Às vésperas da instalação da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), no Senado, sobre ações e omissões do governo federal na pandemia, o presidente Jair Bolsonaro pressionou por todos os lados, no final de semana, procurando inviabilizar a CPI. Pediu ao senador Jorge Kajuru (Cidadania-GO) para ingressar com pedidos de impeachment contra ministros do Supremo.
Afastamento de ministro
Kajuru respondeu que ingressou, no sábado, com pedido no STF para obrigar o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), a também pautar para votação em plenário o afastamento do ministro do STF, Alexandre de Moraes, ao que Bolsonaro respondeu: "Você é 10". Na conversa, o presidente também insistiu que a CPI, se instalada, trabalhe para apurar a atuação de prefeitos e governadores, o que tiraria o foco do seu governo. Grandes emoções na Esplanada.
Decisão irresponsável
"O momento deveria ser de uniao para enfrentarmos a pandemia. E uma epoca de contingências, de guerra contra um inimigo invisivel, a Covid-19", afirmou o senador gaúcho Luis Carlos Heinze (PP, foto). Na opinião do progressista, "a determinação do ministro do STF, Luis Roberto Barroso, obrigando a instalação no Senado Federal, de uma CPI, é no minimo irresponsavel".
Equidade entre os Poderes
Para Heinze, "o ministro do Supremo interfere na equidade entre os Poderes, pois, de forma autoritária, determina como deve ser a rotina da casa, e tira o foco das pautas essenciais para o fortalecimento do País perante a crise".
Assinaturas para a Lava Toga
Heinze já deu o troco. "O ministro usa como justificativa o número de parlamentares que teriam assinado ao pedido da CPI. Neste caso, também temos as assinaturas necessárias para a Lava Toga." Na avaliação do senador, "o governo federal está respondendo de forma eficaz aos pedidos dos entes federados; basta olhar a ordem dos repasses aos estados e municípios".
Resposta "enérgica" ao STF
"Nos próximos dias daremos uma resposta enérgica para esta imposição do STF", anunciou o senador. "Primeiro, tivemos um ataque às liberdades e agora ao livre exercício de nossas funções. Dia triste para as relações entre os Poderes", conclui Heinze.
Um óbito a cada dois minutos
"A situação é gravíssima. O Brasil registra um óbito por Covid-19 a cada dois minutos. A vacinação é lenta em todo o País. Faltam vacinas, medicamentos, oxigênio, leitos", afirmou o senador gaúcho Paulo Paim (PT). O parlamentar acentua que "os profissionais de saúde estão no limite; a população está desesperada. Os cemitérios estão funcionando 24 horas".
Os culpados responsabilizados
Paim faz um apelo: "Temos que salvar vidas, gerar emprego e renda, colocar o País para funcionar". Ele avalia que "a CPI é um instrumento legal que vai investigar todo esse cenário. Eu assinei. Até o momento, não há presunção de culpa de ninguém. As investigações é que vão apurar os fatos para saber por que o Brasil chegou nessa situação. Os culpados que sejam responsabilizados".