Corrigir texto

Se você encontrou algum erro nesta notícia, por favor preencha o formulário abaixo e clique em enviar. Este formulário destina-se somente à comunicação de erros.

Teatro

- Publicada em 27 de Março de 2020 às 03:00

Dia Mundial do Teatro?

Antonio Hohlfeldt
Em 1961, com a inauguração do Teatro das Nações, em Paris, constituiu-se, também, o Dia Mundial do Teatro, o que é comemorado também no Brasil. Mas há também um Dia Universal do Teatro, a 21 de março; um Dia do Artista de Teatro, a cada 19 de agosto, e um Dia Nacional do Teatro para a Infância e a Juventude, em 20 de março.
Em 1961, com a inauguração do Teatro das Nações, em Paris, constituiu-se, também, o Dia Mundial do Teatro, o que é comemorado também no Brasil. Mas há também um Dia Universal do Teatro, a 21 de março; um Dia do Artista de Teatro, a cada 19 de agosto, e um Dia Nacional do Teatro para a Infância e a Juventude, em 20 de março.
O que caracteriza o teatro? Qual a origem do teatro? Antes de mais nada, pode-se destacar o seu aspecto lúdico, isto é, de jogo, de faz de conta... Neste sentido, pode-se dizer que o teatro surgiu a partir de brincadeiras que se faziam em torno de fogueiras. As pessoas faziam gestos, contavam histórias, as sombras se projetavam nas paredes, a imaginação das pessoas corria à solta, quer da parte de quem narrava/representava/imitava certos gestos e/ou ações, quer da parte de quem ouvisse/visse tais representações.
Imitava-se os animais, as pessoas, as ações de uns e de outros. Assim também nasceu a dança. Num e noutro caso, para dar maior verossimilhança, as pessoas se enfeitavam (nascia o vestuário, a indumentária), com penas das aves, peles de animais, roupas variadas... Seja como fosse, alguém, o ator, travestia-se, transformava-se em outra pessoa ou outro ente que não ele mesmo.
A representação teatral é muito antiga no Oriente: o Japão tem gêneros como o nô e o kabuki, extremamente formalizados, com um conjunto de regras fixas, que precisam ser aprendidas pelo intérprete. Na China, notabilizou-se o chamado teatro de sombras, o de marionetes e os espetáculos circenses. Aliás, Platão, em A república, quando no Livro VII quer simbolizar o mundo humano pela imagem da caverna, onde todos habitaríamos, não deixa de referir as marionetes, divertimento que então chegava à Grécia, através do Egito, segundo o historiador Heródoto.
O teatro grego, em sentido estrito, teria surgido de rituais religiosos dedicados ao deus Baco, protetor das vindimas. As sociedades rurais organizam seus calendários evidentemente marcadas pelas épocas de plantio e colheita. O sucesso do plantio depende da qualidade da semente. A mãe-terra, ao receber a semente, que parece morrer, guarda-a durante um certo tempo e depois a devolve, transformada em uma planta. Para isso, é fundamental a fertilidade dos solos. O deus protetor da fertilidade era Príamo, cuja imagem correspondia ao pênis masculino, o falo. Realizavam-se procissões carregando imagens de todos os tamanhos deste deus protetor.
Em algum momento, conta-se que um dos sacerdotes que comandavam tais ações resolveu realizar uma ação individualizada. Seu nome seria Téspis, e assim teria nascido o primeiro ator. Dali em diante, os espetáculos teatrais, vinculados a tais tradições, ganhariam, crescentemente, dois e três atores, além dos coros, que se colocavam dos dois lados da cena, com cem pessoas, ao menos, representando as vozes das comunidades.
Se lemos as mais antigas tragédias de Ésquilo, encontramos um único ator e grandes corais. Os corais narram, comentam e julgam os acontecimentos. A tragédia de Ésquilo é de caráter iminentemente religioso. Posterior a ele, ainda que tenha sido seu contemporâneo em algum momento, Sófocles caracteriza-se por uma tragédia eminentemente política. A Grécia já se organizara enquanto potência política e econômica. Seus líderes funcionavam como mecenas (financiadores) dos grandes espetáculos que ocorriam nos festivais dramáticos. Quando Eurípides começa a escrever, a Grécia já se encontra em dissolução: rompeu-se a Liga de Delos, estamos com as Guerras do Peloponeso em desenvolvimento; Esparta e Atenas rompiam seus acordos.
A comédia, que é o gênero satírico por excelência, talvez por isso mesmo, seja o gênero mais popular deste momento. Criticava a realidade imediata, as autoridades e os acontecimentos, como na engraçadíssima Lisístrata, em que a personagem que dá nome à obra lidera uma greve das mulheres junto a seus maridos: elas se negam a qualquer relação sexual com eles até que se termine a guerra.
Nesta sexta-feira (27), é, pois, o Dia Mundial do Teatro. Nada a comemorar, graças à Covid-19, mas lembremos que o artista - o dramaturgo, o diretor, o encenador, o ator/atriz etc. - continuam, mais do que nunca, importantes na sociedade. Pensamos nisso.
Conteúdo Publicitário
Leia também
Comentários CORRIGIR TEXTO