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Cultura

- Publicada em 05 de Junho de 2019 às 03:00

Anna Mariano lança obra 'Apenas por nós choramos' no Centro Municipal de Cultura

Quarto livro de Anna Mariano terá sessão de autógrafos nesta quinta-feira

Quarto livro de Anna Mariano terá sessão de autógrafos nesta quinta-feira


CARIN MANDELLI/DIVULGAÇÃO/JC
Igor Natusch
Anna Mariano é uma poeta que, ao contemplar os sentimentos do mundo, admite chorar por si mesma. Nos 79 poemas inéditos que compõem Apenas por nós choramos (Penalux, 100 págs.), esse aparente conflito ganha novos contornos, traduzindo-se em uma aproximação entre o biográfico e a observação, o pessoal e o universal. "(O choro) é o egoísmo mais humano de todos, na medida em que todas as lágrimas são, no fundo, em nome de nós mesmos", reflete ela.
Anna Mariano é uma poeta que, ao contemplar os sentimentos do mundo, admite chorar por si mesma. Nos 79 poemas inéditos que compõem Apenas por nós choramos (Penalux, 100 págs.), esse aparente conflito ganha novos contornos, traduzindo-se em uma aproximação entre o biográfico e a observação, o pessoal e o universal. "(O choro) é o egoísmo mais humano de todos, na medida em que todas as lágrimas são, no fundo, em nome de nós mesmos", reflete ela.
Seja como for, a sessão de autógrafos, que acontece nesta quinta-feira no Centro Municipal de Cultura (Érico Veríssimo, 307), a partir das 18h, nada terá de egoísta. Toda a renda obtida com a venda dos exemplares será revertida em favor do local, que abriga espaços importantes para a cultura gaúcha. O valor sugerido é de R$ 50,00 por exemplar, mas os que prestigiarem o evento poderão contribuir com quantias maiores, e doações à parte também serão aceitas.
Os que comparecerem terão, também, a chance de experimentar a poética de Anna Mariano em outra dimensão. No mesmo dia, às 20h, o palco do Teatro Renascença, um dos espaços mais nobres do Centro Municipal de Cultura, receberá um recital com poemas da autora, dirigido por Margarida Peixoto e com iluminação de Eduardo Kraemer. Nele, os atores Liane Venturella, Marcelo Ádams e Ursula Collischonn trarão nova vida a textos selecionados do novo livro, com duração aproximada de 30 minutos.
Apenas por nós choramos é a segunda incursão de Anna Mariano pela poesia, retomando o formato de seu livro de estreia, Olhos de cadela (2006), finalista do Prêmio Açorianos de Literatura. No meio do caminho, ela publicou os romances Atado de ervas (2011) e Pra amanhecer ontem (2017), ambos finalistas em prêmios regionais e nacionais. Foi logo após o lançamento desse último que a autora voltou a produzir novos poemas - que "dormiram na gaveta", como ela mesma diz, antes de "acordarem" para publicação, em um processo de constante aprimoramento.
"O João Cabral (de Melo Neto) dizia que nem se o Espírito Santo soprasse para ele um poema inteiro ele deixaria de burilar. Eu sou assim também", acentua Anna. "O poema, no momento em que é feito, transforma-se em papel e tinta. Ele volta a ser poema na medida em que desperta a emoção de outra pessoa. Para isso, é preciso deixá-lo mais universal", pondera a escritora.
Por isso, as poesias que surgem no livro são carregadas de um elemento biográfico, mesmo quando tratam de situações não vivenciadas diretamente pela autora, como o drama dos imigrantes que fogem das guerras. "Eu nunca estive num barco chegando à Grécia, saído da Síria, mas eu vi pela televisão aquele barco virando, as pessoas caindo como ratos. Quando falo sobre isso (em um poema), é algo biográfico, porque falo a partir da sensação que aquela visão causou em mim. É um momento de empatia. Tu colocas o sapato do outro, mas é a ti que aquilo comove."
A decisão de reverter o valor arrecadado em favor do Centro Municipal de Cultura surge, explica ela, de um sentimento de "dívida impagável" com o teatro, além da preocupação com as más condições atuais do espaço. "Em São Tomás de Aquino, há a imagem do passarinho que leva no bico uma gotinha d'água, querendo transportar o oceano. Eu sinto que isso (a doação) é uma gotinha d'água em meio ao tanto de coisa que precisa ser feita. Mas, quem sabe, outro nome mais forte pega a bandeira e a leva adiante", justifica.
A jornada de Anna Mariano pela literatura, de qualquer modo, não para. A escritora trabalha pesado em um novo romance, que trata de uma família que deixa a chamada Quarta Colônia, perto de Santa Maria, e vai plantar soja na Bahia. "Eu acho que nós temos bons livros sobre essa subida do povo gaúcho para trabalhar em outras regiões do Brasil, mas eles são mais técnicos. Essa migração não foi contada do ponto de vista romanceado, do sentimento", diz a autora, que segue preparando - sem pressa, mas com grande entrega - mais uma futura contribuição à literatura gaúcha.
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