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Reverter o déficit da humanidade com o planeta passa por mudanças de atitudes de empresas e governos para reduzir significativamente a emissão de gases poluentes e a extração de recursos naturais. A Global Footprint Network estima que nos dias de hoje é preciso 1,6 planetas para dar conta do nosso consumo de recursos naturais.
Contudo, o debate ambiental ainda é visto como uma preocupação de nicho e estigmatizado mesmo entre gestores públicos, avalia Débora Gallas, doutoranda em Comunicação na Ufrgs. "A pauta ambiental é tida como supérfluo e que a preocupação primeiro tem que ser com a sustentabilidade econômica. Mas o meio ambiente está ligado com as variáveis política e econômica, não é nicho", alerta.
Gallas integra o Grupo de Pesquisa em Jornalismo Ambiental Ufrgs/CNPQ, que avalia a cobertura jornalística dessa temática. Sob essa ótica, o Dia da Sobrecarga da Terra é uma ferramenta didática para entender qual é o nosso impacto no planeta e uma oportunidade de trazer a pauta ambiental para o debate público.
Porém, a falta de abordagem crítica do tema pela imprensa gera a sensação de que não há alternativa para o rumo que a humanidade vem tomando nos últimos anos, alerta a vice-coordenadora do Grupo de Pesquisa, Eloisa Beling Loose, em artigo sobre o tema.
Nessa linha, Gallas sustenta que mesmo as pequenas ações individuais fazem diferença na nossa relação com a natureza. Contudo, para extrapolarem o "nicho", é preciso um sistema que incentive as pessoas a tomar essas atitudes. "É papel do jornalismo publicizar as possibilidades", conclui.
Em 2012 o então secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-Moon, disse que "nossa luta pela sustentabilidade global será vencida ou perdida nas cidades". No contexto desta declaração estava um dado de relatório da ONU sobre cidades e mudanças climáticas: os centros urbanos geram 70% dos gases que causam o aquecimento global.
"Se nas cidades estão as emissões de dióxido de carbono e se já atingimos a sobrecarga do planeta (para o ano), a solução tem que sair das cidades", defende Rodrigo Corradi, gerente de Relações Institucionais e Advocacy do escritório Iclei da América do Sul. E sendo o município a esfera de governo mais próxima das pessoas, Corradi entende este como um dos motivos para municipalizar o debate sobre sustentabilidade.
Um caminho para isso é refletir a pauta na escolha dos gestores. É o caso de uma pessoa preocupada com o consumo consciente, que se importa se a produção é sustentável, consome menos água e é resultado de um trabalho digno, por exemplo. "Ao votar, o cidadão deve estar consciente que essas são pautas para vereadores e prefeitos e exigir ações do município", sustenta.
O Google.org, braço filantrópico da empresa de tecnologia, se propõe a ajudar as cidades a reduzir suas emissões de gás carbônico em mais de 1 bilhão de toneladas ao ano até 2025. A meta tem um horizonte mais longo e audacioso: reduzir pela metade as emissões de CO2 até 2030 e atingir a neutralidade de carbono em 2050.
Para isso, criou em 2019 um fundo que apoiará projetos locais para mudanças climáticas. No Brasil, o fundo é gerido com parceria do Iclei e contemplará quatro iniciativas não governamentais com esse foco, duas em Porto Alegre e duas em Curitiba. O edital está aberto até o dia 4 de setembro.
Rodrigo Corradi, do Iclei, explica que a aposta do Google.org é capacitar pessoas das cidades contempladas para esse trabalho. "A solução só tem capacidade de ser verdadeira quando passa pela cidadania", sustenta. Depois de pronto, o resultado será entregue ao governo local para a implementação.
Além do recurso financeiro - cada iniciativa receberá R$ 660 mil - o Google também disponibiliza acesso à plataforma EIE (Environmental Insights Explorer), que agrega dados de emissão de poluentes dos meios de transporte e do potencial de geração de energia solar em coberturas de edifícios. Acesse mais informações sobre o Action Fund no blog Pensar a cidade.