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Cultura

- Publicada em 02 de Julho de 2018 às 21:46

Francesa Catherine Millet critica movimentos feministas

Conferência do Fronteiras do Pensamento recebeu escritora Catherine Millet

Conferência do Fronteiras do Pensamento recebeu escritora Catherine Millet


MARIANA CARLESSO/JC
Amanda Jansson Breitsameter
Quais são os limites do movimento feminista? Até que ponto o papel das redes sociais na disseminação desse movimento traz benefícios, e quando passa a ser excessivo e desviante? Esses temas podem não ser simples à primeira vista, mas foram abordados sem meias-palavras pela crítica de arte e escritora francesa Catherine Millet, palestrante desta segunda-feira (2), no Salão de Atos da Ufrgs, durante sessão do Fronteiras do Pensamento.
Quais são os limites do movimento feminista? Até que ponto o papel das redes sociais na disseminação desse movimento traz benefícios, e quando passa a ser excessivo e desviante? Esses temas podem não ser simples à primeira vista, mas foram abordados sem meias-palavras pela crítica de arte e escritora francesa Catherine Millet, palestrante desta segunda-feira (2), no Salão de Atos da Ufrgs, durante sessão do Fronteiras do Pensamento.
Coautora do Manifesto das Mulheres Francesas - documento publicado no jornal Le Monde em janeiro e que fez contraponto ao movimento #MeToo -, Millet tem uma reputação polêmica que a precede. Ao criticar a ação que surgiu por meio do uso da hashtag nas redes sociais, buscando denunciar e coibir casos de assédio e abuso sexual, ela assinou um texto no qual defende “a liberdade de importunar”, a qual considera parte da herança da revolução sexual.
Millet classificou o papel de destaque dado às mulheres do movimento como parte da atual “ditadura do ressentimento”, que privilegia o impacto psicológico e dificulta uma abordagem legal, do ponto de vista do Direito, aos casos denunciados. “Esses movimentos iniciados em redes sociais são replicados pela imprensa e fazem com que o ressentimento de alguns indivíduos acabe regulamentando a opinião de todos os outros”, defende.
Para a escritora, as redes sociais viraram uma espécie de “praça pública” em que homens são julgados constantemente, gerando reações desproporcionais. “Como comparar mulheres que ouviram comentários machistas e mulheres que sofreram abuso sexual de fato?”, indaga, diferenciando violência verbal de violência física e defendendo inclusive que a violência verbal é capaz de servir como substituição à fisica, evitando que esta, mais violenta, de fato ocorra.
Renegando palavras já tradicionais do movimento feminista, como “sororidade”, Millet não se acanha em fazer críticas fortes ao que chama de “feminismo radical”. “O que essas mulheres querem é algo utópico: criar homens ideais que saibam controlar seus desejos, que não cedam a seus impulsos”, critica.
Em diversos momentos, ela atribui às feministas um viés autoritário. "Feministas radicais lembram o período sinistro de Stálin", foi uma das frases referindo-se a um dos líderes do socialismo soviético. Ela também criticou leis que possam regulamentar a intimidade das pessoas, considerando que seriam leis típicas de um "estado totalitário". Apesar de controversa, Millet admite - fala de um ponto de vista privilegiado. É branca, de classe alta, parisiense bem-sucedida e nunca sofreu, de fato, alguma das violências que aborda em sua crítica. Ainda assim, como ela bem destaca, o feminismo é exatamente isto: deixar que todas as mulheres deem suas opiniões e que não tenham que se calar.
Neste ano, a 12ª edição do ciclo de conferências tem como tema O mundo em desacordo, buscando refletir temas como o papel da mulher no mundo e sua relação com a sociedade civil e o debate político.
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