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Teatro

- Publicada em 08 de Março de 2019 às 01:00

Visitando Florença, cidade de Dante Alighieri

Catedral Santa Maria del Fiori ergue-se majestosa no Centro de Florença

Catedral Santa Maria del Fiori ergue-se majestosa no Centro de Florença


PIXABAY/DIVULGAÇÃO/JC
Chegamos cerca de 21h em Florença. Ficamos num hotel situado no calçadão que dá acesso direto à Piazza del Duomo. Apenas parte do hotel ocupa o prédio, de modo que a gente precisa cumprir horários de chegada para registro. Depois, com a chave na mão, ficamos livres.
Chegamos cerca de 21h em Florença. Ficamos num hotel situado no calçadão que dá acesso direto à Piazza del Duomo. Apenas parte do hotel ocupa o prédio, de modo que a gente precisa cumprir horários de chegada para registro. Depois, com a chave na mão, ficamos livres.
Fomos jantar. Minha mulher optou pelo Trattoria dall'Oste, duas quadras adiante. Estávamos famintos e fazia frio. Escolhi um prato típico, a "ribollita" - literalmente, "comida re-cozinhada", mais um "puchero", feito com pão amanhecido, couve, feijão branco e verduras, constituindo o que o italiano chama de "cuccina povera". Em Portugal seria a "sopa de pedra". Combinando com um belo vinho tinto da casa, foi um manjar dos deuses.
Na manhã seguinte, recuperados, saímos cedo. O café foi feito dois quarteirões distante. Vencido o desjejum, eis a Pizza del Duomo e a fila de visitantes que aguardam o horário para poderem entrar na gigantesca igreja. Sua pintura entre preto, cinza e branco sugere uma estampa renascentista. No seu interior, há tesouros fantásticos que podem ser visitados no museu da cripta. Impressionam suas pesadas portas folhadas a ouro, seus pórticos em pedra, tudo detalhada e minuciosamente esculpido com cenas religiosas de um realismo surpreendente. O conjunto suntuoso inclui a catedral, propriamente dita, o campanário de Giotto e o Museu da Ópera. Aliás, na praça, cruzamos com um enorme cartaz que anunciava uma montagem de Pinocchio, com teatro de bonecos, produção do Teatro della Toscana (de que Florença é a capital), o conhecido Teatro della Pergola, o Teatro Niccolini e o Teatro Sudio Mila Pierali. Outra fila se formava para a aquisição de ingressos.
Na Itália, museu a céu aberto, há que se dispor a caminhar, vagarosa, mas constantemente. Felizmente, o sol brilhava num céu absolutamente azul. E lá fomos, celular na mão e orientação do Google, à procura do Rio Arno e da Ponte Vecchio. Ambas as margens do rio junto à estupenda travessia estão tomados de turistas. O sol tirou todo o mundo de dentro dos hotéis. Apesar da temperatura de 3 graus, muita gente curtia um banho de sol, quase desnuda.
A Ponte Vecchio sofreu uma reforma bastante radical mas, diga-se de passagem, necessária. Quando a conheci, era um pardieiro de dois pisos, uma grande favela cruzando de um a outro lado do rio. Agora, toda reformada, abriga lojas evidentemente dirigidas a turistas endinheirados, mas guarda o forte colorido das casas e o ecletismo dos produtos.
Cruzamos a Galleria Degli Uffizi, suntuosíssimo palácio hoje transformado num gigantesco museu (para variar, parte dele em obras) e fomos identificando as estátuas de tamanho natural que ornam os dois lados das passarelas: Giotto, Donatello, Cellini, Aretino, Da Vinci, Michelangelo, Petrarca: músicos, pintores, escultores, escritores. Mais, cientistas, como Galileo; descobridores, como Vespucci e, muito especialmente, o grande Dante Alighieri. Alighieri é natural de Florença. Por isso, aproveitamos a indicação do aplicativo e visitamos a casa onde o poeta nasceu, hoje transformada em museu. Encontra-se na Via Dante Alighieri: trata-se de um prédio sólido, de três pisos. A família não pertencia à alta aristocracia, mas tinha seus lustros. O museu preocupa-se sobretudo em contextualizar o poeta na tradição e na gênese de Florença. Mostra árvores genealógicas do poeta e de Beatriz, apresenta o quarto do poeta, mas sobretudo traz diferentes edições que contam com belíssimas iluminuras, feitas ainda em vida do poeta. O mais impactante, contudo, é a sentença de morte contra Dante, nominalmente referido. O museu falha, contudo, ao não aprofundar-se sobre a própria obra do escritor.
No almoço, fomos parar no restaurante Santo Spirito, ao lado da igreja do mesmo nome, que havia sido recomendado. Com o sol, um aquecedor a gás ao lado, enfrentamos o frio e escolhemos uma mesa na própria praça. Valeu a recomendação.
Retomamos a caminhada e terminamos o dia visitando o mercado público e o Mercado de San Lorenzo. Era hora de procurar a estação de trem e voltar a Roma, distante apenas uma hora dali.
Há um hábito complicado, na Itália: muitos hotéis, situados em prédios comerciais, ocupam apenas alguns andares do edifício. Isso ocorreu conosco em Florença e Roma, onde ficamos quase ao lado da Via del Corso, uma das principais avenidas da capital. Isso dificulta localizar tais estabelecimentos, que não ostentam luminosos ou placas com suas identificações: mas compensam tal situação com ambientes grandes e cômodos, com banheiras além dos chuveirinhos e, às vezes até serviço de café e chá disponíveis no quarto.
Ou seja, o entusiasmo do meu amigo Giovani Ricciardi por seu país natal se justifica. Mesmo quando a gente, por vezes, se irrita com algum atropelo que um mau motorista possa provocar. Valem as obras de arte, vale a história, vale o mudo diálogo que se estabelece entre o visitante e a arquitetura, que perdura, mesmo quando cansados, a gente deita e dorme, sonhando com tudo o que nos extasiou durante o dia. Para voltar a extasiar-se na jornada seguinte.
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