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Cultura

- Publicada em 28 de Dezembro de 2018 às 01:00

Novo filme do italiano Silvio Soldini discute belezas triviais do cotidiano

Adriano Giannini e Valeria Golino em cena do longa Emma e as cores da vida

Adriano Giannini e Valeria Golino em cena do longa Emma e as cores da vida


ARTEPLEX FILMES/DIVULGAÇÃO/JC
Caroline da Silva
Silvio Soldini é um daqueles cineastas que tem uma marca narrativa a defender. Após o sucesso de Pão e tulipas (2000), unanimidade de público e crítica, vendido em todo o mundo, um ano em cartaz no Brasil, o diretor virou referência do cinema contemporâneo italiano. Mesmo assim, não fez de seus roteiros uma fórmula e se arriscou em novos gêneros e linguagens (como adaptações e documentários). Seu novo filme, Emma e as cores da vida, preserva sua essência de roteiro (coassinado por Davide Lantieri e Doriana Leondeff) para discutir as belezas triviais do cotidiano e acrescenta elementos audiovisuais.
Silvio Soldini é um daqueles cineastas que tem uma marca narrativa a defender. Após o sucesso de Pão e tulipas (2000), unanimidade de público e crítica, vendido em todo o mundo, um ano em cartaz no Brasil, o diretor virou referência do cinema contemporâneo italiano. Mesmo assim, não fez de seus roteiros uma fórmula e se arriscou em novos gêneros e linguagens (como adaptações e documentários). Seu novo filme, Emma e as cores da vida, preserva sua essência de roteiro (coassinado por Davide Lantieri e Doriana Leondeff) para discutir as belezas triviais do cotidiano e acrescenta elementos audiovisuais.
Estrelado por Valeria Golino (que já havia trabalhado com Soldini no premiado Le acrobate, de 1997), em um papel de deficiente visual que demandou muita preparação, o título participou do 74º Festival de Veneza e da Festa do Cinema Italiano. No enredo, Teo (Adriano Giannini) é um criativo e mulherengo publicitário. Segundo o próprio, tem "o melhor trabalho do mundo". Seguro de si, chefia uma equipe em uma grande agência de comerciais e vive rodeado de aventuras. Expert em ter ideias geniais e inventar desculpas, Teo divide seu tempo entre a amante e a namorada, até conhecer Emma em um "Diálogo no escuro", programa divertido com os colegas de trabalho.
Teo não a vê, mas fica fascinado pela voz da osteopata cega, por isso a reconhece sonoramente em uma situação comum do dia a dia, em uma loja. A mulher, que perdeu a visão na adolescência, faz das suas limitações as suas melhores qualidades, utilizando os outros sentidos para interagir com o que a cerca. O publicitário fica encantado quando ela adivinha que o taxista tem barba, ou que a maçã é verde, ou se há um cachorro ou árvores no ambiente, ou se um carro é novo pelo seu cheiro. E, assim, o terrível sedutor desapegado não consegue se desvencilhar da relação à primeira vista (ou primeira percepção) simplória.
O título original da produção é Il colore nascosto delle cose. Para exemplificar como Soldini crê que as coisas escondem cores (traduzindo literalmente o nome da obra) e que cada tom tem um significado, em uma consulta do publicitário com a osteopata, o diálogo entre eles deixa claro que a cega associa as tonalidades aos objetos para completar seu sentido no contexto. Emma diz que as pessoas que enxergam são muito ligadas às aparências, e essa é uma forma de se aproximar delas.
Com essa influência, Teo muda sua visão do cotidiano, o que lhe ajuda também nas invenções para os comerciais do trabalho. A metáfora das cores do cineasta para abordar a vida é também uma ode ao fazer criativo. Emma e as cores da vida reflete sobre família, limites, tragédias, amizade, sobrevivência. Assim, como se dá em uma fala da personagem da excelente Valeria Goldino, o trabalho de Soldini "não é uma teoria, só uma livre associação de cores". O italiano colhe seus êxitos na forma cômica de narrar, próxima do espectador, com primor nas palavras e fina estética do que permanece em cena.
Caroline da Silva
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