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Mobilidade urbana

- Publicada em 16 de Fevereiro de 2021 às 20:45

Grilo aposta no conceito de micromobilidade

Novaes idealizou negócio a partir da própria experiência como pedestre e usuário de apps de transporte

Novaes idealizou negócio a partir da própria experiência como pedestre e usuário de apps de transporte


TIAGO TRINDADE/DIVULGAÇÃO/JC
Micromobilidade é o conceito atribuído para viagens de curta distância feitas com veículos pequenos e motorizados. Difundido a partir de 2017 por Horace Dediu, um analista de mercado baseado nos Estados Unidos que pesquisa transportes, o termo é formado pelas palavras micro, que tanto pode representar o tamanho do veículo como a distância percorrida na viagem, e mobilidade, que para ele é "a habilidade e a liberdade" de se mover.
Micromobilidade é o conceito atribuído para viagens de curta distância feitas com veículos pequenos e motorizados. Difundido a partir de 2017 por Horace Dediu, um analista de mercado baseado nos Estados Unidos que pesquisa transportes, o termo é formado pelas palavras micro, que tanto pode representar o tamanho do veículo como a distância percorrida na viagem, e mobilidade, que para ele é "a habilidade e a liberdade" de se mover.
Ao redor do mundo esse modelo tem se tornado conhecido pelo uso compartilhado de bicicletas e patinetes elétricas, com a proposta de cobrir a "primeira ou última milha" do trajeto - por exemplo, o caminho entre a casa e a parada de ônibus e desta até o local de trabalho. Trechos como esses podem ser longos demais para serem feitos a pé e ao mesmo tempo muito curtos para usar outro veículo motorizado.
Aí está a chave do conceito, explica Dediu em artigo no seu site: distâncias curtas são melhor percorridas com veículos pequenos. Mas basta olhar para as ruas para perceber que essa não é a realidade do nosso trânsito. Com a carência de infraestrutura que estimule a micromobilidade ou o uso da bicicleta convencional, o analista reconhece a dificuldade de se realizar viagens curtas, que acabam sendo até mais caras na relação custo por distância.
É nesse espaço que quer se inserir o Grilo - um triciclo motorizado com cabine verde que circula pelas ruas de Porto Alegre. Com sete meses de operação, o aplicativo de mobilidade e tecnologia que nasceu aqui mesmo se coloca no mercado como uma opção para pequenas distâncias, sendo mais sustentável que os automóveis tradicionais e mais seguro que os veículos compartilhados, especialmente para pessoas com mobilidade reduzida.
"A inspiração não veio do modal, mas pelo desejo em empreender e pela minha experiência como pedestre e usuário de transporte via app", conta Carlos Novaes, idealizador e diretor executivo do Grilo. A avaliação começou em 2019, quando Porto Alegre esteve na rota de operação das bicicletas e patinetes elétricas. Na dinâmica do dia a dia, ele percebeu que as opções disponíveis não eram adequadas para idosos, por exemplo.
Do questionamento "como assim a micromobilidade não é para todos?" partiu a busca pelo veículo, pesquisa que levou Novaes a outros países até decidir pelo modelo que circula hoje pela capital gaúcha, produzido exclusivamente para a operação aqui.
Apesar da semelhança com o tuk-tuk ou moto-táxi - comum na Índia e na China e presente na imaginação mesmo de quem nunca esteve lá - o empreendedor destaca uma diferença pouco evidente, mas muito importante: enquanto os primos asiáticos são movidos à combustão, o Grilo é 100% elétrico. Por isso, não emite poluentes enquanto circula e quase não tem ruído.
Outras características são a cabine fechada, lugar para duas pessoas sentadas além do condutor profissional (ou seja, não é o usuário quem vai pilotar o triciclo) e cinto de três pontos, conforme exigência do Denatran. Ainda assim, não cabe equiparar a um carro: sem caixa para motor nem bagageiro, o Grilo tem pouco mais que a metade do tamanho de um automóvel compacto (Ka ou Uno). Além disso, pesa menos de meia tonelada e a velocidade máxima não passa de 50 km/h, outros dois critérios que permitem seu enquadramento como veículo de micromobilidade.

Meta ambiciosa e busca por investimentos

Em 11 de julho do ano passado, dois "Grilos" circularam pela primeira vez no Moinhos de Vento coletando doações para ONGs. Agora já são 18 veículos em dez bairros de Porto Alegre atendendo chamadas pelo aplicativo. E a meta é ambiciosa: colocar 15 mil veículos nas ruas de pelo menos sete cidades brasileiras nos próximos cinco anos.
Ao lado de Carlos Novaes, que é diretor executivo, completam o trio de co-fundadores Leonor Moura como diretora de operações e João Vitor Tavares como diretor de tecnologia. Os sócios não informam quanto foi investido para tirar o projeto do papel, apenas que foi recurso próprio.
Para seguir crescendo e expandir a atuação, o Grilo demanda mais recurso, que é buscado em rodadas de apresentação a potenciais investidores. "Precisa de um ambiente disposto ao pragmatismo da inovação, e não do capitalismo extremo, que quer investir e ter resultado no mesmo ano. A inovação tem outro tempo", sustenta Novaes.

Dar um pulo

Ao invés de chamar uma corrida, o usuário é convidado pelo aplicativo a "dar um pulo" até o destino. A forma popular de falar que dá sentido à marca Grilo. Aliás, um "cricri", som característico do inseto, informa quando a corrida é confirmada, e os condutores são chamados de "grilos credenciados". Quando não está em operação, o triciclo fica em uma base na Avenida Voluntários da Pátria, onde a bateria é recarregada. O valor inicial da corrida é R$ 4,89 - para usar, é preciso baixar o aplicativo no smartphone e cadastrar um cartão de crédito.