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Repórter Brasília

- Publicada em 16 de Agosto de 2020 às 21:49

Raposas no galinheiro

Presidentes da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ, à direita), e do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP) focam na reforma administrativa

Presidentes da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ, à direita), e do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP) focam na reforma administrativa


WILSON DIAS/ABR/JC
A reforma administrativa vem aí. Esta vai ser a semana dos barnabés, apelido antigo para os funcionários públicos. Foi o que disseram os presidentes da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), na porta do Palácio da Alvorada.
A reforma administrativa vem aí. Esta vai ser a semana dos barnabés, apelido antigo para os funcionários públicos. Foi o que disseram os presidentes da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), na porta do Palácio da Alvorada.

Fura-teto

Essa é a reforma que derrubou todo o segundo escalão do ministro Paulo Guedes e que levou o ministro à lona na quarta-feira. O "Posto Ipiranga" foi salvo pelo gongo do presidente Jair Bolsonaro, que trouxe, para prestigiar o czar da economia, seus desafetos no gabinete, os ministros "fura-teto", Rogério Marinho, do Desenvolvimento Regional, e Tarcísio Gomes Freitas, da Infraestrutura.

Paz até as eleições

Os dois ministros estão querendo dinheiro para obras e quitação das contas de empreiteiros e fornecedores. De quebra, para garantir que não haveria cascas de banana no corredor escuro, abriu os microfones para os dois chefes do Legislativo jurarem que não vão deixar os deputados e senadores criarem despesas sem base na arrecadação. Não passa nada que derrube o equilíbrio fiscal. Guedes fica. Paz até as eleições de novembro.

Funcionários públicos

O desafio está lançado: terão os políticos tutano para mexer nas "conquistas" da classe dos servidores? Até hoje, desde que o rei Dom Manuel, de Portugal, recebeu um jabuti, pendurado na célebre carta do descobrimento de Pero Vaz e Caminha (1500), pedindo um emprego para seu genro, somente o gaúcho Getúlio Vargas, nos primeiros momentos da Revolução de 1930, conseguiu dar uma tesourada na classe dos funcionários públicos.

Missão impossível

A missão impossível é cortar gastos. Como tudo isso se resume em reduzir despesas e a folha de pessoal, o rombo das estatais, constituem o maior sorvedouro da arrecadação, aí está a Muralha de Adriano. Nos anos 1930, numa sucessão de reformas fatiadas, chegou-se ao Departamento Administrativo do Serviço Público (Dasp), em 1938, organizado pelo pelotense Luís Simões Lopes, que ficou sete anos no cargo, até 1945. Deu tempo de arrumar a casa. Depois disso, nunca mais.

Difícil reforma administrativa

A semana passada fechou com a debandada dos últimos remanescentes originais do segundo escalão do Ministério da Economia, justamente aqueles ligados à reforma administrativa: Salim Mattar, da Secretaria de Desestatização, e Paulo Ubel, secretário de Desburocratização, Gestão e Governo Digital. Os dois eram encarregados de fechar o ralo das contas públicas. Vindos do setor privado, os dois foram encarregados de fazer a reforma do serviço público, com ênfase em dois pontos: reduzir despesas e aumentar a eficiência, dois inimigos figadais dos funcionários concursados da administração direta ou estáveis e "imexíveis", que povoam as três esferas do Estado: federal, estadual e municipal.

Funcionários de carreira no comando

Rapidamente o ministro providenciou a substituição dos fugitivos. Levou dois especialistas: Diogo Mac Cord, para a Desestatização, que estava na Secretaria de Desenvolvimento e Infraestrutura do próprio ministério; e Caio Andrade, para a Desburocratização, que era o presidente do Serpro. Dois funcionários de carreira do serviço público federal. Integrantes da elite do serviço púbico. Raposas cuidando do galinheiro.
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