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Cultura

- Publicada em 09 de Abril de 2019 às 03:00

Instituto Ling recebe exposição 'Museu' de Daniel Senise

Monotipia feita em 2017 por Daniel Senise retratando o Rijksmuseum de Amsterdã

Monotipia feita em 2017 por Daniel Senise retratando o Rijksmuseum de Amsterdã


PAT KILGORE/DIVULGAÇÃO/JC
Caroline da Silva
De terça-feira (9) a 13 de julho, o Instituto Ling (João Caetano, 440) recebe a mostra Museu, do carioca Daniel Senise, totalmente inédita e pensada para o seu espaço expositivo. A ideia é que a proposta do trabalho seja mostrada de forma concreta. Por ocasião da abertura, nesta terça-feira, às 19h, o artista e a curadora Daniela Name fazem uma conversa aberta com o público. A entrada é franca, por ordem de chegada.
De terça-feira (9) a 13 de julho, o Instituto Ling (João Caetano, 440) recebe a mostra Museu, do carioca Daniel Senise, totalmente inédita e pensada para o seu espaço expositivo. A ideia é que a proposta do trabalho seja mostrada de forma concreta. Por ocasião da abertura, nesta terça-feira, às 19h, o artista e a curadora Daniela Name fazem uma conversa aberta com o público. A entrada é franca, por ordem de chegada.
Museu reúne um conjunto de nove obras recentes - seis telas em grandes formatos e três trabalhos em papel - criadas entre 2017 e 2019. São monotipias que retratam salões de importantes museus ao redor do mundo - como a National Gallery (Londres), a Frick Collection e o Metropolitan (Nova Iorque), o Rijksmuseum (Amsterdã), o Museu de Artes de Nantes (França) e o Museu Nacional de Belas Artes (Rio de Janeiro), e pinturas sobre alumínio que reproduzem a padronagem (em tamanho original) dos pisos de madeira do Museu de Arte Antiga de Lisboa, do Palácio Nacional da Ajuda, também na capital portuguesa, e do Palácio da Aclamação (Salvador-BA). Esses trabalhos juntos nunca foram mostrados ao público antes, conforme assegura Senise: "O espaço do Ling é bem adequado para esta estreia".
Ao longo de mais de 30 anos de atuação nas artes, Senise trabalhou nos limites da figuração na pintura. A curadora Daniela se relaciona com a obra dele há cerca de 20 anos, pois seu mestrado em História e Crítica da Arte pela UFRJ foi sobre a "Geração 80", da qual o artista é um nome emblemático para entender os caminhos dessa "pintura expandida, que modifica o suporte, e muitas vezes abre mão do pincel e da tinta, mas segue tendo um raciocínio de pintura", nas palavras dela.
Senise explica que começou a explorar outras técnicas, como alternativa às tintas, no final dos anos 1980 e, desde 2000, utiliza seu processo de retirar pigmentos de impressões - em grandes pedaços de tecido - do chão dos armazéns em que trabalha ou do seu ateliê. "Por isso, na minha palheta de cores, predominam os tons terrosos."
Quando a mistura de água e cola que atravessa o pano fino seca, toda a matéria que está no piso fica registrada no lençol, como as próprias ranhuras da madeira ou a textura do cimento. "Este é o material que uso para fazer as colagens. Não tem tinta nas telas, só resíduos dos espaços em que estou trabalhando, como o verniz, a cera, é uma pátina do tempo", conta.
Segundo Daniela, nesta exposição, Senise reinveste na questão fundamental de sua carreira: ênfase no ausente. As telas representam os espaços vazios dos museus, vestígios e fragmentos que aludem a esses locais. "O que é lindo no trabalho é que não é o Daniel que apresenta as imagens como elas são, ele apresenta a falta delas nos ambientes que frequentam. Ele traz a pauta, nós, observadores, somos convocados como cúmplices a preenchê-las com nossa bagagem visual. Nos quadrados ausentes, as imagens estão submersas e com a memória elas vêm à tona, com uma força incrível, do afeto", analisa.
"Senise devolve ao chão tudo aquilo que vem roubando dele, como alguém que oferece abrigo para essas imagens à deriva - um entendimento profundo da palavra 'reconfiguração'. E o conjunto de obras reunidas evidencia como a imagem latente - ela que não está - atinge uma força radical ao ser sequestrada dos espaços arquitetônicos e simbólicos que foram concebidos para guardá-las", escreve a curadora no texto de apresentação.
Para a crítica, esta exposição também fala muito do tempo que estamos vivendo: "Nunca tivemos tanto acesso a tantas imagens pelas redes sociais. Mas com quais imagens nós estamos realmente nos relacionando? Quais estamos guardando? Quais delas importam hoje? Temos sido atravessados por uma mudança cognitiva muito grande no século XXI. A maneira nova de registrar, armazenar e exibir as imagens é muito recente".
Senise nasceu em 1955 no Rio de Janeiro. Em 1980, se formou em Engenharia Civil pela UFRJ, tendo ingressado na Escola de Artes Visuais do Parque Lage no ano seguinte, onde fez cursos livres até 1983 e lecionou de 1985 a 1996. Desde os anos 1980, o artista participa de Bienais no País e no exterior e de coletivas nos museus e galerias mais importantes do Brasil e do mundo, reforçando sua assinatura na arte contemporânea.
Caroline da Silva
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