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Cultura

- Publicada em 30 de Outubro de 2018 às 23:05

'Sou poeta desde o ventre de minha mãe', diz Maria Carpi, patrona da Feira do Livro

Autora fala sobre potencial transformador da poesia e  suas experiências no meio literário

Autora fala sobre potencial transformador da poesia e suas experiências no meio literário


MARCO QUINTANA/JC
Ricardo Gruner
Tudo tem seu tempo. Que o diga Maria Carpi, que começou a publicar livros aos 50 anos e hoje, aos 79 anos, é patrona da 64ª Feira do Livro de Porto Alegre. A poeta recebeu o Jornal do Comércio em sua casa, onde falou sobre o potencial transformador da poesia e de suas experiências no meio literário. Com início nesta quinta-feira (1º), a programação do evento pode ser acessada pela internet.
Tudo tem seu tempo. Que o diga Maria Carpi, que começou a publicar livros aos 50 anos e hoje, aos 79 anos, é patrona da 64ª Feira do Livro de Porto Alegre. A poeta recebeu o Jornal do Comércio em sua casa, onde falou sobre o potencial transformador da poesia e de suas experiências no meio literário. Com início nesta quinta-feira (1º), a programação do evento pode ser acessada pela internet.
JC Panorama - Tradicionalmente o patrono ou patrona conversa com jovens leitores ao longo da feira. O que a senhora pretende passar nesses encontros?
Maria Carpi - Que a poesia mais do que nunca é necessária. Que a poesia é cordialidade e gratidão com a vida... Saber viver em harmonia com todas as pessoas. Estamos vivendo tempos difíceis, mas já vivemos outros tempos difíceis. Saberemos sobreviver.
Panorama - Qual o papel da poesia nesse contexto?
Maria - Como eu digo sempre: a poesia é necessária mesmo para quem não escreve. E ao escrever um livro tu lanças essa mensagem de maior aptidão com a vida, de abrir o pensamento e cultivar as emoções. Quando uma pessoa diz assim: "eu não sei ler poesia"... Primeiro tu tens que cultivar as próprias emoções. Tens que te que preparar emocionalmente para encontrar a poesia. Então a tua sensibilidade ainda não amadureceu para poesia. A poesia acredita no diálogo. O maior diálogo é o da poesia.
Panorama - Hoje o que lhe motiva a escrever?
Maria - Eu sou poeta desde o ventre de minha mãe. Mas me disciplinei já madura e só fui publicar com 50 anos. É meu ritmo. Mas tudo me motiva. Qualquer assunto da vida, o entorno de mim, os temas universais. Eu me apaixono... uma professora disse que sou uma poeta temática. Me apaixono por um núcleo de pensamento e de poesia e desenvolvo esse tema como se fora uma partitura musical. Assim fiz com A migalha e a fome, Os cantares da semente. Quero, se tiver tempo paciência e saúde, reunir todos meus livros como uma visão de mundo. Junto poesia com filosofia.
Panorama - Com que frequência a senhora produz?
Maria - Meu filho Carpinejar disse: "a mãe nunca interrompeu um trabalho de poesia que estaria escrevendo para nos ajudar, nunca disse 'agora não posso porque estou escrevendo'. Aliás, nunca vi minha mãe escrevendo". Achei lindíssimo. Porque mesmo quando tu não escreves; tu escreves, tu estás pensando. Pode até estar estendendo uma roupa no varal e vem uma ideia, e você a deixa amadurecer.
Panorama - Patrona no passado, Valesca de Assis disse que o único preconceito que sofreu no meio literário foi por ter começado a escrever tarde. Você passou por alguma experiência nesse sentido?
Maria - Não. Fui muito bem recebida. Quando publiquei Nos gerais da dor já recebi um prêmio muito valioso, da Associação Paulista dos Críticos de Arte. Me deu aquele impulso. Não tive esse problema. E nem pelo fato de ser mulher. Acho que a escrita não é nem masculina nem feminina. É um ato das entranhas.
Panorama - Roupas sujas, livro de Leonardo Brasiliense que concorre ao Jabuti, usa um verso seu, de O perdão imperdoável, como epígrafe. Como é ver que seu trabalho já se tornou referência para outros escritores?
Maria - Eu amo o Leonardo Brasiliense. Ele merece estar concorrendo e deveria ganhar. Ele me deu uma honra. Eu escrevi O perdão imperdoável numa época, em que ainda estamos vivendo, de muita intolerância. Meditei sobre o perdão. Estamos vivendo uma época de muita intolerância.
Panorama - E para essa feira, algum lançamento?
Maria - Eu não tinha nada planejado. Eu digo: os milagres acontecem, ainda. Eu tinha muita vontade de publicar Uma casa no pampa. Não pensei em ser patrona, "eles não vão dar o prêmio para três nomes femininos em sequência". Aí anunciaram meu nome. Pensei "que pena que não publiquei Uma casa no pampa". E meu amigo Aquino, da editora Ardotempo, disse que o tinha na gaveta e queria publicar. Então no dia 15 de novembro vou autografar outros livros e um novo.
Panorama - É temático?
Maria - É uma poesia geográfica, ligada à nossa história. Eu sou muito poeta latino-americana. E nesse continente enorme, eu amo esse pedacinho, esse coração que é o Rio Grande do Sul.
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