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Opinião Econômica

- Publicada em 08 de Junho de 2020 às 22:25

Aposentado e cheio de vida

Opinião Econômica: Marcia Dessen

Opinião Econômica: Marcia Dessen


/ARQUIVO/JC
Marcia Dessen
Planejadora financeira CFP ("Certified Financial Planner"), autora de "Finanças Pessoais: o que fazer com meu dinheiro"
Planejadora financeira CFP ("Certified Financial Planner"), autora de "Finanças Pessoais: o que fazer com meu dinheiro"
Aposentadoria assusta, tanto pela perspectiva da velhice quanto pela inatividade, deixar de pertencer a um emprego ou empreendimento de uma vida inteira.
A palavra aposentadoria deriva de pousar, do latim "pausare", "parar para descansar". No sentido figurado, "que não é mais utilizado", "que perde a serventia".
Talvez o significado, pouco atraente, ajude a entender por que muitos se recusam a pensar na aposentadoria e se preparar emocional e financeiramente para essa fase da vida.
Nestes tempos de pandemia, retomei o hábito saudável da leitura, sempre útil para novos conhecimentos e reflexões. A inspiração para o artigo de hoje veio do livro "Ikigai, os Segredos dos Japoneses para uma Vida Longa e Feliz". Nele, os autores Héctor García e Francesc Miralles relatam o estilo de vida dos japoneses centenários, que ultrapassam a casa dos cem anos de idade ativos e satisfeitos até o fim da vida.
O conceito da palavra "ikigai", uma junção de termos que significam "vida" e "valer a pena", parece ser uma das razões para a extraordinária longevidade dos japoneses, sempre em busca de um propósito para sua existência.
Um dos segredos dessa vida longeva e feliz, além da alimentação saudável e da prática de exercícios físicos, é o fato de que eles não se aposentam, seguem trabalhando naquilo que gostam de fazer. Costumam manter ao menos duas atividades ao longo da vida. Quando uma delas se esgota, a outra se mantém.
Não existe na língua japonesa uma palavra que signifique "aposentar-se", no sentido de retirar-se para sempre, como temos no Ocidente. Muitos se dedicam, por exemplo, à horticultura, que, além de mantê-los ativos, fazendo o que gostam de fazer, permitirá uma fonte de renda ou de troca, uma atividade que pode ser mantida quando o vínculo de um trabalho formal deixar de existir.
Vamos voltar para o tema da aposentadoria e tentar entender a negação em relação ao assunto. Aposentadoria remete à velhice. Velhice remete à morte. Embora ambas sejam naturais e façam parte da vida, não é prazeroso pensar nem em uma coisa nem em outra.
Talvez essa seja a razão pela qual muitos se recusam a pensar no assunto e preferem seguir vivendo pensando no presente, dando pouca ou nenhuma atenção ao futuro.
Não pensar na morte não altera a certeza de que morreremos um dia, só não sabemos quando. Se planejamos a aposentadoria, podemos decidir como será nossa velhice, como nos manteremos ativos, físico, mental e espiritualmente, nessa fase da vida, como nos ensinam os longevos cidadãos japoneses, especialmente os habitantes do povoado Ogimi, uma área rural de 3.000 habitantes da ilha de Okinawa.
Ikigai é um conceito japonês que, segundo um filósofo francês, pode ser entendido como razão de ser, o ponto em que paixão, missão, vocação e profissão se encontram e a chave para uma vida longa e feliz.
Um dos segredos dos habitantes desse povoado é a sensação de pertencimento à comunidade. Desde pequenos eles praticam o trabalho em equipe, que os ensina a ajudar uns aos outros.
Os tempos de pandemia e isolamento são perfeitos para refletirmos sobre o nosso ikigai, propósito para acordar todas as manhãs com disposição e alegria. E refletir como nossas atitudes e recursos podem ajudar a moldar o mundo que queremos ver.
 
Marcia Dessen
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