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Opinião Econômica

- Publicada em 08 de Maio de 2022 às 19:03

Estamos mais pobres; e isso também derruba ações

 Marcos de Vasconcellos - Jornalista, assessor de investimentos e fundador do Monitor do Mercado

Marcos de Vasconcellos - Jornalista, assessor de investimentos e fundador do Monitor do Mercado


/KARIME XAVIER/FOLHAPRESS/JC
Marcos de Vasconcellos
Jornalista, assessor de investimentos e fundador do Monitor do Mercado
Jornalista, assessor de investimentos e fundador do Monitor do Mercado
Ir ao supermercado tem sido uma tarefa inglória para quem tem a sorte de frequentar tais ambientes.
Em cinco anos, o real perdeu 30% do seu valor de compra, de modo geral. Hoje, a cesta básica já custa mais da metade do salário-mínimo (atualmente, de
R$ 1.212) na maioria das capitais.
Em São Paulo, onde seus itens sofreram um aumento de mais de 21% em um ano, a cesta básica já custa R$ 803, comprometendo 71,9% do salário-mínimo, de acordo com dados do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos).
A alta dos preços chegou a esse pico justamente quando a renda média nas metrópoles brasileiras atingiu R$ 1.378,35. O nível mais baixo da série histórica, feita desde 2012.
E isso é a média, vale frisar.
O levantamento, feito pelo Observatório das Metrópoles, com dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), deixa claro que os mais pobres ainda não conseguiram recuperar o patamar de renda do começo de 2020, antes da pandemia do coronavírus.
Caso não tenha ficado claro: o preço dos alimentos necessários à subsistência de uma família (essa é a definição de cesta básica) subiu mais de 20% em um ano, em 14 das 17 capitais pesquisadas, enquanto a renda média caiu quase 2,5%.
A comparação escancara o alto comprometimento financeiro para ter a alimentação mínima recomendada.
E nem falo de alimentos altamente recomendáveis no campo nutricional. A composição da cesta básica está definida em uma lei de 1938, assinada pelo então ditador Getúlio Vargas.
Os elevadíssimos custos da alimentação esperam nova alavancagem. A Guerra da Ucrânia está travando a exportação de 25 milhões de toneladas de grãos que sairiam do País, de acordo com a ONU (Organização das Nações Unidas).
A Índia, segundo maior produtor de trigo do mundo, enfrenta uma onda de calor recorde, que ameaça sua safra. E a briga pelos fertilizantes continua, enquanto a questão entre Rússia e Ucrânia não é definida.
Acrescente à equação a alta da taxa básica de juros (Selic), que acaba de atingir o histórico patamar de 12,75% ao ano. O resultado é a impossibilidade de prever qualquer aumento na venda de eletrodomésticos, móveis, eletrônicos e outros produtos que dão boa margem de lucro para as lojas e movimentam a indústria.
Assim, olhando o mundo a partir do carrinho de supermercado, fica fácil entender por que as ações de Magazine Luiza, da Via (dona das Casas Bahia) e das Lojas Americanas caíram tanto neste ano.
Os papéis MGLU3 despencaram 35,7%, os VIIA3, levaram um tombo impressionante de 44%, enquanto os AMER3 caíram 27% - são empresas que têm dificuldade em repassar o aumento de custos para o cliente final.
Quem topa um carnê para trocar a mobília em tempos de disparada de preços e juros, aliada à queda na receita das famílias?
Marcos de Vasconcellos
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