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Cultura

- Publicada em 27 de Junho de 2018 às 01:00

Clássico de Dürrenmatt, A visita da velha senhora inicia temporada em Porto Alegre

Tuca Andrada e Denise Fraga protagonizam peça, que será apresentada no Theatro São Pedro

Tuca Andrada e Denise Fraga protagonizam peça, que será apresentada no Theatro São Pedro


CACA BERNARDES/DIVULGAÇÃO/JC
Cristiano Vieira
Vingança, dinheiro, ética, crime. Componentes de uma bela novela policial, mas também do cotidiano humano quando dilemas morais cedem espaço para a ganância e a mentira. A visita da velha senhora, clássico texto de Friedrich Dürrenmatt com Denise Fraga e grande elenco, celebra os 160 anos do Theatro São Pedro com uma temporada de duas semanas, a partir desta quarta-feira (27). Com direção geral de Luiz Villaça, as apresentações acontecerão de quarta-feira a sábado, às 21h. Aos domingos, às 18h, até 7 de julho.
Vingança, dinheiro, ética, crime. Componentes de uma bela novela policial, mas também do cotidiano humano quando dilemas morais cedem espaço para a ganância e a mentira. A visita da velha senhora, clássico texto de Friedrich Dürrenmatt com Denise Fraga e grande elenco, celebra os 160 anos do Theatro São Pedro com uma temporada de duas semanas, a partir desta quarta-feira (27). Com direção geral de Luiz Villaça, as apresentações acontecerão de quarta-feira a sábado, às 21h. Aos domingos, às 18h, até 7 de julho.
“É uma comédia dramática sobre uma poderosa história de vingança. O texto do Dürrenmatt é genial, não à toa ele escrevia novelas comerciais para ganhar dinheiro. Tem uma noção de gancho, de suspense, excelente”, avisa Denise, por telefone, diretamente de Ribeirão Preto, no interior paulista, parada anterior da trupe.
Em A Visita da Velha Senhora, que traz 13 atores em cena, Dürrenmatt expõe a fragilidade de nossos valores morais e de nossa noção de justiça quando a palavra é dinheiro. A protagonista da peça é quase a encarnação do poder material, a milionária Claire Zachanassian, vivida por Denise.
O cenário é a falida cidade de Güllen – os moradores esperam ansiosos a visita da ricaça na esperança de ela salve a todos. No jantar de boas-vindas, contudo, Claire impõe uma condição: doará um bilhão à cidade se alguém matar Alfred Krank, o homem por quem foi apaixonada na juventude e que a abandonou grávida por um casamento de interesse.
A princípio, a indignação é a resposta de todos à proposta. A mulher se hospeda no hotel e resolve esperar. A sua visita semeia o caos entre as pessoas. Dürrenmatt, assim, constrói uma sucessão de cenas que se entrelaçam, cheias de humor e ironia. Os personagens, aos poucos, vão escancarando a fragilidade diante do grande regente de nossas vidas: o dinheiro. Quem irá matar Krank?
“O texto, em si, já é ótimo, mas o autor despeja um monte de reflexões possíveis. É uma comédia na essência, mas uma comédia terrível. Ele tem uma frase que eu me identifico: ‘comédia é a expressão do desespero’, relata Denise.
Mesmo escrita há 50 anos, A visita da velha senhora mantém a atualidade no texto. Nada foi alterado na tradução, avisa a atriz. “Essa atualidade está no dilema eterno que é a fragilidade da ética diante do dinheiro. Mas vai além: dependendo do dia e do noticiário sobre os problema do País, percebo uma reação diferente do público. Quando trabalha com comédia, você aprende a conhecer as risadas”, destaca.
Segundo Denise, encenar A visita da velha senhora depois de A alma boa de Setsuan e Galileu é quase como finalizar uma trilogia. “A trilogia de nosso eterno dilema entre a ética e o ganha pão”, afirma. Em A alma boa de Setsuan, de Bertolt Brecht, espetáculo visto por mais de 220 mil pessoas entre 2008 e 2010, a personagem principal perguntava: “Como posso ser boa se eu tenho que pagar o aluguel? Como posso ser bom e sobreviver no mundo competitivo em que vivemos?” Em Galileu Galilei, também de Brecht, espetáculo que esteve um ano e oito meses em cartaz e foi visto por mais de 140 mil pessoas, o tema é revisitado: Como posso ser fiel ao que penso sem sucumbir ao poder econômico e político vigente? Como manter meus ideais comprando meu vinho bom?
Denise se recorda com carinho de dona Eva Sopher, recentemente falecida. A atriz passou pelo Theatro São Pedro com praticamente todas suas peças que vieram a Porto Alegre. Agora, é com alegria que ela faz essa maratona de sessões em homenagem aos 16 anos do centro cultural, e faz um apelo.
“Muitos deixam para ir no fim, quando as sessões estão lotadas. Nada disso, melhor é aproveitar a primeira semana, pessoal. E tem muitos espectadores que veem duas vezes, então não corra o risco de ficar sem ingresso”, avisa ela. Ou alguém vai contestar um conselho da velha senhora?
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