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Cultura

- Publicada em 12 de Junho de 2018 às 01:00

Personagens das tintas: mostra com obras inéditas de Britto Velho abre nesta terça

Com curadoria de Cézar Prestes, exposição Personagens poderá ser vista no Theatro São Pedro

Com curadoria de Cézar Prestes, exposição Personagens poderá ser vista no Theatro São Pedro


NATHALIA SACCO/DIVULGAÇÃO/JC
Caroline da Silva
“Nunca fui personagem de nada. Deixa o Britto de lado, quem tem que aparecer é o trabalho dele”, explica enfaticamente o artista sobre o título da exposição que abre nesta terça-feira (12) à noite na Sala de Exposições Theatro São Pedro (Praça Marechal Deodoro, s/nº), a partir das 19h. Com curadoria de Cézar Prestes, a mostra Personagens traz 10 obras inéditas de Britto Velho e faz parte da programação especial de aniversário de 160 anos do espaço.
“Nunca fui personagem de nada. Deixa o Britto de lado, quem tem que aparecer é o trabalho dele”, explica enfaticamente o artista sobre o título da exposição que abre nesta terça-feira (12) à noite na Sala de Exposições Theatro São Pedro (Praça Marechal Deodoro, s/nº), a partir das 19h. Com curadoria de Cézar Prestes, a mostra Personagens traz 10 obras inéditas de Britto Velho e faz parte da programação especial de aniversário de 160 anos do espaço.
Segundo o pintor e professor porto-alegrense, o convite para participar da efeméride partiu de seu vizinho, Dilmar Messias, diretor artístico do TSP, para levar suas características figuras coloridas para o local que outrora abrigou o Margs. Nesta atração, os personagens que ganham evidência e vão hipnotizar os olhos do público não estão no palco, em movimento, nem provêm de textos dramatúrgicos, mas dos traços e dos pincéis de Carlos Carrion de Britto Velho, que no primeiro dia deste mês também completou aniversário: 72 anos.
O artista conta ter se sentido orgulhoso com a proposta: “Nunca me imaginei expondo no Theatro São Pedro, por mais que uma vez a Dona Eva Sopher tenha pegado um quadro meu e o mantido exposto no corredor de acesso aos camarotes por 14 anos”. Britto Velho, então, imaginou seus personagens das telas, depois do apagar das luzes, começando a andar e viajar por todo a edificação. “De forma carinhosa, não para assustar ninguém”, adverte, de forma bem-humorada. “Sou muito fantasioso, crio imagens, gosto de cinema”, narra. Foi dessa sua fantasia a origem do nome da mostra, sem intenção direta, já que ele mesmo nunca deu título a quadro nenhum seu.
“Estou emotivo com esta exposição, porque ela é diferente. Não é uma exposição normal, como sempre aconteceu comigo, de museu, de galerias ou coletiva. É de carinho, é engraçado isso”, comenta o pintor. A sugestão do nome de Cézar Prestes para a curadoria partiu do próprio artista, que tinha tido contato com ele como marchand e porque é um conhecedor da sua obra. “O Cézar, na verdade, é um amigão que veio para ajudar a organizar isso, amarrar as pontas, mais nesse sentido. Os próprios trabalhos quem escolheu fui eu.” São obras recentes, de 2017 e 2018, e uma tela de 2013 – esta última, segundo o autor, é do passado, nunca foi exposta, mas ele quis mostrar pois há uma ligação com teatro.
Britto Velho é um desses intelectuais generosos que, em uma hora de conversa, contam diversas histórias, fazem avaliações e soltam pérolas sobre o seu trabalho e reflexões do fazer, como: “sempre fui muito obsessivo com aquilo que faço”; “vou fazer ao natural; não quero ser influenciado pelos outros”; “não faço concessão como artista, vai ser assim até a morte”; “vou te contar um segredo público: gosto muito de ser chamado de professor”; “já teve oito tentativas de livros sobre minha obra e sempre tinha um ser que atrapalhava, que era eu”. Ele também brinca que jamais falaria que uma obra sua tem peso artístico, só comentaria sobre o peso físico de uma escultura, por exemplo.
Continuando na metáfora da balança, pesam muito nas suas considerações o legado de conhecimentos do seu pai e a parceria da esposa, Zuneide. Entre namoro e casamento, são 46 anos juntos (porém, eles têm contato desde a primeira individual em 1971, na Galeria Pancetti), e o companheirismo de vida também adentra a seara profissional. Ele diz que ela é a maior conhecedora de sua obra, portanto, crítica enriquecedora a cada novo ciclo.
Foi seu pai que advertiu sobre o brilho nos olhos na relação entre aluno e professor – docente na Ufrgs, chegou a ser cassado durante a ditadura. Psicanalista, foi fazer sua formação na Argentina, por isso, os primeiros passos na pintura do filho ocorreram em Buenos Aires, quando ele lhe presenteou com tintas. “Meu pai lecionou muito na Filosofia e na Medicina, era psiquiatra. Foi uma figura importante para mim, me deu muita força, desde que era criança”, afirma Britto Velho, para em seguida emendar com outro fato inusitado: “Quando eu disse, com 20 anos, que ia deixar o primeiro semestre da Arquitetura e assumir a pintura, que meu negócio era pintar, mesmo, ele ficou numa emoção que fez um poema para mim. Não era poeta, mas escreveu num livro de arte e me deu. Já a minha mãe começou a chorar e disse que eu ia morrer de fome...”.
As novas obras do bem-sucedido pintor podem ser vistas gratuitamente até 22 de julho - em dias de espetáculos, de terça-feira a sábado, às 19h, e domingos, às 16h.
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