Corrigir texto

Se você encontrou algum erro nesta notícia, por favor preencha o formulário abaixo e clique em enviar. Este formulário destina-se somente à comunicação de erros.

Repórter Brasília

- Publicada em 28 de Março de 2021 às 20:25

Inferno astral do general

Assessor do presidente da República, Filipe Martins foi flagrado fazendo gesto polêmico

Assessor do presidente da República, Filipe Martins foi flagrado fazendo gesto polêmico


REPRODUÇÃO/JC
O gaúcho Ernesto Araújo, ministro das Relações Exteriores, foi escalado para atravessar o corredor polonês da mídia ao longo desta semana, mas a verdadeira crise envolve a forma desastrada com que se substituiu o ministro-general Eduardo Pazuello do Ministério da Saúde. Por todos os lados, a deselegância do governo e a birra da imprensa fizeram que finalmente os mandos e desmandos do governo chegassem aos quartéis. Os generais da ativa estão decepcionados.
O gaúcho Ernesto Araújo, ministro das Relações Exteriores, foi escalado para atravessar o corredor polonês da mídia ao longo desta semana, mas a verdadeira crise envolve a forma desastrada com que se substituiu o ministro-general Eduardo Pazuello do Ministério da Saúde. Por todos os lados, a deselegância do governo e a birra da imprensa fizeram que finalmente os mandos e desmandos do governo chegassem aos quartéis. Os generais da ativa estão decepcionados.

Pilatos no credo

O chanceler entra nesse torvelinho como Pilatos no credo, pois embora tenha cumprido fielmente sua missão com a base ideológica do grupo que representa no governo, patrocinou provocações de seu parceiro e assessor do presidente da República, Filipe Martins (foto), tidas como desnecessárias. Postura ainda inexplicada (com que propósito?) às costas do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), diante das câmeras. Saiu-se com um gesto obsceno, ofensivo à comunidade LGBT nacional e, pela posição dos dedos e da mão, evocando à supremacia branca norte-americana, provocando os movimentos negros no Brasil. Algo tão espalhafatoso que, no dia seguinte, falou-se mais dele que das gaguejadas e escorregões do ministro diante de um grupo de senadores implacáveis. E assim o general ficou submerso. Mas a questão está fervendo.

Guerra defensiva

No meio militar, a gestão de Pazuello é considerada eficiente, capaz de minimizar danos, de encaminhar uma organização suficiente para absorver a fase da guerra defensiva contra o vírus e de preparar a contraofensiva, quando chegassem as vacinas - realmente o único remédio de efeito maciço. O general passa o bastão para o médico no ritmo capaz de recuperar o tempo perdido. Só falta a vacina, mas o precioso líquido está vindo, tanto das grandes fábricas em vias de entrarem em operações, na Fiocruz e no Butantã, como de importações. Mas não acaba assim, pacificamente.

Saco de pancadas

O que irrita os militares é que ao servir de saco de pancadas para irascíveis analistas e comentaristas da tevê a cabo, as deficiências sistêmicas da máquina sucateada do Ministério da Saúde foram atribuídas à incompetência do Exército, uma das instituições com atuação mais eficiente de socorro a flagelos, desde secas no Nordeste a epidemias (como a cólera). Produto do desconhecimento dos jornalistas, dizia-se. Os generais não se conformam com o abandono do sistema de comunicação do governo. Nos primeiros dias de sua gestão, quando ainda interino, o general chegou a contratar uma equipe profissional, logo dispensada pelo Palácio do Planalto. Daí em diante, nunca mais saiu do pelourinho.

Batata quente para Bolsonaro

Não bastassem tantos dissabores, Pazuello está respondendo a um processo surrealista: ele foi culpado pela falta de oxigênio em hospitais de Manaus, num estado e numa cidade com governos funcionando. A ação, aceita pelo ministro da Suprema Corte Ricardo Lewandowski, foi a gota d'água. Algo que, como diria o senador Renan Calheiros (MDB-AL), seria desclassificado, rejeitado e engavetado por um juizinho de primeira instância, chega ao Supremo turbinado pela força dos holofotes. Efeito Big Brother, disse um comentarista. Batata quente para Jair Bolsonaro.
 
Conteúdo Publicitário
Leia também
Comentários CORRIGIR TEXTO