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Opinião Econômica

- Publicada em 05 de Dezembro de 2018 às 22:00

Passos de tartaruga

Opinião Econômica: Laura Carvalho

Opinião Econômica: Laura Carvalho


/Arquivo/JC
Após a divulgação dos números do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) referentes ao terceiro trimestre do ano, as instituições financeiras que compõem o Boletim Focus reduziram mais uma vez suas expectativas de crescimento da economia brasileira em 2018: agora, a mediana das projeções caiu de 1,39% para 1,32%.
Após a divulgação dos números do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) referentes ao terceiro trimestre do ano, as instituições financeiras que compõem o Boletim Focus reduziram mais uma vez suas expectativas de crescimento da economia brasileira em 2018: agora, a mediana das projeções caiu de 1,39% para 1,32%.
Tais projeções giravam em torno de 2,6% no fim do ano passado e chegaram a 2,9% em março deste ano, antes da paralisação dos caminhoneiros.
Os dados da produção industrial divulgados na terça-feira (4) também decepcionaram: a alta foi de apenas 0,2% em outubro, ante projeções que giravam em torno de 1,2%.
Há exatamente um ano, em 7/12/2017, em coluna nesta Folha, alertava para o que poderia ser a mais lenta recuperação da história das crises brasileiras. Utilizando projeções --pessimistas à época-- de 2% ao ano de crescimento a partir de 2018, estimei que o PIB pré-crise só seria atingido em 2021, somando 20 trimestres de recuperação.
O que os mais recentes números sugerem é que a mais lenta recuperação da história das crises pode ser ainda mais lenta. Se a atividade econômica está 5% abaixo do pico de 2014, o Brasil terá de crescer um pouco mais de 2,5% ao ano para que sua economia comece o ano de 2021 no patamar que tinha antes do início da crise --um ritmo maior do que o observado entre 2011 e 2014 ou entre 1999 e 2002, por exemplo.
Mas o que está limitando nossa capacidade de recuperação? Primeiro, não há muitas razões para otimismo no mercado interno. Diante de uma capacidade ociosa ainda elevada, empresários endividados não veem razão para a realização de novos investimentos.
Consumidores, por sua vez, ainda estão lidando com o desemprego elevado, o baixo crescimento dos salários e as dívidas contraídas no passado. O efeito de medidas que funcionaram em 2017, como o saque de contas inativas do FGTS e do PIS-Pasep, infelizmente, é temporário.
Em cenários como esse, é necessário que a injeção de ânimo venha de outro lugar. Mas, se, de um lado, o resto do mundo está em plena desaceleração e corre um risco cada vez maior de entrar em uma nova crise, de outro, o Estado brasileiro está com as mãos atadas.
Mesmo se a reforma da Previdência for aprovada, as economias geradas não serão rápidas e nem grandes o suficiente para impedir que o teto de gastos comprima cada vez mais os investimentos públicos e outras despesas com efeito multiplicador elevado sobre a renda e o emprego.
Os investimentos realizados atualmente pelo governo já não são suficientes nem para repor a depreciação do capital (manutenção de estradas, viadutos e pontes, por exemplo), o que tende a piorar nos próximos anos.
Não à toa, o setor de construção civil registrou o 18º trimestre com desempenho negativo na comparação com igual trimestre do ano anterior, sendo o maior prejudicado pela crise.
Professora da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da USP
 
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