Projeto que atende moradores de rua em Porto Alegre recebe lavatório

Há cinco semanas, o projeto Amada Massa, uma padaria formada por ex-moradores de rua, distribui lanches para pessoas em situação de rua em Porto Alegre. A iniciativa conta com apoio de ONGs, que subsidiam os insumos e destinam um valor para remunerar os integrantes do projeto.

A padaria fica na Rua Sebastião Leão, nº 90, no Bairro Azenha. A entrega dos lanches é feita de segunda a quinta-feira, a partir das 11h. "Estamos aqui para ajudar a galera da rua, assim como já fomos ajudados", conta Édisson José de Souza Campos, um dos oito integrantes da Amada Massa.

Na semana passada, o projeto recebeu um lavatório construído pelo voluntário Vinícius Pereira - que já foi notícia aqui na coluna. Como não podem entrar na padaria, as pessoas recebem o lanche no pátio.

"A pia veio para somar demais. Além de água e sabão, colocamos cartaz falando da prevenção, como não dividir coisas, usar máscara e lavar as mãos", diz Veridiana Farias Machado, militante do Movimento Nacional da População de Rua no Estado, que apoia a ação.

Como está instalada no pátio, perto do portão, a pia pode ser usada mesmo quando não tiver ninguém no local, através da grade. Pereira conta que "a proposta é entregar para pessoas que queiram adotar o lavatório e se comprometam com a manutenção, com o descarte adequado da água e abastecimento de água e sabonete". Com as doações que recebeu, o voluntário já construiu e instalou oito pias em ruas de Porto Alegre e tem material para a construção de outras sete.

"Estamos ajudando (pessoas em situação de rua) e fazendo trabalho extra", conta Édisson José de Souza Campos, integrante do projeto Amada Massa. Nesse período de quarentena, o trabalho se mantém com a doação de recursos por ONGs parceiras. Com o valor recebido, conforme Campos, primeiro se pagam as contas da padaria, como aluguel do imóvel, luz e água. O restante é dividido entre os trabalhadores.

A produção e distribuição dos alimentos é um trabalho que as ONGs poderiam realizar diretamente, mas encontraram nessa parceria uma forma de compensar a perda de renda que os trabalhadores tiveram como consequência da pandemia de Coronavírus.

"Ideia era pagar a eles para produzirem os lanches, e eles propuseram também distribuir", conta Jacqueline Junker, professora na Escola Porto Alegre (EPA), que é referência no atendimento à população de rua, e integrante da ONG Centro Social da Rua.

Além da entrega no pátio da padaria, parte do lanche é levado por até as pessoas que estão nas ruas. Essa postura dá a eles o protagonismo de ajudar pessoas que se encontram hoje na mesma condição em que estavam antes de iniciar o projeto, explica a educadora social Veridiana Farias Machado.

"Estamos conseguindo fazer com que essas oito pessoas não voltem para a (situação de) rua, gerando renda para eles, o que é muito importante", destaca Letícia Andrade, coordenadora adjunta da Centro Social da Rua.

Nas quatro primeiras semanas, foram entregues 5,4 mil lanches. O custo semanal dessa ação é cerca de R$ 2,8 mil e contempla o pagamento de contas fixas, divisão de recurso entre os integrantes da padaria e compra de insumos.

Doações para ajudar a manter esse trabalho podem ser feita em qualquer quantia em dinheiro no Banco do Brasil, Agência 1899-6, Conta 59076-2, CNPJ 28.867.980/0001-43, em nome de Centro Social da Rua (razão social).

São parceiras da iniciativa as ONGs Centro Social da Rua, Moradia e Cidadania (de empregados da Caixa), Escola Porto Alegre (com recursos que recebe de doação) e Movimento Nacional da População de Rua.