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Opinião Econômica

- Publicada em 10 de Dezembro de 2018 às 01:00

Não mexa na poupança antiga!

Opinião Econômica: Marcia Dessen

Opinião Econômica: Marcia Dessen


/ARQUIVO/JC
Marcia Dessen
A poupança, coitada, a queridinha de muitos investidores brasileiros, é massacrada pelos que tentam demonstrar a vantagem de outros produtos em relação a ela e quanto se deixa de ganhar em aplicações mais rentáveis.
A poupança, coitada, a queridinha de muitos investidores brasileiros, é massacrada pelos que tentam demonstrar a vantagem de outros produtos em relação a ela e quanto se deixa de ganhar em aplicações mais rentáveis.
No artigo da semana passada, "Black Friday & Investimentos", alertei sobre anúncios inadequados e imprecisos, capazes de induzir a erro de avaliação e tomada de decisão pouco consciente.
Os anúncios que argumentam contra a poupança deixam de mencionar a que poupança se referem, esquecendo, convenientemente, que existem duas modalidades.
A poupança antiga mantém sua rentabilidade inalterada em 0,5% ao mês (6,17% ao ano), qualquer que seja a taxa Selic vigente, sendo aplicável ao saldo existente em 3/5/2012, data em que o governo alterou a regra da rentabilidade para novos depósitos.
Equivocam-se os que acreditam que ao longo desses seis anos todo o dinheiro já foi sacado. Muitos resistiram bravamente ao assédio e mantêm o direito de receber essa rentabilidade sobre o saldo existente na época.
A nova poupança se refere a contas abertas e aos depósitos feitos nas contas antigas, a partir de 4/5/2018. Nesse caso, a rentabilidade será igual à da poupança antiga quando a Selic ultrapassar 8,5% ao ano e de 70% da Selic quando igual ou inferior a 8,5% ao ano.
A TR foi ignorada nos dois casos, considerada nula.
Livre do Imposto de Renda e de tarifas, a rentabilidade da poupança é líquida, sendo a única aplicação financeira isenta de custos. As demais aplicações disponíveis, mesmo as isentas de IR, como a LCI e LCA, não são totalmente livres de custo, por vezes disfarçados no spread da operação.
Vamos comparar o rendimento da poupança antiga com outras aplicações considerando as seguintes premissas: Selic de 6,50% ao ano, CDI de 6,40% ao ano, ambas estáveis nos próximos 12 meses, e Imposto de Renda de 15%, aplicável a operações de prazo superior a 24 meses; e apurar o ponto de inflexão do rendimento da poupança antiga em relação às demais.
Tesouro Selic (Tesouro Direto) paga 100% da taxa Selic, mas cobra taxa de 0,30% ao ano (taxa de custódia da B3) e IR. O rendimento líquido é de 5,27% ao ano, 0,9 ponto percentual abaixo do da poupança antiga.
LCI, LCA e qualquer outro ativo isento de IR, como as debêntures de infraestrutura, devem pagar 96,4% do CDI para atingir 6,17% e empatar com a poupança antiga.
Os bancos de grande porte são pouco competitivos e remuneram na faixa de 80% do CDI. As instituições de pequeno e médio porte pagam mais, se aproximando do que a poupança antiga paga, mas o investidor fica exposto ao risco de crédito e deve observar atentamente o limite do FGC (Fundo Garantidor de Créditos), lembrando que as debêntures não contam com essa proteção.
Fundos de investimento ou planos de previdência (sem taxa de carregamento), classe Renda Fixa DI, perdem para a poupança antiga, qualquer que seja a taxa de administração. O pagamento de Imposto de Renda já é suficiente para tornar as modalidades pouco competitivas. Quanto maior a taxa de administração, menor será a rentabilidade líquida do investidor.
Aplicações em CDB (Certificado de Depósito Bancário) ou LC (Letra de Câmbio), ambas sujeitas ao IR, devem pagar 113,5% do CDI para empatar com a poupança antiga. Elevado risco de crédito potencial para ganhar a mesma coisa...
Uma nova reflexão pode e deve ser feita quando e se a Selic superar o patamar de 8,5%.
Planejadora financeira CFP, autora de "Finanças Pessoais: O Que Fazer com Meu Dinheiro"
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