Com uma garoa fina, a noite de sábado (27) coroou o encerramento do 11º Festival Internacional de Cinema da Fronteira, em Bagé. A homenagem à atriz gaúcha Araci Esteves, com a exibição da cópia restaurada e digitalizada de Anahy de las missiones (1997), de Sergio Silva, foi o ponto alto do evento. A plateia lotada assistiu ao longa histórico e, ao final, ovacionou a veterana artista.
“Foi um filme muito importante pela Retomada do Cinema Brasileiro, mas sobretudo para o Rio Grande do Sul. Para mim, é gratificante ver que ele continua, é atemporal. Foi muito difícil de fazê-lo, mas hoje vejo como vale a pena”, declarou a homenageada.
Na premiação, o júri oficial da mostra competitiva de longas concedeu à produção uruguaia Las Rutas en Febrero, de Katherine Jerkovic, menção honrosa. A justificativa para a distinção foi a sutileza da narrativa ao tratar o relacionamento entre neta e avó.
Domingo, de Clara Linhart e Fellipe Barbosa, levou dois troféus São Sebastião: melhor atuação para Ítala Nandi e melhor filme pelo júri popular. Com projeção no Centro Histórico Vila de Sta. Thereza na tarde de sábado, a qualidade do consistente longa mexicano Ocho de cada diez foi reconhecida com o prêmio de melhor direção para Sergio Umansky Brener – resta saber se ele virá à Fronteira em 2020 para ser um dos jurados da próxima edição.
Também fica no ar a incerteza sobre a realização do evento no ano seguinte, já que ele foi realizado com um terço do orçamento de 2018. Os organizadores cobraram mais apoio efetivo do poder público local para a próxima edição. O 11º Festival da Fronteira foi uma realização da Associação Pró Santa Thereza e Centro Histórico Vila de Santa Thereza, com financiamento do Sistema Pró-Cultura, da Secretaria de Estado da Cultura (Sedac-RS).
O título consagrado como melhor filme foi Our Madness (2018 - Moçambique/Portugal), de João Viana. O drama é uma das raras produções inteiramente filmadas em Moçambique. O longa também ganhou o prêmio de melhor filme no mais importante festival de Portugal, o IndieLisboa, além de ter estreado no Festival de Berlim. O júri em Bagé justificou a escolha “pelo olhar poético com que aborda a questão da colonização e realidade atual no país”.
Na mostra regional, ficou evidente a intersecção entre a comunidade do município, a história da cidade e o festival. Os envolvidos na produção do curta Quando a cultura matou Pedro Wayne, de Gladimir Aguzzi, encheram o palco do espaço onde era o antigo Teatro Santo Antônio, vibrando pelo reconhecimento.
Já na madrugada de domingo, o evento finalizou com música. O show de encerramento ficou por conta de uma ponte entre Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul, nas apresentações de Jhasmyna & Fidelis, com participação de Rodrigo Garcia.