Menos influência das redes sociais

O crescimento de um ambiente de mais diálogo e equilíbrio, no qual se respeitam as divergências de forma mais clara, foi o que mostrou a eleição municipal de 2020. É a avaliação de parlamentares e alguns analistas políticos. O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), observa que está havendo uma influência menor das redes sociais.

Para Rodrigo Maia, "as eleições mostraram, com um sinal forte, que a sociedade continua querendo renovação, ampliação da participação das mulheres e de minorias na política". Ele defende mais democracia nos partidos, para que a sociedade possa estar melhor representada no campo político.

O senador gaúcho Lasier Martins (Podemos) afirma que "os apoios de Bolsonaro funcionaram de maneira muito fraca, e os partidos tradicionais, realmente, ressurgiram com força, como MDB, PP, DEM e PSDB". O parlamentar analisa que "a população está insatisfeita e tentando localizar figuras novas dentro dos partidos tradicionais". Os partidos que menos elegeram prefeitos no Brasil neste primeiro turno foram PMB, DC, PTC e Novo - com um cada.

Lasier considera que houve um "declínio muito forte do PT e que, em substituição, o PSOL começa a ter corpo como um provável substituto do PT". O senador julga que a "renovação mais intensa ocorreu nas câmaras municipais, já que muitos nomes tradicionais da política não foram eleitos. Os candidatos também foram prejudicados pela falta de tempo na TV, devemos revisar nossa Lei Eleitoral", finaliza.

"Penso que qualquer posicionamento ainda pode estar contaminado" pelo calor da apuração das urnas, visto que a eleição foi recente, e em muitos lugares ainda se vive o clima de segundo turno", disse o deputado federal gaúcho Daniel Trzeciak (PSDBS). Na avaliação do parlamentar, "é verdade que o maior comprometimento e responsabilidade dos meios de comunicação e redes sociais, para evitar a propagação de informações (e fake news) em massa, não produziu nenhum fenômeno político ou partidário".

O congressista observa que as redes sociais foram fundamentais para os candidatos ao Legislativo. "Acredito que tiveram sucesso aqueles candidatos que souberam se comunicar bem com a população. Isso ocorreu muito especialmente com os candidatos à reeleição. Os que tiveram melhor desempenho são os que usaram bem suas ferramentas de comunicação durante seus mandatos, e não apenas durante a campanha eleitoral", argumenta Trzeciak.

"Em 2020, existia uma grande assimetria na disputa eleitoral em meios digitais, que diminuiu nos últimos dois anos, e deixou o jogo um pouco mais equilibrado neste pleito. O poderio digital do centro, esquerda e direita esteve mais próximo neste primeiro turno, tanto pelo sucesso das estratégias de campanhas online quanto pelo cenário atípico de pandemia. Ambos os fatores contribuíram para esse nivelamento de forças no universo digital", analisa o senior partner da Esplanada Comunicação Estratégica e conselheiro do Clube Associativo dos Profissionais de Marketing Político (Camp), Cassiano Sampaio.