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Teatro

- Publicada em 26 de Fevereiro de 2021 às 03:00

Soluções em nome do público

Antonio Hohlfeldt
Na coluna de três semanas atrás, comentei a posse do novo titular da Secretaria Municipal de Cultura (SMC) e referi, de passagem, alguns de seus desafios. Pois naqueles mesmos dias, explodia uma informação terrível, a de que o festival Porto Verão Alegre não poderia ocorrer nas salas do Centro Municipal de Cultura (CMC), porque foram roubados os equipamentos de ar-condicionado e de iluminação, matéria a que, inclusive, o JC deu destaque na segunda-feira. Soube-se depois que eram as redes e fiação que haviam sido furtadas, sucessivamente, do Teatro Renascença e da Sala Álvaro Moreira. A ironia é que os coordenadores da mostra haviam conseguido gestionar, em 2020, para que novos equipamentos de ar-condicionado fossem doados, por particulares. Nestes últimos dias, outra bomba: os espaços da Cia. de Arte, no antigo prédio da Caixa Econômica Federal, na subida da Rua da Praia, estavam de tal modo sucateados que não havia mais condições de ocupação. Pior, os gestores - todos diretamente vinculados à classe teatral - haviam perdido prazos legais para renovar convênios com a SMC que, por seu lado, e por obrigação legal, considerava extinta sua responsabilidade com aquela instituição.
Na coluna de três semanas atrás, comentei a posse do novo titular da Secretaria Municipal de Cultura (SMC) e referi, de passagem, alguns de seus desafios. Pois naqueles mesmos dias, explodia uma informação terrível, a de que o festival Porto Verão Alegre não poderia ocorrer nas salas do Centro Municipal de Cultura (CMC), porque foram roubados os equipamentos de ar-condicionado e de iluminação, matéria a que, inclusive, o JC deu destaque na segunda-feira. Soube-se depois que eram as redes e fiação que haviam sido furtadas, sucessivamente, do Teatro Renascença e da Sala Álvaro Moreira. A ironia é que os coordenadores da mostra haviam conseguido gestionar, em 2020, para que novos equipamentos de ar-condicionado fossem doados, por particulares. Nestes últimos dias, outra bomba: os espaços da Cia. de Arte, no antigo prédio da Caixa Econômica Federal, na subida da Rua da Praia, estavam de tal modo sucateados que não havia mais condições de ocupação. Pior, os gestores - todos diretamente vinculados à classe teatral - haviam perdido prazos legais para renovar convênios com a SMC que, por seu lado, e por obrigação legal, considerava extinta sua responsabilidade com aquela instituição.
Início de 2021, sonhos de se ultrapassar a pandemia, esforços imensos da Lei Aldir Blanc, dedicação de artistas no sentido de sobreviverem e... três impactos negativos: além do avassalador retorno da Covid-19, a perda de dois espaços fundamentais para as artes cênicas. No caso do CMC, pode-se identificar em parte as responsabilidades: a gestão anterior não se preocupou em manter a Guarda Municipal. Aliás, o Centro está há muito fortemente deteriorado, o que me causa nostalgia ao relembrar sua inauguração, em 1978, durante a gestão Socias Villela. Quanto esforço, quanto dinheiro empregado, quantos sonhos: reformas ao longo dos anos e então... as administrações que se seguem se despreocupam e todo o dinheiro público se esvai. Desafio para o novo secretário, Gunter Axt, claro, que, não pode fazer milagres. Basta ver os esforços, ainda não concretizados, para recuperar o Teatro de Câmara...No caso da Cia. de Arte, também foi uma luta, apadrinhada pelo então prefeito Raul Pont, que chegou a bom termo, com enorme mobilização da classe teatral. Mas esta mesma classe teatral escolheu mal os gestores e o resultado está aí... Agora, o que fazer? Pode o titular da SMC simplesmente virar as costas para o problema? Também não é dinheiro público? Há diferença entre dinheiro público municipal e federal? Pior, nos dois casos, há que se pensar um triângulo de interesses: os artistas que precisam de espaços para mostrar seu trabalho; o público que necessita de espaços para assistir aos espetáculos, e o poder público que deve estabelecer políticas que concretizem ambas as ansiedades. Mas observe o leitor: o dinheiro sempre é público, ou seja, é nosso. Portanto, tanto o gestor público, quanto aqueles que, indicados por sua categoria profissional, assumiram compromissos de gestão são responsáveis pelos desvios eventualmente ocorridos, por omissão ou malversação, e como tal devem ser responsabilizados. O problema é que, na maioria das vezes, fica assim, ninguém assume ou de ninguém é cobrado por nada, e aquilo que se levou tanto tempo e tanto esforço para alcançar, se esvai, perdulariamente. Não há dúvida de que existem responsáveis dos roubos no CMC, e os principais, além dos ladrões, são aqueles que decidiram retirar a segurança do local. Devem ser responsabilizados! Também é evidente que há responsabilidades por parte dos últimos gestores da Cia. de Arte, sejam quais forem, inclusive pela perda de prazos no atendimento de exigências legais, o que é inconcebível. E como tal devem ser responsabilizados.
Esta é uma primeira questão. Mas há a segunda: a responsabilidade da autoridade pública quando surgem problemas como esses. É tranquilizador que o problema esteja vinculado ao novo titular da SMC e ao novo prefeito: ambos têm sensibilidade para tais coisas, e se o Porto Verão Alegre sai prejudicado, num primeiro momento, espera-se que logo as coisas possam ser melhor encaminhadas. Do mesmo modo, a questão da Cia. de Arte. A SMC precisará propor um encaminhamento que inclua, sobretudo, sua própria participação na futura gestão, de modo a impedir desvios. Eis os desafios. Para que isso seja resolvido, sobretudo, é fundamental que todos os segmentos envolvidos, gestor público e artistas, tenham humildade, reconheçam as falhas, mas busquem alternativas, unindo-se. De nada adiantará jogarem-se responsabilidades. Sobre estas, todos sabem. Mas o de que se precisa, agora, e urgente, é de soluções, em nome do público.
 
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