Estreia nesta semana, no Guion Center (Lima e Silva, 776), um filme que pode causar repulsa e horror em muitos espectadores. Nova obra do realizador alemão Fatih Akin, O bar Luva Dourada traz, com realismo muitas vezes brutal, a história real do serial killer Fritz Honka, que apavorou Hamburgo no começo dos anos 1970.
O personagem central do filme é um homem fracassado e com o rosto deformado, que frequentava o bar Der Goldene Handschuh (A Luva Dourada), no bairro boêmio da cidade. Lá, ele abordava mulheres e as convencia a ir para seu apartamento, onde as assassinava e esquartejava, guardando pedaços dos corpos dentro das paredes. Diante das reclamações pelo cheiro pútrido, Honka atribuía o fedor à comida dos vizinhos gregos, enquanto tentava disfarçar a podridão com perfumes. Na medida em que os jornais passam a noticiar os desaparecimentos, um clima de medo toma conta da cidade. Após ser descoberto, Honka foi apontado como autor de pelo menos quatro assassinatos.
A exibição da obra no Festival de Berlim causou polêmica, em especial pelo realismo excessivo de muitas cenas e pela caracterização do ator Jonas Dassler. O jovem galã do cinema alemão passava por sessões de mais de duas horas de maquiagem para assumir as feições grotescas do assassino em série, o que incluía o uso de próteses no nariz e nos dentes.
De ascendência turca, o diretor Fatih Akin é conhecido pela filmografia confrontadora e desconfortável. O cineasta recebeu prêmios como o Urso de Ouro em Berlim, pelo longa Contra a parede (2004), e o prêmio especial do júri em Veneza, com Soul kitchen (2009).