Os líderes da maioria dos partidos no Congresso Nacional apoiam o fim da reeleição para o Executivo. Dos 24 representantes de partidos no Parlamento, 15 defendem acabar com a possibilidade de recondução ao cargo para presidente, governadores e prefeitos, apontou uma pesquisa do Estadão/Broadcast. O presidente Jair Bolsonaro havia prometido, na campanha de 2018, o fim da reeleição para o Executivo.
Promessa esquecida
A promessa, convenientemente, esquecida por Bolsonaro, após eleito, voltou a ganhar força depois que o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), admitiu, ter errado ao dar aval à medida, que lhe permitiu ficar oito anos no poder. Uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) para proibir a recondução de presidente, governadores e prefeitos foi apresentada, na semana passada, pelo deputado Alessandro Molon (RJ), líder do PSB, inflamando as manifestações no Parlamento.
Izalci defende cinco anos
O senador Izalci Lucas (PSDB-DF, foto) foi categórico: "Eu sempre fui contra a reeleição". Ele defende a extensão do mandato para cinco anos. "Quatro anos é muito pouco para o Executivo", argumenta. O parlamentar acredita que, se a proposta for aprovada agora, pode haver chance já para as próximas eleições. "Não pode fazer durante o mandato. Só vale para os novos." Na opinião de Izalci Lucas, "há espaço para tratar de uma reforma política. O assunto está sendo discutido há 30 anos. Não é uma reforma eleitoral, é uma reforma política", acentua o tucano.
Negociar o próximo mandato
"Sou favorável ao fim da reeleição há muito tempo", afirmou o deputado federal gaúcho Lucas Redecker (PSDB). Ele acha que "os mandatos deveriam ser de cinco anos, sem reeleição para o Executivo para que a gente não tenha o hábito, não vou generalizar, mas ocorre muitas vezes, de o prefeito, o governador, ou o presidente negociar o próximo mandato. Isso atrapalharia; acho que a reeleição não é positiva."
Já para a próxima eleição
Na opinião do tucano, "a reforma política poderia já estar valendo para a próxima eleição". Defende que "a reforma política se faz necessária o mais rápido possível". Avalia que, "agora, com a reforma tributária e a reforma administrativa, a reforma política não pode sair desse caminho das reformas. Se conseguirmos aprovar já para a próxima eleição, seria muito importante", acentuou Lucas Redecker.
Centrão dividido
Maior bloco de partidos da Câmara, com 205 deputados, o Centrão se divide sobre o tema. Enquanto no PTB, no Republicanos e no PL, a opinião é favorável a acabar com a possibilidade de reeleição no País, o líder do Solidariedade, deputado Zé Silva (MG), defende manter a regra atual. Já no PP, o presidente da legenda, senador Ciro Nogueira (PI), ficou em cima do muro.