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Teatro

- Publicada em 29 de Janeiro de 2021 às 03:00

Cura: I Mostra de Artes Cênicas de Porto Alegre

Antonio Hohlfeldt
Já no findar do ano passado, por iniciativa de Sílvia Duarte e Thiago Pirajira, a Secretaria Municipal de Cultura promoveu Cura - I Mostra de Artes Cênicas Negras de Porto Alegre, em dezembro. Próximo ao fim do ano, as colunas semanais já estavam programadas, e acertei que, ao longo de janeiro e fevereiro, este espaço daria a necessária atenção ao projeto. Assim, quer pela importância dos trabalhos, quer pelo significado da mostra, nas próximas semanas vou me dedicar a comentar aqueles trabalhos. Acima de tudo, porque entendo social e culturalmente muito importante que, não apenas um público negro, mas o público em geral, conheça esta produção, de excelente qualidade e significação, inclusive histórica, pelo que pude avaliar. Enfim, e além do mais, torço para que, em 2021, mas não em dezembro, tenhamos a segunda mostra, com novos trabalhos a serem conhecidos, compreendidos e valorizados.
Já no findar do ano passado, por iniciativa de Sílvia Duarte e Thiago Pirajira, a Secretaria Municipal de Cultura promoveu Cura - I Mostra de Artes Cênicas Negras de Porto Alegre, em dezembro. Próximo ao fim do ano, as colunas semanais já estavam programadas, e acertei que, ao longo de janeiro e fevereiro, este espaço daria a necessária atenção ao projeto. Assim, quer pela importância dos trabalhos, quer pelo significado da mostra, nas próximas semanas vou me dedicar a comentar aqueles trabalhos. Acima de tudo, porque entendo social e culturalmente muito importante que, não apenas um público negro, mas o público em geral, conheça esta produção, de excelente qualidade e significação, inclusive histórica, pelo que pude avaliar. Enfim, e além do mais, torço para que, em 2021, mas não em dezembro, tenhamos a segunda mostra, com novos trabalhos a serem conhecidos, compreendidos e valorizados.
Cura foi lançada através de um manifesto de que destaco, dentre outras passagens, a seguinte: "A cura que pensamos tem a ver com os movimentos necessários para a evolução. Para a cura de uma ferida é necessário estancar o que consome a carne, cessar a dor e sua causa. Após, é necessário limpar, lavar e tratar com os unguentos, ervas, magias, feitiçarias: tecnologias ancestrais de cuidado e continuidade. Diante da cura o corpo fraturado se levanta e reconstitui sua dignidade no presente para a criação do futuro". Este manifesto, aliás, ecoa fortemente num dos espetáculos que constitui a mostra, Corpos ditos, de que participa, dentre outros, o ator Thiago Pirajira, um dos idealizadores.
A I Mostra de Artes Cênicas Negras de Porto Alegre foi organizada a partir de diferentes registros. Houve espetáculos ao vivo, transmitidos pelo YouTube, como A mulher arrastada, com Celina Alcântara; Samba, com Glau Barros e Pâmela Amaro; Encanto Zumbi e Peça, e depois gravados; todos estes trabalhos são produções do RS.
Houve espetáculos gravados e que igualmente foram transmitidos pelo YouTube, como O muro, de Minas Gerais; Corpos ditos; Ensaio sobre a cebola; O feminino sagrado: Um olhar descendente da mitologia africana e Ori Oresteia: Um rito sacrificial, extraordinário trabalho de Jessé Oliveira, todos do RS; Retrospectiva preta, de Grace Passô (São Paulo), e Reverb, do Brasil/Finlândia. Por fim, ocorreram performances na plataforma Zoom, como Macumba virtual e Sobrevivo, ambos gaúchos, e Tecnologias do Sul: Voltei a falar com as árvores/ Fruta do futuro, da Finlândia/França.
Encontramos espetáculos de teatro, propriamente ditos, como A mulher arrastada, que ganharam uma releitura para serem transformados em vídeo; espetáculos de teatro apenas gravados, como Ori Oresteia, cujo registro advém inclusive de uma récita; espetáculos produzidos enquanto linguagem de vídeo, como Corpos ditos; espetáculos de dança, como Encanto Zumbi, ou espetáculos de música, com concepção mais dramatizada, na melhor tradição dos antigos shows do Teatro de Arena, de São Paulo, como Samba. Isso evidencia, antes de mais nada, a variedade de linguagens registrada no conjunto de obras selecionadas; segundo, a diversidade de produções, de maneira a cobrir perspectivas variadas em torno da tradição e da cultura negra, vista enquanto tal ou em suas relações e choques com a cultura branca; a quantidade e a qualidade de artistas negros, dos quais poucos têm oportunidade de ocupar os espaços tradicionalmente dedicados aos espetáculos de artes cênicas e que ganham, numa iniciativa como essa, visibilidade.
Nas próximas semanas, vamos abordar estes trabalhos, a começar por aqueles que já haviam sido anteriormente revelados ao público, como A mulher arrastada, produção de 2019, texto de Diones Camargo, com direção de Adriane Mottola, ou Corpos ditos, um dos selecionados para o recente 27º Porto Alegre em Cena.
Além destes dois, sobre os quais já escrevi mais ou menos profundamente, e aos quais quero retornar, também já conhecidos, Ori Oresteia e Sobrevivo, espetáculo dos alunos do Departamento de Arte Dramática da Ufrgs apresentado no projeto Teatro, Pesquisa e Extensão. Sobre ambos, igualmente, já escrevi, mas uma releitura destes trabalhos é sempre oportuna. Vou agrupar as performances conforme alguma afinidade, para dar conta da riqueza que esta mostra trouxe, também com a preocupação de valorizar a iniciativa.
 
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