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Pensar a Cidade

- Publicada em 03 de Junho de 2020 às 00:52

Especialistas projetam como serão os novos centros urbanos

Urbanistas defendem uso misto nos bairros e discutem formação de 'vários centros'

Urbanistas defendem uso misto nos bairros e discutem formação de 'vários centros'


MATEUS BRUXEL/ARQUIVO/JC
A pandemia de Covid-19 atinge especialmente os grandes centros urbanos e suscita debates sobre como será a relação das pessoas com as cidades. Para o arquiteto e urbanista Anthony Ling, haverá espaço para as cidades como já conhecemos na volta ao convívio social.
A pandemia de Covid-19 atinge especialmente os grandes centros urbanos e suscita debates sobre como será a relação das pessoas com as cidades. Para o arquiteto e urbanista Anthony Ling, haverá espaço para as cidades como já conhecemos na volta ao convívio social.
Editor do site Caos Planejado, ele tem participado de eventos on-line sobre o futuro dos espaços urbanos após a crise de saúde provocada pelo novo coronavírus. Em muitos debates surge o tema do suposto "fracasso" das cidades no combate à doença - um dos argumentos é que a proximidade entre as pessoas dificulta o controle da sua disseminação.
Ling, ao contrário, entende a aglomeração como vantagem. "As cidades existem pelos ganhos de escala. Com muitas pessoas no mesmo lugar, o investimento per capita em infraestrutura é menor", exemplifica.
Por isso, se diz preocupado com as interpretações que, por exemplo, rechaçam o aumento de densidade em regiões mais centrais das cidades para não sobrecarregar a infraestrutura. Esse raciocínio, diz, não considera o custo financeiro e ambiental de levar infraestrutura a regiões afastadas. "É perigoso o debate de espalhar mais as pessoas porque, em última instância, significa mais uma vez dificultar o acesso a áreas centrais", pondera.
Outro lado do argumento é o surgimento de novas centralidades urbanas, tendência que ganha força com o conceito da "cidade de 15 minutos" - a ideia é que esse seja o tempo de caminhada de uma pessoa da sua casa para acesso a serviços básicos do cotidiano, inclusive trabalho.
Movimento semelhante a esse é o "policentrismo". A referência é feita pelo arquiteto e urbanista Márcio Carvalho, sócio do escritório Smart em Porto Alegre. Ele entende a formação de novos centros como um processo natural a partir da expansão das cidades.
Como exemplo, cita que a Capital, no início do século passado, tinha a Rua da Praia (nome antigo da Rua dos Andradas) como núcleo econômico e financeiro. Mais recentemente, parte dessa demanda está migrando para outras regiões, como a avenida Carlos Gomes.
Essa tendência se observa também em zonas essencialmente residenciais da cidade. Com uma parcela da população, ainda que pequena, experimentando o trabalho remoto, combinada à restrição de circulação durante a quarentena, a demanda por serviços e comércios nas proximidades se tornou mais evidente. "Serviços de bairro podem retornar na medida que esse é o 'novo normal'", projeta Carvalho.
Ling vê nesses conceitos traços de antigas teorias, como da cidade jardim ou do urbanismo moderno. Mas, diferentemente do que ambas propunham a seu tempo - o zoneamento da cidade por atividades -, vê sentido na atual narrativa que quer permitir interação entre áreas residenciais, comerciais e de serviços.
Contudo, diz que é utopia a ideia de "isolar bairros". "Sou a favor de bairros mistos e mais dinâmicos, com atividades que permitam maior autonomia. Mas tem diferença conceitual em dizer que bairros serão autônomos e, por outro lado, que pessoas não precisam sair deles para fazer suas atividades", conclui.
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