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Teatro

- Publicada em 31 de Dezembro de 2021 às 03:00

2021: Temporada difícil mas renovadora da esperança

Antonio Hohlfeldt
A grande novidade da temporada de 2021 esteve nas múltiplas tentativas de reabertura dos espaços de espetáculos, com recuos imediatos na maioria das vezes, até que, ao final do primeiro semestre, e sobretudo graças aos percentuais de vacinação alcançados, a pandemia começou a recuar e isso se tornou possível, ainda que com muitos cuidados, como a lotação de apenas um terço dos espaços disponíveis.
A grande novidade da temporada de 2021 esteve nas múltiplas tentativas de reabertura dos espaços de espetáculos, com recuos imediatos na maioria das vezes, até que, ao final do primeiro semestre, e sobretudo graças aos percentuais de vacinação alcançados, a pandemia começou a recuar e isso se tornou possível, ainda que com muitos cuidados, como a lotação de apenas um terço dos espaços disponíveis.
De qualquer modo, o Porto Verão Alegre conseguiu ocorrer, tendo sido deslocado de janeiro e fevereiro para abril e maio. Esta mostra se deu sem a presença física dos espectadores. Em maio, o Instituto Ling lançou os quatro espetáculos que, no ano anterior, haviam sido selecionados por um júri, do qual inclusive fiz parte, para serem encenados neste ano. Com a pandemia, os trabalhos foram transformados em performances veiculadas pelas redes sociais, com algumas adaptações de linguagem.
Os artistas cênicos não perdiam tempo em buscar alternativas. Assim, primeiro a Casa de Cultura Mario Quintana, depois o Theatro São Pedro e, enfim, o Palco Giratório do Sesc, apresentaram, sucessivamente a instalação Edifício Cristal. A partir de uma antiga cristaleira, idealizaram-se dez apartamentos e mais um espaço intermediário do corredor do prédio, onde histórias diversas se apresentavam. Os espectadores, munidos de aparelhos auditivos, apertavam botões correspondentes às diferentes unidades habitacionais, e gravações narravam as histórias daqueles moradores. Liane Venturella estreou, em junho, seu novo trabalho, Derrota, pelas redes sociais, espetáculo-solo de interpretação dramática extremamente difícil, que mostrou mais uma faceta da grande atriz e diretora teatral.
Em 23 de maio o Theatro São Pedro reabria suas portas, e até o último dia 22 de dezembro não deixou de ter programação constante e variada. Agora, fecha até fins de março para trocar o sistema de ar condicionado. Também reabriram o Teatro Paschoal Carlos Magno, em Novo Hamburgo, fechado há muitos anos para reforma, e o Teatro Municipal de Canela.
Este foi um ano produtivo para as encenações musicais. Em julho, tivemos a Operita Violoncello, a que se seguiu, em setembro, a encenação de O inferno, baseado no grande poema de Dante Alighieri. Em setembro, a Orquestra Sinfônica de Porto Alegre trouxe O acordo perfeito, e em outubro o mesmo maestro Evandro Maté encenou O engenheiro, desta vez com a Orquestra do Teatro São Pedro.
Em agosto ocorreram duas novas estreias teatrais em formato digital, a peça infantil Traça Letras e Traça Tudo e Classe cordial, com Deborah Finocchiaro, dirigida ao publico adulto. O único espetáculo vindo do centro do país foi Grace em revista, com a atriz gaúcha Grace Gianoukas, que lotou as três noitadas do Theatro São Pedro, então com metade da lotação autorizada.
O tradicional Palco Giratório do Sesc, em versão digital, ocorreu em outubro, deslocado do primeiro semestre. Também o Porto Alegre em cena teve suas principais atrações através das redes sociais, mas a mostra propôs instalações públicas e algumas ações em ruas e praças da cidade. Novos espetáculos se sucederam em novembro, A mãe da mãe da menina e Quando eu me chamar saudade, ambos em formato digital, até que Velha D , com Fernanda Carvalho Leite e direção de Bob Bahlis, abriu temporada ao vivo, com lotação extremamente restrita e excelente repercussão.
A temporada de 2021 se encerrou, em dezembro, com duas iniciativas do Theatro São Pedro: BR Trans, que lotou a casa, e o retorno de Hique Gomes e sua trupe no espetáculo em praça pública Sbórnia ao vivo, abrindo os festejos dos 250 anos de Porto Alegre e, ao mesmo tempo, encerrando a atual temporada. Calcula-se que mais de duas mil pessoas assistiram ao espetáculo que teve direito a gruas, drone e outras tecnologias, além das tradicionais atrações do espetáculo e que atraem sempre multidões.
Em síntese, 2021 foi ainda um ano difícil. Mas foi uma temporada de retomada de atividades, ainda que de maneira gradual, de reafirmação da criatividade e da coragem dos artistas, da busca de alternativas, da invenção de novas linguagens e, sobretudo, da renovação da crença sobre a importância da arte em nossas vidas. Foi uma temporada difícil, sim, ainda, mas que aponta para novos rumos num futuro imediato.
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