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Cultura

- Publicada em 31 de Janeiro de 2019 às 01:00

Na disputa por oito estatuetas no Oscar, longa 'Vice' estreia nos cinemas brasileiros

Christian Bale interpreta Dick Cheney, vice de Bush, em filme indicado ao Oscar

Christian Bale interpreta Dick Cheney, vice de Bush, em filme indicado ao Oscar


IMAGEM FILMES/DIVULGAÇÃO/JC
Ricardo Gruner
Adam McKay já vem dirigindo comédias em longa-metragem desde a metade da década passada. A mais conhecida delas, O âncora (2004), consta em seu currículo ao lado de besteiróis como Quase irmãos (2008) e Os outros caras (2010). Desde 2016, entretanto, o status do realizador em Hollywood é outro. Naquele ano, A grande aposta, inspirado em uma história real ligada à bolha imobiliária de 2008, concorreu ao Oscar em cinco categorias - e levou o prêmio de roteiro adaptado. Com estreia nesta quinta-feira no circuito brasileiro, o novo filme do diretor, Vice, repete a mesma fórmula: fazer graça a partir de um episódio da história norte-americana. Como resultado, a produção disputa oito estatuetas da Academia no fim de fevereiro.
Adam McKay já vem dirigindo comédias em longa-metragem desde a metade da década passada. A mais conhecida delas, O âncora (2004), consta em seu currículo ao lado de besteiróis como Quase irmãos (2008) e Os outros caras (2010). Desde 2016, entretanto, o status do realizador em Hollywood é outro. Naquele ano, A grande aposta, inspirado em uma história real ligada à bolha imobiliária de 2008, concorreu ao Oscar em cinco categorias - e levou o prêmio de roteiro adaptado. Com estreia nesta quinta-feira no circuito brasileiro, o novo filme do diretor, Vice, repete a mesma fórmula: fazer graça a partir de um episódio da história norte-americana. Como resultado, a produção disputa oito estatuetas da Academia no fim de fevereiro.
O longa-metragem acompanha a trajetória de Dick Cheney na política - de Chefe de Gabinete da Casa Branca a Secretário de Defesa, até, enfim, a vice-presidência na gestão George W. Bush (2001-2009). Conforme a visão de McKay, o mundo poderia ser um tanto diferente se não fosse por algumas das intervenções do republicano.
Parceiro do cineasta em A grande aposta, Christian Bale é responsável pelo papel principal. Em seu discurso no Globo de Ouro, evento no qual venceu o prêmio de melhor ator em comédia, o artista brincou que devia a satã a inspiração para a construção do seu personagem - o que já denuncia o tratamento dado a Cheney na narrativa. Mais uma vez fisicamente transformado, Bale vive um homem fascinado pelo poder e esperto o suficiente para absorver todo tipo de informações a seu redor. O intuito é usá-las a seu favor, claro, como todo bom oportunista.
Sem entrar em pormenores, o contexto de Vice envolve a guerra ao terrorismo e uma teoria da lei constitucional norte-americana sobre o controle do Poder Executivo, entre outros temas. Assim como em seu longa-metragem anterior, o cineasta brinca com recursos diversos para tornar a história mais palatável e didática. É aí que entra o humor, embora nem sempre com sucesso. Há um final falso - a cena mais espirituosa do filme - para ilustrar uma possibilidade, e um diálogo shakespereano de ideia bem melhor do que sua execução, por exemplo. Em mais de um momento, fica a nítida sensação de que McKay abasteceu seu roteiro a partir de inspiração em memes e outras formas de fazer graça na internet.
Comédia à parte, se o objetivo era apresentar um panorama sobre a vida do retratado - embora sob um viés ideológico escrachadamente definido -, o longa-metragem o atinge. No entanto, somente a partir do recorte em questão é difícil afirmar muito sobre Dick Cheney. Em certa cena, quando o protagonista ainda está em início de carreira, crenças políticas são representadas como uma piada - algo que jamais volta à pauta. Pode-se justificar a lacuna através da visão do narrador misterioso, que enxerga o vice-presidente como a personificação dos políticos movidos apenas por interesses próprios. Mesmo assim, fica um certo vazio que torna o biografado menos interessante e complexo do que seu papel na história.
Com boas chances de ganhar seu segundo Oscar, Christian Bale consegue até humanizar o protagonista, indo do cinismo à leveza - aspecto explorado sobretudo quando relações familiares estão em jogo. Já o elenco de apoio conta com outros nomes de peso. Steve Carell interpreta o político Donald Rumsfeld, retratado como uma espécie de mentor de Cheney; Sam Rockwell está ótimo, embora pouco aproveitado, no papel de um Bush bastante condescendente; e Amy Adams faz Linney Cheney, a objetiva esposa do protagonista. Os dois últimos também concorrem ao Oscar - enquanto ele levou o prêmio de coadjuvante no ano passado, por Três anúncios para um crime, a intérprete está em sua sexta indicação, mas nunca conquistou um destaque da Academia.
O longa disputa também as estatuetas de melhor filme, direção, roteiro, montagem e maquiagem.
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