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reportagem cultural

- Publicada em 27 de Setembro de 2018 às 21:52

Donaldo Schüler analisa o legado grego para a literatura e democracia

Em seu novo livro, Donaldo Schüler conecta a cultura grega ao mundo contemporâneo

Em seu novo livro, Donaldo Schüler conecta a cultura grega ao mundo contemporâneo


LUIZA PRADO/JC
Donaldo Schüler, professor aposentado de língua e literatura grega da Ufrgs, acaba de lançar Literatura grega: Irradiações, volume de 304 páginas editado pelo Ateliê Editorial, com sede em Cotia (SP). É seu 24º livro de ensaios, o gênero predominante numa obra composta, ainda, por 11 traduções, sete ficções, dois volumes de poesia e dois de literatura infantil (ver lista completa na página central), além de uma incontável produção de artigos, conferências e palestras registrada no Currículo Lattes.
Donaldo Schüler, professor aposentado de língua e literatura grega da Ufrgs, acaba de lançar Literatura grega: Irradiações, volume de 304 páginas editado pelo Ateliê Editorial, com sede em Cotia (SP). É seu 24º livro de ensaios, o gênero predominante numa obra composta, ainda, por 11 traduções, sete ficções, dois volumes de poesia e dois de literatura infantil (ver lista completa na página central), além de uma incontável produção de artigos, conferências e palestras registrada no Currículo Lattes.
Erudito de 86 anos completados em 25 de setembro, Schüler faz em Irradiações uma releitura-síntese da cultura grega, mas sem se circunscrever aos fatos de dois milênios atrás. Em vez de se isolar na antiguidade, ele estabelece conexões entre narradores gregos e autores medievais (Cervantes e Shakespeare, por exemplo) ou modernos (Samuel Beckett e Guimarães Rosa, entre outros), mostrando que o mundo contemporâneo dá continuidade às mais remotas formas de expressão desenvolvidas na Grécia de outrora.
"O grande legado grego é a democracia, construída a partir do confronto de ideias", afirmou Schüler a uma plateia de 50 pessoas presentes ao lançamento do livro, na noite de 28 de agosto passado, no Instituto Ling, em Porto Alegre. Conceito que ele completaria depois em entrevista a este jornal: "Atualmente, não há debates de ideias, mas a tentativa de impor pensamentos baseados na paixão, não na razão".
Ao comentar a interconexão do presente com o passado, Schüler não vacila em dar toques pessoais sobre as contradições e os impasses da vida contemporânea. "Estamos vivendo um momento muito rico no Brasil", disse ele, salientando que, "em pleno exercício da democracia, corremos o risco de cair no totalitarismo".
Em outras palavras, similarmente à vida das pessoas, que vão mudando do nascimento à morte, a democracia é um processo em risco permanente de colapso. Daí a atualidade da lição sobre os pilares históricos da vida republicana. "O mundo grego é muito maior do que a Grécia", escreve Schüler na página 52 do seu livro.
Ao contrário do que à primeira visita se poderia supor, o livro (vendido a R$ 55,00) oferece uma leitura bastante confortável. Primeiro porque, apesar de apresentar os textos em corpo 10, seu entrelinhamento é folgado, empilhando apenas 31 linhas por página no formato 14 x 21 cm. O mais significativo, porém, é que a prosa de Schüler, feita de frases curtas que avançam com segurança no cipoal de conceitos e ideias da cultura grega, é surpreendentemente livre de hermetismos ou obscuridades.
Caso raro de um erudito se esforçando para ser didático em lições extremamente objetivas e pragmáticas, Irradiações desenvolve-se como uma série de crônicas de viagem ao mundo de Sócrates, Platão e outros monstros sagrados do pensamento grego. A referência central é Homero, criador dos poemas épicos Ilíada e Odisseia, autor que talvez tenha sido, como supõem alguns estudiosos, um sintetizador de fábulas imemoriais advindas de tempos em que a escrita ainda nem fora inventada.
Nessa incursão mirabolante à Grécia, Schüler vai jogando luz sobre figuras lendárias que conhecemos do teatro, da literatura e da própria história, mas cujo contexto desconhecemos e frequentemente confundimos.
Afinal, quem era quem naquele mundo propício à fabulação e à mitologia? Aquiles foi um herói de verdade ou inventado por Homero? Penélope foi mulher de carne e osso ou apenas uma lenda criada por um gênio? Perseu era personagem ou foi um autor?
Eis aqui o grande mérito de Irradiações: ele resenha todos os criadores mais relevantes do mundo grego. Sua leitura oferece uma rara oportunidade de se conhecer: 1) Heródoto e mais sete historiadores; 2) Pindaro e mais 17 poetas líricos; 3) oradores como Demóstenes e outros três ícones de palavra falada; 4) teatrólogos como Sófocles e mais cinco especialistas em tragédias; 5) e o grupo mais numeroso: o dos pensadores, que Schüler divide em cinco categorias (pensadores da Natureza, do Estado, da Criação, do Mistério da Vida e do Torvelinho das Transformações), somando mais de 30 nomes, com destaque para Tales, Pitágoras, Sócrates, Epicuro, Diógenes, Platão, Aristóteles e Heráclito.
Em sua costura histórica, Schüler alinha até nomes da cultura grega moderna, com destaque especial para Nikos Kazantzákis (1883-1957), autor de uma nova Odisseia "que lembra o fluxo sem princípio nem fim" de Finnegans Wake, romance do irlandês James Joyce (1882-1941), que o próprio Schüler traduziu para o português. Outras referências da Grécia moderna citadas por Schüler: o cineasta Costa Gravas, o historiador Micael Psellos e o filósofo Kostas Axelos. São poucos, aparentemente.
A propósito da pouca visibilidade da Grécia atual no mundo contemporâneo, o professor da Ufrgs lembra que o país helênico tem 20 milhões de habitantes no seu território e outros 10 milhões de patrícios espalhados pelo mundo. Todos fiéis ao espírito consagrado pelo poeta Konstantinos Kaváfis (1863-1933) no poema sobre o significado da ilha de Ítaca no imaginário de gregos e troianos - com 38 versos, esse poema é usado por Schüler como fecho de seu livro.

Viagem à matriz artística do Ocidente

Sócrates é um dos alicerces do pensamento grego

Sócrates é um dos alicerces do pensamento grego


PIXABAY/DIVULGAÇÃO/JC
O livro Irradiações é o legado supremo de um professor que se esmerou em demonstrar como as sacadas dos antigos se perpetuam nas obras artísticas dos seus continuadores. Ressaltando a importância de todas as formas de narrativa - literatura, teatro, história, oratória -, Schüler deixa claro que a Grécia é a matriz artística do Ocidente, cabendo a Platão o título de inventor do conceito de república, forma de governo fundada na razão - daí a ideia platônica de que o governo deve ser exercido pela elite sábia, mas com tudo se decidindo pelo voto, após esgotados os debates pertinentes, sem voz nem voto dos escravos.
"A conversa é a base da democracia ocidental, assim como o silêncio é a tônica da cultura oriental", afirma Schüler, destacando que "cabe aos humanistas resgatar a História", sobretudo nos momentos em que a razão parece naufragar nas águas do sectarismo ou de outros ismos perversos. Ele cita como exemplo mais desastroso hoje o caso do presidente norte-americano Donald Trump, que se comporta como o comandante de "um império militarizado desde a Segunda Guerra Mundial".
Não há como negar que conceitos criados pelos gregos - dialética, essência, ética, política e ser, entre outros - estão presentes na obra de clássicos recentes, como Descartes e Heidegger, herdeiros de descobertas gregas transfiguradas no pragmatismo cartesiano. Procedimentos narrativos de Homero são reelaborados na prosa de Guimarães Rosa. Até na literatura de cordel se encontram elementos da literatura grega, afirma Schüler. Do romance, o gênero sem limites, encontram-se prenúncios nas invenções literárias de Platão. O encadeamento de episódios e a imaginação de historiadores como Heródoto, Xenofonte e Plutarco preparam o caminho para o romance histórico. O romance psicológico se anuncia nos conflitos interiores de Sófocles e Eurípedes. O romance de costumes mostra-se embrionariamente na comédia nova e no discurso forense.
"O teatro, invenção grega, discute o destino humano", observa Schüler, lembrando que o tema supremo do destino está presente na dramaturgia de diversos autores como Shakespeare (1564-1616). Ele destaca a atualidade da peça Esperando Godot, de Samuel Beckett, apresentada pela primeira vez em 1953. Num palco nu, dois pobres seres humanos nada fazem porque estão "esperando Godot", neologismo criado a partir da palavra Deus em inglês.
Nada mais contemporâneo: Godot é um símbolo literário do "salvador da pátria" que, todos esperam, virá para tirar as pessoas do sufoco, da desesperança e da miséria.

Cão fiel à cultura grega

Platão é considerado 
o criador do conceito 
de república

Platão é considerado o criador do conceito de república


/PIXABAY/DIVULGAÇÃO/JC
Quando visitou a Grécia pela primeira vez, Donaldo Schüler se impressionou com o afeto das pessoas pelos cães de rua. Viu nisso um liame com Argos, o cachorro de Odisseu, símbolo da fidelidade. Quando retorna à ilha de Ítaca, sua terra natal, após 20 anos devotados à guerra contra Troia, o herói homérico é reconhecido pelo seu cão já cego que o identifica pelo faro. Após o reencontro, o animal fecha os olhos e, acomodando-se como para dormir, morre serenamente.
Há mais de uma metáfora nesse causo em que Schüler se reporta ao poder narrativo de Homero. Ítaca é não apenas a ilha natal de Odisseu, mas o símbolo universal do eterno ir atrás dos sonhos e do voltar em busca da serenidade do final da vida. Bem a propósito, aparece na última página do novo livro de Schüler o poema em que Konstantino Kaváfis, grego de Alexandria, repassa a mensagem da Odisseia.
Para esse poeta moderno, falecido em 1933 aos 70 anos, antes de voltar a Ítaca (o guerreiro, o leitor, o viajante) deve "espichar o trajeto"; "aprender de quem sabe" e permitir que "a volúpia perfumada bata nos limites do que pode fruir".
O final do poema refere-se ao retorno a Ítaca após uma viagem espichada, sem pressa para voltar:
"Não esperes de Ítaca régia recompensa.
Ítaca te proporcionou rota fulgurante.
Não te terias posto a caminho sem ela.
Ítaca já te deu o que tinha para te dar.
Mesmo que te saibas pobre, Ítaca não zombou de ti.
Opulento de saber e experiência,
terás compreendido o que Ítacas representam."
Não há dúvida sobre por que Schüler fechou o livro com o poema de Kaváfis. De certa forma, o poeta o representa. Com boa saúde aos 86 anos, o professor reconhece estar no fim da vida, mas permanece aparentemente sereno. "Não tenho medo da morte, só não gostaria de sofrer alguma dor", relata, lembrando que, naturalmente, já passou por alguns riscos de vida. Na maturidade venceu um câncer de pele, mas, provavelmente, nenhum sofrimento se compara aos que sofreu na infância.
Nascido em 1932 em Videira (SC), filho do comerciante Alvin Schüler, originário de Dois Irmãos, perdeu a mãe com dois anos de idade. Filho único, teve duas madrastas que lhe deram quatro irmãos. Ao oito anos, quando passava uma temporada em Estância Velha na casa da família Frank (de uma das madrastas), sofreu uma crise de crupe (infecção das vias respiratórias) da qual escapou graças a um médico que viajou a Porto Alegre em busca da injeção salvadora.
Em 1945 foi matriculado no internato do Concórdia, colégio luterano de Porto Alegre, onde morou até concluir o curso secundário. Ingressou então na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), cursou Letras, se tornou auxiliar de ensino e, depois, professor concursado. Seu professor de grego, a quem sucedeu na cadeira de língua e literatura grega, era Jorge Paleika, europeu natural da Letônia.
A vida toda Schüler deu aulas sobre a cultura grega, mas sempre buscando conexões com as épocas posteriores. "Estabelecer pontes é uma peculiaridade minha", explica ao JC.
Em sua carreira acadêmica, nunca foi militante político como outros professores que chegaram a ser perseguidos e banidos da universidade pelo regime militar. Sua atuação limitou-se à universidade e aos redutos acadêmicos vizinhos. Por um semestre morou no Canadá para lecionar e deu conferências em diversos países.
Após a aposentadoria compulsória, intensificou as palestras. Em 2004, foi patrono da 50ª Feira do Livro de Porto Alegre e participou do Fronteiras do Pensamento 2013. Fora as aulas por décadas a centenas de alunos, seu principal legado se condensa em 24 livros de ensaios e 11 traduções, entre obras de gregos e, especialmente, do irlandês James Joyce, festejado autor de Ulisses, versão moderna da Odisseia de Homero. Com a tradução de Finnegans Wake, de Joyce, Schüler ganhou o Prêmio Jabuti de 2004.
Donaldo Schüler vive no 15º andar de um prédio em frente ao Parque Germânia, no Jardim Europa, onde costuma receber a visita das Musas e de sua descendência. São três filhas. Lavínia é médica; Lívia, arquiteta; Lisiane, publicitária. O filho, João Paulo, trabalha com informática.
 

Trechos de Irradiações, novo livro de Donaldo Schüler

"No centro do universo encontra-se o homem e em torno dele gira a ação. Compreendemos assim os heróis, homens que se destacam na atuação sobre o mundo e no relacionamento com as ações. A excelência do herói brilha em duas esferas: no destro manejo das armas e na habilidade de falar. Guimarães Rosa, preocupado em colocar o jagunço Riobaldo no caminho da heroicidade, leva-o a proferir um discurso de centenas de páginas." - Página 24
"Os escritores latino-americanos da segunda metade do século passado repetiram, libertos do confinamento realista, a homérica incorporação do fantástico." - Página 27
"Do romance, o gênero sem limites, encontram-se prenúncios nas invenções literárias de Platão. O encadeamento de episódios e a imaginação de historiadores como Heródoto, Xenofonte e Plutarco preparam o caminho para o romance histórico. O romance psicológico se anuncia nos conflitos interiores de Sófocles e Eurípedes." - Página 90
"A palavra move e comove. O valor do discurso está na eficácia, provoca ações. Frases entrelaçam-se em veículos para sentimentos e ideias. A verdade é decidida pelo voto da maioria." - Página 163
"Para Sócrates, devastador de hegemonias, a democracia desenvolve-se como uma comunidade de falantes que se empenha na busca da verdade, sem outra autoridade senão a da palavra. Não foi a democracia que matou Sócrates, mas os detratores dela. Não eram democratas porque, preocupados com vantagens pessoais, não lhes interessava o bem comum." - Página 166
"A verdade não é privilégio de um grupo reduzido de eleitos, envolve todos os que estão sinceramente empenhados em buscá-la, o esforço coletivo dos que dialogam propicia avanços negados ao investigador solitário. O fato de muitos diálogos permanecerem inconclusos e de os mesmos assuntos serem reexaminados reflete busca incansável. O diálogo platônico apresenta agilidade e sutileza, a originalidade com que Platão arma o diálogo o faz poeta, poesia e saber impregnam a política. Se não estamos no Estado em que gostaríamos de estar, esforços metódicos e continuados poderão aproximar-nos dele." - Página 169 (sobre Platão)
"A leitura da Política desconcerta: assuntos interrompidos, afirmações ousadas, posições conflitantes. O diálogo já não obedece à disciplina platônica, a teatralidade se retirou, os parágrafos avançam em tom de conversa, afirmações pairam soltas. A espontaneidade aristotélica sugere o ensaio. A Política repousa sobre quatro bases: a natureza não faz nada em vão, o homem é ser político, o homem é o ser que tem o discurso, meta do homem é viver bem." - Página 170 (sobre Aristóteles)
"Duas instituições contribuíram para o desenvolvimento da oratória: o tribunal e a assembleia popular. (...) A assembleia pública é tão antiga como a Ilíada. O canto inaugural da epopeia de Homero opõe dois oradores inflamados, Aquilo e Agamênon, diante de soldados reunidos. (...) O florescimento da democracia ateniense estimulou a oratória forense. Os oradores mais inflamados escreveram centenas de discursos para clientes envolvidos em variados processos..." - Página 213

Das palavras aos dados

Na apresentação oral do livro Irradiações, Schüler explica a centralidade da palavra no mundo grego antigo: "A narrativa oral ou escrita é uma forma de comunicação. A criança se conhece primeiramente ao se ver no espelho. Depois, pela palavra (é por isso que as crianças gostam de histórias)".
Em seguida, o escritor lembrou o quanto a palavra está no centro de todo tipo de relações humanas: "O paciente se narra ao psicanalista. A subjetivação permite a invenção, mas as verdades são mutantes. Eu, por exemplo: é a primeira vez que tenho 86 anos, a cada momento eu mudo. Sou, portanto, incompleto". Avançando mais, o professor introduz uma novidade: "Há teóricos dizendo que a narrativa acabou. Na realidade, houve uma mudança das palavras para os dados. As novas gerações foram tomadas pelos dados".
Lembrando que as narrativas só funcionam se contarem com os leitores/receptores - o que vale tanto para a literatura como no teatro, na política e em todas as formas de comunicação -, Schüler ensina que a democracia é uma via de duas mãos: os cidadãos elegem seus representantes, que devem honrar seus mandatos. Por mais complicado que se torne o processo político, "a saída do caos tem que ser democrática", afirma, abrindo uma exceção para focar a realidade atual: "nós estamos num contexto totalitário. A vida privada acabou. O telefone celular é um instrumento de comunicação pessoal que pode ser usado para nos vigiar. Marcuse dizia que as máquinas realizam o que os escravos faziam, mas o fato é que nós viramos escravos das máquinas", afirma, e conclui: "Cabe aos humanistas resgatar as verdades da História".
 

Obra literária de Schüler

Ensaio
  • Aspectos estruturais na Ilíada. Porto Alegre. Ufrgs (1972)
  • Carência/Plenitude. Porto Alegre. Movimento (1976)
  • Plenitude perdida. Porto Alegre. Movimento (1978)
  • A dramaticidade na poesia de Drummond. Porto Alegre. Ufrgs (1979)
  • A palavra Imperfeita. Petrópolis. Vozes (1979)
  • A poesia modernista no RGS. Porto Alegre. Movimento (1982)
  • A prosa fraturada. Porto Alegre. Ufrgs (1983)
  • Literatura grega. Porto Alegre. Mercado Aberto (1987)
  • A poesia no RGS. Porto Alegre. Mercado Aberto (1987)
  • Eduardo Guimarães. Porto Alegre. SEC/IEL (1986)
  • Teoria do romance. São Paulo. Ática (1989)
  • Eros: dialética e retórica. São Paulo. EDUSP (1992)
  • Narciso errante. Petrópolis. Vozes (1994)
  • Um lance de nadas na épica de Haroldo. Ponta Grossa. UEPG (1997)
  • O homem que não sabia jogar. Porto Alegre. Movimento (1998)
  • Heráclito e seu (dis)curso. Porto Alegre. L&PM (2000)
  • Na conquista do Brasil. São Paulo. Ateliê (2001)
  • Origens do discurso democrático. Porto Alegre. L&PM (2002)
  • A construção da Ilíada. Porto Alegre, L&PM (2004)
  • Fronteiras e confrontos. Porto Alegre. Braskem/Movimento (2009)
  • Afrontar fronteiras. Porto Alegre. Braskem/Movimento. (2012)
  • Abismados em amor. Porto Alegre. Braskem/Movimento (2013)
  • Joyce era louco? São Paulo. Ateliê (2017)
  • Literatura grega: irradiações. São Paulo. Ateliê (2018)
Ficção
  • A mulher afortunada. Porto Alegre. Movimento (1982)
  • O tatu. Porto Alegre. Movimento (1983)
  • Chmarrita. Porto Alegre. Movimento (1985)
  • Faustino. Porto Alegre. Mercado Aberto (1987)
  • Pedro de Malas Artes. Porto Alegre. Movimento (1992)
  • Império caboclo. Porto Alegre. Movimento (1994)
  • Refabular Esopo. Rio de Janeiro. Lamparina (2004)
Literatura Infantil
  • O astronauta (em parceria com João Paulo). Porto Alegre. L&PM (1985)
  • Finnício Riovém. Rio de Janeiro. Lamparina (2004)
Poesia
  • Martim Fera. Porto Alegre. Movimento (1984)
  • "A essência da mulher". In Mulher em Prosa e Verso. Porto Alegre. Movimento (1988)
Tradução
  • Antígona. Sófocles. Porto Alegre. L&PM (1999)
  • Finnegans Wake. James Joyce. Ateliê, seis volumes (1999/2003)
  • Édipo em Colono. Sófocles. L&PM (2003)
  • Sete contra Tebas. Ésquilo. L&PM (2003)
  • Édipo rei. Sófocles. Rio de Janeiro. Lamparina (2004)
  • As fenícias. Eurípedes. L&PM (2005)
  • Odisseia. Homero. L&PM, três volumes (2007)