Clarice de 19 ou 20 anos. Problema meu (2016) é mais anárquico, uma mistura de muitos gêneros, e representa muito isso de tentar chegar em um lugar entre esse começo dos 20 anos, que é quase adolescente ainda, e a coisa adulta. E eu acho que (Tem conserto) é um disco de organização emocional, de conseguir enxergar o seu próprio sentimento, a sua própria vulnerabilidade."
Quem estiver no Opinião terá a oportunidade de ver um show construído "com muito cuidado", respeitando a Clarice que surge em cada faixa do repertório. "Eu não queria que o show tivesse um momento Monomania, que sai a banda e eu fico no palco com um violão, sabe? Mas eu também não quero nem um pouco que as pessoas escutem as músicas antigas e falem 'o que é isso?'", ri a cantora. Um bom humor que, mesmo não mais no centro do palco, está sempre com ela, mesmo quando se permite ser vulnerável.
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