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reportagem cultural

- Publicada em 25 de Outubro de 2018 às 17:24

No caminho da inclusão: acessibilidade amplia acesso ao cinema

Parte da plateia começa a sair das sombras para participar do processo inclusivo da cultura

Parte da plateia começa a sair das sombras para participar do processo inclusivo da cultura


LUIZA PRADO/JC
Seja no escuro de cinema ou no silêncio de uma peça de teatro, parte da plateia começa a sair das sombras para participar do processo inclusivo da cultura. A acessibilidade ganha corpo em diversas áreas, mas é no cinema que tem mostrado mais força no sentido de levar entretenimento a cegos, surdos ou pessoas com capacidades reduzidas.
Seja no escuro de cinema ou no silêncio de uma peça de teatro, parte da plateia começa a sair das sombras para participar do processo inclusivo da cultura. A acessibilidade ganha corpo em diversas áreas, mas é no cinema que tem mostrado mais força no sentido de levar entretenimento a cegos, surdos ou pessoas com capacidades reduzidas.
Neste sábado (27), acontece mais uma Sessão de Cinema Inclusivo - dentro do Plano Anual de Programação da Cinemateca Paulo Amorim (patrocínio do Banrisul, Icatu Seguros e Rio Grande Seguros via Lei Rouanet - MinC). Até o fim deste ano, o projeto inclui outras mostras especiais e também a reforma completa e digitalização da Sala Eduardo Hirtz (térreo da Casa de Cultura Mario Quintana - Andradas, 736).
A atração deste mês - que contará com recursos de legendas descritivas (LSE - Legendagem para Surdos e Ensurdecidos), audiodescrição (AD) e Libras (Língua Brasileira de Sinais) - é Divinas divas (melhor documentário de 2017 no Grande Prêmio do Cinema Brasileiro), estreia de Leandra Leal na direção, às 14h30min, na Sala Eduardo Hirtz. O objetivo da mostra é contemplar um público que nem sempre tem acesso às atividades culturais e atender às demandas de acessibilidades. O próximo encontro será em 1 de dezembro, em alusão ao Dia Internacional das Pessoas com Deficiência (celebrado em 3 de dezembro), com o filme Os senhores da guerra (2016), de Tabajara Ruas, com a presença do diretor e integrantes do elenco.
Apesar de a legislação brasileira já exigir a acessibilidade em vários setores culturais, o cinema ainda depende de iniciativas como esta da Casa de Cultura ou então de promoções especiais dos festivais de cinema, por falta de adequação no circuito comercial.
Conforme o atual Plano Nacional de Cultura, 100% dos aparelhos culturais devem ser plenamente acessíveis até 2020. Dados de 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontavam que 45,6 milhões de brasileiros têm algum tipo de deficiência severa (23,91% da população).
Outro belo exemplo é o Festival de Cinema Acessível Kids, organizado por Sidnei Schames, diretor da Som da Luz, empresa responsável pela realização do evento também através da Lei Rouanet. As primeiras sessões ocorreram no início do mês, no Santander Cultural, apresentando Divertida Mente (2015) com todos os recursos para cegos e surdos. No mesmo local, em 10 e 14 de novembro, será projetado outro grande sucesso, Frozen (2014).
Em relação ao cinema, a questão é mais específica. Desde dezembro de 2014, com a Instrução Normativa (IN) nº 116, a determinação era que todas as obras audiovisuais financiadas com recursos públicos federais geridos pela Ancine (via Fundo Setorial do Audiovisual) precisavam ser finalizadas com legendagem, legendagem descritiva, audiodescrição e Libras.
A regulamentação nas áreas de exibição e de distribuição viria com a IN 128, de 13 de setembro de 2016. No entanto, os prazos para essa aplicação foram sendo prorrogados com as Instruções Normativas seguintes (a 135 colocava como prazo para adaptação das empresas exibidoras novembro deste ano; mas a 145, de 8 de outubro de 2018, jogou o limite final para junho de 2019).
Se a necessidade de inclusão é apenas reconhecida pelos governos em diversas instâncias, resta mobilizar os grandes empresários das redes de cinema para uma ágil adaptação com vistas a que essa parcela da população que tem alguma deficiência (surda, ensurdecida, cega ou de baixa visão) possa escolher ao que assistir como todos os outros espectadores que têm essa opção, sem ficar reféns de promoções especiais. "As salas precisam se equipar para que as pessoas tenham esse acesso. Há um cronograma e, dependendo do tamanho do complexo da sala exibidora, tem um percentual para estar pronta, para passar a oferecer os recursos para pessoas com deficiência visual ou auditiva", explica Marilaine Castro da Costa, mestre em Comunicação Acessível pelo Instituto Politécnico de Leiria, Portugal (2017).
Ela é produtora executiva na porto-alegrense Accorde Filmes, há anos dedicada ao tema, é audiodescritora roteirista e hoje faz toda a parte de produção de recursos de acessibilidade em audiovisual. "Qual a vantagem? Tu tem amigos para ir ao cinema, mas teus amigos não querem ver um filme com audiodescrição, mas tu precisas dela. Daí tu vais estar junto com eles, vais usar teu fone (ou o que for) e vais ouvir tua AD, e eles vão assistir sem os recursos, caso não queiram. A forma como isso vai ser oferecido é que está em discussão", explica a pesquisadora sobre a inserção no mercado comercial.
Marilaine - que produziu os recursos de acessibilidade para Os senhores da guerra (assinou o roteiro de AD; já as legendas descritivas e Libras foram feitas pela Iguale Comunicação de Acessibilidade) - começou a se aventurar na legendagem para surdos, por ter tido dificuldade de encontrar profissionais locais disponíveis. "Vários filmes em Gramado este ano tiveram LSE."
No ano passado, ela exibiu o longa em documentário Todos, sobre a questão da acessibilidade, no Festival de Gramado. Em 2018, por sinal, o evento teve sua edição mais inclusiva da história.

Cinema acessível em Gramado

O diretor Marcelo Galvão com os atores de Colegas (2013), premiado filme exibido com audiodescrição em Gramado

O diretor Marcelo Galvão com os atores de Colegas (2013), premiado filme exibido com audiodescrição em Gramado


ITAMAR AGUIAR/PRESSPHOTO/DIVULGAÇÃO/JC
O mais recente Festival de Cinema de Gramado teve sua edição mais acessível da história, contando com Libras em todas as cerimônias, apresentando maior números de títulos em competição - curtas e longas - com recursos (como legendas descritivas e audiodescrição) e ainda uma Mostra Acessível nas sessões da tarde do Teatro Elisabeth Rosenfeld.
O cineasta Aly Muritiba, que ganhou o Kikito de melhor filme nacional com Ferrugem, destacou a importância deste fato ao agradecer o troféu: "Incrível mostrar este filme neste momento histórico de discussão, e sair daqui premiado, é genial, muito obrigado a Gramado. Foi muito especial esta edição por causa dessa questão da acessibilidade".
O prefeito de Gramado, João Alfredo Bertolucci (conhecido por Fedoca), participou das sessões especiais, inclusive utilizando os tapa-olhos para ter a experiência total da audiodescrição. Já o presidente da Gramadotur, Edson Néspolo, na coletiva de balanço da 46ª edição do festival, ressaltou as 12 sessões com recurso de inclusão: "Temos muito a avançar ainda, ano que vem temos um desafio de que todos os longas da competição estejam adequados com acessibilidade. O Festival de Cinema nesse ano foi vanguarda e deu um passo grande, para o ano que vem, queremos dar um passo ainda maior".
A primeira exibição com audiodescrição no festival gaúcho foi em 2007, mas fora de competição, com o longa Saneamento básico - o filme, de Jorge Furtado. Entre os concorrentes, a estreia ocorreu com Colegas, de Marcelo Galvão, em 2012. A audiodescrição, produzida pela Tagarelas Produções, realizou-se em uma cabine de tradução simultânea.
O filme do diretor mostrava a história de três personagens com Síndrome de Down, que fogem do instituto onde vivem em busca de seus sonhos - e sagrou-se vencedor da edição. Também atuante no teatro, a audiodescritora roteirista e narradora Letícia Schwartz, da Mil Palavras, brinca que a AD é "pé quente" nas mostras competitivas de cinema. Desde lá, Galvão ficou relacionado ao tema da acessibilidade, e exibiu todos os seus longas com o recurso em Gramado.
 

Uma massa de gente como espectadores

Marilaine Castro, da Accorde Filmes

Marilaine Castro, da Accorde Filmes


MARCO QUINTANA/JC
Ainda em 2017, em Gramado, na mostra de longas gaúchos, foi exibido Todos, de Luiz Alberto Cassol e Marilaine Castro da Costa, de forma totalmente acessível: com Libras, audiodescrição e legendas descritivas. O filme discute justamente a questão da acessibilidade ao contar a história de Felipe, um homem com deficiência visual. O título é da Accorde Filmes.
Como Marilaine é produtora executiva da empresa, naturalmente o sócio e diretor Paulo Nascimento também se aproximou do tema. "A Mari estava fazendo mestrado em Portugal sobre acessibilidade e trouxe este assunto para dentro da produtora. Descobri um mundo novo quando fiquei sabendo o número de cegos e de deficientes auditivos. Quanto mais conheci essas pessoas, fui me interessando mais, que acabei fazendo um filme sobre isso, Teu mundo não cabe nos meus olhos (2018)", analisa Nascimento. "E vimos o absurdo, a discrepância de não ter essa massa de gente como espectador."
Ele lembra que no início a tecnologia não acompanhava a ideia de contemplar esse público: "A primeira experiência real que tivemos foi com A Oeste do fim do mundo, com audiodescrição ao vivo, em Gramado, em 2013. Tivemos mais de 100 interessados naquela noite, quando dispusemos 60 ingressos achando que não chegaríamos nem perto. O que temos hoje de gente querendo assistir cinema ou televisão com recursos de acessibilidade é quase a população da Argentina, chega perto dos 30 milhões. E são pessoas economicamente ativas, que estão cada vez mais no mercado".
Nascimento concorda que o roteiro da audiodescrição é um novo fazer artístico. "É uma interferência na obra, por isso tem técnica. Achar um bom audiodescritor é como achar um bom fotógrafo, um bom figurinista, diretor de arte, faz parte do filme, é integrado a ele", reflete.
O mercado da acessibilidade no Rio Grande do Sul é marcado por parcerias entre as empresas, segundo Letícia Schwarz, afirmando que não existe concorrência, mas interação. Ela já fez trabalhos de audiodescrição e legendagem para filmes de fora do Estado, contratada pela Ovni Acessibilidade Universal, empresa que normalmente trabalha com o Festival de Cinema de Gramado, e também já fez legendagem para a Accorde, além de trabalhar sempre com a intérprete para surdos Ângela Russo.
Estreia desta semana, A cabeça de Gumercindo Saraiva, novo longa de Tabajara Ruas, tem seus recursos de acessibilidade: Marilaine escreveu o roteiro de audiodescrição e Ângela faz tradução e interpretação de Libras.

Música com novo público

Filha da audiodescritora, roteirista e locutora Marcia Caspary (da Tagarelas Produções), que teve muita atuação em Porto Alegre, inclusive promovendo oficinas de audiodescrição na Feira do Livro, a cantora Luiza Caspary inova e lança música acessível. Entrou neste mês nas plataformas de streaming o primeiro single de seu novo disco.
No videoclipe da faixa Sinais, ela canta e faz os gestos de Libras (Língua Brasileira de Sinais). A tradução desta canção foi feita por Ângela Russo, aqui do Rio Grande do Sul. Como Luiza está morando em São Paulo há anos, uma profissional de lá (Naiane Olah) fará a revisão dos recursos. Ainda há LSE (Legenda para Surdos e Ensurdecidos) em tela cheia simultaneamente à interpretação musical. O resultado pode ser conferido no YouTube.
O álbum tem nove canções autorais e inéditas que serão apresentadas uma por vez, mês a mês, por meio de diferentes canais na internet. Luiza tem como uma de suas principais propostas produzir música acessível a surdos e ensurdecidos, tanto que cada faixa de Mergulho terá os mesmos recursos.
De acordo com a cantora - que também é localizadora (ou popularmente, "dubladora") de games - é nisso que consiste o diferencial do seu trabalho, ao incorporar um novo conceito de pensar acessibilidade de forma mais artística. "Por padrão, a Libras é inserida por meio de uma pequena janela no contexto de um vídeo principal. Eu quis que a linguagem de sinais ocupasse toda a tela e com isso se tornasse protagonista daquela narrativa", explica.
A intérprete Ângela Russo afirma que já há uma discussão sobre a nomenclatura de acessibilidade cultural entre os deficientes auditivos. Muitos optam por chamar os recursos de direito linguístico das pessoas surdas, já que Libras é uma língua oficial do País.

De apreciador a crítico de cinema

Caxiense Lucas Borba mora em São Paulo e já cobriu festivais como Gramado

Caxiense Lucas Borba mora em São Paulo e já cobriu festivais como Gramado


ARQUIVO PESSOAL/DIVULGAÇÃO/JC
O Jornal do Comércio conversou com o crítico de cinema Lucas Borba, caxiense que mora em São Paulo, do canal Câmera Cega no YouTube. Formado em Jornalismo pela UCS, Borba é deficiente visual e chegou a fazer cobertura do Festival de Cinema de Gramado em edições anteriores e participava de cabines de imprensa no Estado.
JC Viver: Como espectador e agora crítico de cinema, quando a audiodescrição (AD) de filmes entrou na tua vida?
Lucas Borba: Assisti a muitos filmes, desde a infância. Sempre gostei muito de histórias, acho que de uma maneira mais intensa quando falamos de cinema e televisão. Vi desenhos, depois comecei a me interessar por leitura, e assim fui criando meu referencial. Tenho consciência que a minha realidade, pelo menos no Brasil, pelo que consegui perceber até hoje, é uma realidade muito rara para uma pessoa com deficiência visual. Eu sempre gostei muito de cinema, mesmo quando ainda não tinha acessibilidade no nosso País. Eu enxerguei um pouco, na verdade, até os 12 anos de idade: cores e vultos, com o olho praticamente colado naquilo que eu queria visualizar. Sempre utilizei o Braille (sistema de escrita tátil) de criança, nunca consegui ler com letra ampliada.
Viver: A experiência com as obras audiovisuais foi amplificada de que forma após a entrada dos recursos de acessibilidade?
Borba: Comecei a interagir com audiodescrição entre 2010 e 2011, quando se iniciou sua disseminação pelo País. Lembro que me chamou muito a atenção. Os horizontes começam a se abrir para que as pessoas tenham um acesso a todo conteúdo da obra, inclusive o visual.
Viver: E quando começas a ser consultor na área?
Borba: Talvez o fato de eu não lembrar do primeiro contato foi porque eu era usuário, somente. Posteriormente, no final de 2014 e início de 2015, é que eu realmente comecei a estudar a audiodescrição no intuito de poder me dedicar também à consultoria: ajudar roteiristas a validarem seus textos de AD.
Viver: Como é uma boa audiodescrição? O que o roteiro deve ter?
Borba: Hoje, como alguém que fez cursos na área e realizou trabalhos de consultoria, eu diria para você que uma boa audiodescrição é aquela que busca seguir as diretrizes que são senso comum, não só em termos de Brasil, mas em âmbito internacional. Acho que o mais importante de tudo é que haja um respeito ao espectador, ou seja, que se busque uma AD com bastante objetividade, tentando evitar o máximo possível a questão interpretativa. É importante que sempre busquemos oferecer ferramentas para que o espectador chegue a suas próprias conclusões, assim como o restante do público.
Viver: Pode exemplificar?
Borba: Ao invés de dizer que uma pessoa está triste, pode-se buscar um vocabulário dentro do glossário para levar a pessoa àquela conclusão - por exemplo, conta que o personagem está cabisbaixo. Esse é o grande desafio. É muito fácil, às vezes, cair na questão interpretativa, até pela questão do tempo, tem que ser muito sucinto. Uma coisa que sempre ajuda muito é seguir o tom da obra: um filme do Steven Spielberg tem uma certa linguagem, é dirigido para um certo público; e um do Almodóvar é para outro, tem outras marcas.
Viver: A locução tem orientações específicas?
Borba: É bacana que seja condizente com a própria concepção da AD, que se busque uma neutralidade, mas que dialogue com o tom da obra. Claro que se for um filme de suspense ou terror, você vai buscar na locução um tom mais grave; se for comédia, ela é mais aguda, mais leve. Quanto mais profissional for a locução, melhor tende a ser qualidade que se vai obter para o produto final.
Viver: Qual o motivo da mudança de Caxias do Sul para São Paulo?
Borba: Justamente pela minha busca de trabalho. Na verdade, meu grande desejo em termos profissionais, como jornalista, é me dedicar mais à produção cultural. Me sentiria muito realizado podendo atuar em veículos como, por exemplo, Adoro Cinema ou como o site Omelete. Então, decidi migrar para a capital paulista, consegui uma oportunidade inicial na Fundação Dorina Novill para Cegos (Assistente de Comunicação). Paralelamente, continuo alimentando meu canal.
Viver: Como tu avalias a evolução da AD no País?
Borba: Aos pouquinhos, estamos conseguindo consolidar o recurso, ainda que de forma gradual. Já tivemos uma grande vitória em termos de TV aberta, com a Portaria nº 188 (do Ministério das Comunicações, que obrigou as emissoras a ampliarem de 2h para 4h semanais a programação audiodescrita). Agora, estamos na luta para a inserção da audiodescrição no cinema, vamos ver se a Ancine baterá o martelo neste ano ou se vão prorrogar novamente (o que se comprovou após a realização da entrevista). Eu penso que será uma grande conquista, porque o cinema é um espaço de muita visibilidade. Há pessoas com deficiência visual que poderiam estar desfrutando desses recursos, mas nem sabem como fazê-lo. O cinema deve ajudar nessa questão do boca a boca para chegar às classes menos favorecidas, que não podem ir ao cinema com frequência ou que nunca foram. Em termos profissionais, acredito que o mercado irá se fortalecer.

Filmes gaúchos acessíveis

Relação de alguns títulos marcantes de obras audiovisuais produzidas no Rio Grande do Sul nesta última década que contaram com recursos de acessibilidade. Alguns deles contaram com as profissionais ouvidas nesta reportagem: Marilaine Castro da Costa (audiodescritora roteirista, produção de acessibilidade para cinema e LSE - legendas descritivas para surdos e ensurdecidos), Letícia Schwartz (roteiro e narração de audiodescrição e legendagem - algumas vezes em parceria com a Ovni Acessibilidade Universal) e Ângela Russo (intérprete de Libras).
• Saneamento básico, o filme (2007)
• Antes que o mundo acabe (2009)
• Em teu nome (2010)
• Menos que nada (2012)
• Simone (2013)
• A Oeste do fim do mundo (2014)
• Os senhores da guerra (2016)
• Another Forever (2017)
• Música para quando as luzes se apagam (2017)
• Teu mundo não cabe nos meus olhos (2018)
• A superfície da sombra (2018)
• A cabeça de Gumercindo Saraiva (2018)

Informações on-line sobre audiodescrição