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Teatro

- Publicada em 09 de Abril de 2021 às 03:00

Os 44 anos da Cia. de Dança Cisne Negro

Antonio Hohlfeldt
A Cisne Negro Companhia de Dança, de São Paulo, completou, no dia 1º de abril, 44 anos de existência. A data foi escolhida para um presente da aniversariante para o público. A liberação, pelas redes sociais, do espetáculo Hulda, estreado em 2017, quando da passagem dos 40 anos da companhia, gravado pela TV Cultura e que, agora, pode ser visto, gratuitamente, a partir do link youyube.com/watch?v=oymG3hHb65E. Com 55 minutos de duração, o trabalho tem roteiro e direção de Jorge Takla, com coreografia de Dany Bittencourt - filho da fundadora do grupo - e Rui Moreira, pretende fazer uma síntese das realizações daquele conjunto. Takla, contudo, que já havia dirigido o elenco num espetáculo operístico anterior, e que tem evidenciado coragem para enfrentar desafios em encenações tão inovadoras quanto pouco ortodoxas, conseguiu fugir do risco da narratividade pura e simples, elegendo alguns elementos cênicos a partir do que as coreografias se desenvolvem.
A Cisne Negro Companhia de Dança, de São Paulo, completou, no dia 1º de abril, 44 anos de existência. A data foi escolhida para um presente da aniversariante para o público. A liberação, pelas redes sociais, do espetáculo Hulda, estreado em 2017, quando da passagem dos 40 anos da companhia, gravado pela TV Cultura e que, agora, pode ser visto, gratuitamente, a partir do link youyube.com/watch?v=oymG3hHb65E. Com 55 minutos de duração, o trabalho tem roteiro e direção de Jorge Takla, com coreografia de Dany Bittencourt - filho da fundadora do grupo - e Rui Moreira, pretende fazer uma síntese das realizações daquele conjunto. Takla, contudo, que já havia dirigido o elenco num espetáculo operístico anterior, e que tem evidenciado coragem para enfrentar desafios em encenações tão inovadoras quanto pouco ortodoxas, conseguiu fugir do risco da narratividade pura e simples, elegendo alguns elementos cênicos a partir do que as coreografias se desenvolvem.
Assim, nem temos um espetáculo em que a coreografia apenas ilustra a narrativa mais ou menos autobiográfica de Hulda Bittencourt, idealizadora do conjunto, nem temos um conjunto de fragmentos reunidos artificialmente num espetáculo. O elemento unificador escolhido são as letras do alfabeto, em tamanho de meio corpo do bailarino, que ocupam parte do espaço cênico e que, tanto na abertura quanto no encerramento da coreografia, compõem o nome "Hulda". Mas o alfabeto é bem mais numeroso e, assim, à medida em que uma sintética narrativa é apresentada em off, pela artista, as letras vão sendo dispostas em combinações variadas, ocupando diferentes espaços da cena, destacando ideias e princípios que sintetizam a trajetória da personagem: Horizontes - Sonho - Lutar - União - Liberdade - Dança - Arte (estas duas depois se combinam, pois representam os princípios centrais da companhia - e, por fim, Amor).
Cada diferente momento é caracterizado por uma coreografia autônoma. Mas, mais uma vez, nenhuma delas está perdida neste roteiro, pois a personagem vivida por Ana Botafogo - que faz aqui uma participação especial - permite a costura de todos os quadros: ela é, de certo modo, se não a própria Hulda Bittencourt, ao menos seu espírito e, neste sentido, atravessa todas as cenas e vai compondo a narrativa.
Para a unidade do espetáculo, foram fundamentais, além do roteiro idealizado eficiente e dinamicamente por Jorge Takla, os figurinos de Fábio Namateme, a cenografia de Nicolas Boni, a iluminação de Ney Bonfante e a trilha sonora de André Meuhmari. Destaque-se, ainda, a maquiagem de Chloé Gaya e Jacques Gamine, sobretudo no quadro final do espetáculo, que faz alusão ao balé Cisne negros, de que se originou o nome da companhia, e que é explicado pela própria Hulda Bittencourt. Neste momento, mais uma vez evidenciando capacidade para fugir da mesmice, nem a música faz qualquer alusão direta à composição de Tchaikovski, nem a coreografia tem qualquer relação direta com a obra original, à exceção de uma referência indireta justamente através dos figurinos e da maquiagem. Na verdade, o resultado final deste "Hulda" é, ao mesmo tempo, uma homenagem da companhia a sua idealizadora mas, sobretudo, um resumo bem apanhado de tudo aquilo que foi proposto e conquistado pelo agrupamento, ao longo de sua história e da geração de artistas - dos bailarinos aos coreógrafos e demais integrantes - que por ali passaram.
A destacar, a qualidade, o cuidado e o bom acabamento da produção televisiva da TV Cultura de São Paulo, inclusive nas primeiras cenas, fora do palco, realizadas nos espaços da escola, em que os bailarinos ensaiam e em que a própria Hulda Bittencourt tem a palavra. Utilizando várias câmaras, a TV Cultura conseguiu captar eficientemente o espetáculo, transmitindo-o corretamente para o espectador que dependa apenas da versão que as redes sociais vão lhe permitir assistir. Aliás, é uma boa iniciativa esta, de comemorar um aniversário, proibidos que estamos de nos encontrar pessoalmente, através da liberação de um vídeo que é a própria comemoração da data a ser festejada e lembrada. Fico curioso para saber o que vai acontecer em 2022, quando o grupo chegar aos 45 anos de vida.
 
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