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Repórter Brasília

- Publicada em 14 de Fevereiro de 2021 às 23:25

Centrão profana obra de Niemeyer

Comitê de Imprensa, que integra edificação histórica tombada, será descaracterizado por Arthur Lira

Comitê de Imprensa, que integra edificação histórica tombada, será descaracterizado por Arthur Lira


MARYANNA OLIVEIRA/CÂMARA DOS DEPUTADOS/JC
Salvar um patrimônio Cultural da Humanidade das pás e picaretas do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP), é a articulação que entidades e lideranças da imprensa, patrões e empregados, estão em vias de propor ao Supremo Tribunal Federal, no sentido de impedir que a obra de Oscar Niemeyer seja profanada. Ao destituir o Comitê de Imprensa, o líder do Centrão não estaria apenas botando abaixo parte de uma edificação histórica tombada, protegida pela legislação, mas também um conceito, pois ao situar aquela repartição nesse local, o arquiteto expressava um conceito de respeito e interação com a opinião pública nacional. É um primeiro passo de um atentado à democracia.
Salvar um patrimônio Cultural da Humanidade das pás e picaretas do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP), é a articulação que entidades e lideranças da imprensa, patrões e empregados, estão em vias de propor ao Supremo Tribunal Federal, no sentido de impedir que a obra de Oscar Niemeyer seja profanada. Ao destituir o Comitê de Imprensa, o líder do Centrão não estaria apenas botando abaixo parte de uma edificação histórica tombada, protegida pela legislação, mas também um conceito, pois ao situar aquela repartição nesse local, o arquiteto expressava um conceito de respeito e interação com a opinião pública nacional. É um primeiro passo de um atentado à democracia.

Muralha de proteção

Ao determinar a destruição do Comitê de Imprensa, localizado ao lado do plenário, simbolicamente representando um laço indissolúvel entre Parlamento e opinião pública, Lira está criando uma muralha para se proteger de sua própria biografia. Réu de processos capitulados no Código Penal, o novo presidente, levado ao cargo pelo baixo clero da Câmara Baixa, está procurando uma rota de fuga, uma forma um tanto grosseira de se esquivar de perguntas irrespondíveis. Olhando para o passado recente, o presidente da Câmara imagina que as passagens secretas que mandou construir (como nos castelos medievais) possam bastar para se escafeder sorrateiramente e se escapar de onde figuras com trajetórias semelhantes, como Severino Cavalcanti, que teve que renunciar, e Eduardo Cunha, tirado de sua cadeira presidencial diretamente para o fundo de celas, atrás das grades.

O "bota-abaixo" na calada

Arthur Lira está se aproveitando de uma situação inédita na história do Parlamento: devido à pandemia, o prédio foi fechado. Somente parlamentares e funcionários essenciais têm acesso ao Palácio Legislativo. Com isso, valendo-se da interdição, ele pode mandar seus pedreiros desfigurarem parte do edifício sem temer manifestações que, inevitavelmente, bloqueariam o "bota-abaixo". Não fosse isso, o Salão Verde e as próprias instalações do comitê seriam ocupadas pelos repórteres, por figuras do mundo cultural, por grupos e pessoas que respeitam a memória e o orgulho nacional. Essa é a questão: Lira está enxovalhando a memória do Niemeyer que, ao lado de Aleijadinho, é dos maiores e mais respeitados construtores da História do Brasil.

Canetada fugaz

O construtor de Brasília, cidade patrimônio da Humanidade, tombada pelas Nações Unidas, foi, em seu tempo, o maior e mais famoso arquiteto vivo de todo o planeta. Triste destino ser desrespeitado por uma canetada de uma figura fugaz, que sequer deverá figurar na História do Brasil, como ficaram outros antecessores nesse mesmo cargo. Esses que, nos tempos modernos, respeitaram a metrópole de JK na sua integridade arquitetônica e simbólica. É isto que as entidades devem argumentar e pedir a proteção do STF.

O medo dos 30 metros

Lira já tem um problema para exercer seu cargo: não pode integrar a linha de sucessão por ser réu de processo criminal. Agora, com isso, pretende eliminar a tradicional caminhada do presidente da Câmara, um trajeto de 30 metros entre o gabinete e o plenário. É disso que ele foge. O STF deve barrar a ousadia.
 
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