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Opinião Econômica

- Publicada em 11 de Março de 2019 às 22:26

Não existe bala de prata


/Arquivo/JC
A expansão de apenas 1,1% do PIB (Produto Interno Bruto) no ano passado foi mais um sinal da profunda anemia da atividade econômica, 18 trimestres depois da brutal recessão de 2015 e 2016.
A expansão de apenas 1,1% do PIB (Produto Interno Bruto) no ano passado foi mais um sinal da profunda anemia da atividade econômica, 18 trimestres depois da brutal recessão de 2015 e 2016.
A estagnação anormalmente duradoura da economia, com sérias sequelas sobre a infraestrutura, a produção e o emprego, revela problemas com raízes muito mais profundas do que sugerem as avaliações ora em voga.
O Brasil padece, acima de tudo, da disfuncionalidade de um Estado inchado, provedor de renda à maioria da população, algo como 44% dela, entre funcionários, beneficiários de programas sociais e aposentados, segundo dados oficiais.
Isso evidencia a impotência das políticas econômicas de sucessivos governos para impulsionar o investimento, que é o que move de forma sadia o crescimento, e criar emprego, o seu propósito-fim. Essa é a reflexão de que carecemos.
Não pode ser assunto restrito aos gabinetes de Brasília e às cátedras da academia. Apesar da altíssima carga tributária (32% do PIB), do Orçamento federal tendendo ao sexto ano de déficit primário (aquele que exclui juros da dívida) e da dívida pública em níveis recordes, o que se vê é a infraestrutura viária sucateada, a educação e a saúde com resultados sofríveis, governos estaduais insolventes.
Essa lista basta, por si, para indicar décadas de erros acumulados, como demonstram as tragédias perfeitamente evitáveis neste início de ano.
Reformas como a da Previdência devem ser perseguidas com tenacidade, mas elas não são panaceia para nossas mazelas. O Brasil precisa de mais, a começar pelo questionamento dos postulados que têm regido a gestão da macroeconomia, travando o crescimento, e visão de longo prazo, que nos permita ver um país obstinado em equacionar suas carências básicas. E não só: empenhado em incentivar o salto tecnológico da governança pública e das empresas.
É um contraponto à agenda superficial sobre os problemas nacionais mais agudos.
Não se conhece, por exemplo, um plano factível para tirar a educação da mediocridade. Tampouco existem políticas efetivas para inserir a economia no mercado global, induzindo as empresas a buscar padrões de excelência. Nem sequer há diretrizes para acompanhar as tendências tecnológicas que estão desenhando o mundo atual, enquanto continuamos no passado.
Uma reviravolta em tal cenário exige mudança de mentalidade e reversão do isolamento cultural, científico e ambiental. As dificuldades não serão resolvidas com recados no Twitter, sugerindo, por vezes, que o presidente se opõe às formulações de sua equipe econômica.
Não há balas de prata contra os problemas multifacetados que afligem a população - e essa verdade não pode ser camuflada, apesar de seu provável custo político.
A construção do progresso requer liderança firme e disposta para enfrentar interesses contrariados. Quanto mais lenta for a transformação, maior será a deterioração do caminho da prosperidade. Sem a consciência de que a origem de nossos males se encontra no setor público e na falta de um plano arrebatador, estaremos fadados a manter a degradante posição de vanguardista do atraso.
Empresário, conselheiro da Natura
 
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