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Opinião Econômica

- Publicada em 03 de Dezembro de 2018 às 22:52

O embaixador Sig Bergamin

Opinião Econômica: Nizan Guanaes

Opinião Econômica: Nizan Guanaes


/Arquivo/JC
Conteúdo
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Por ser um decorador de elite num país com problemas sociais agudos e desigualdade cavalar, Sig Bergamin tem a sua genialidade reconhecida no mundo, mas, no Brasil, apenas nessa restrita bolha social.
A França é um país quase socialista, altamente politizado, vigilante com excessos e exibicionismos, mas que vê beleza, luxo, arquitetura e design com olhos de indústria, de branding e, portanto, como gerador de riqueza, empregos e tributos. E, portanto, como gerador de igualdade e justiça social.
É da França a maravilhosa editora Assouline, que acaba de lançar globalmente um lindo livro de 303 páginas sobre a obra de qualidade mundial de Mr. Bergamin.
A obra é mais uma prova de que o Brasil tem tudo para ser uma potência mundial do "soft power": aqueles traços culturais e identitários que projetam positivamente o poder de um país no mundo.
As paredes que Sig ergue pelo mundo estão lotadas da arte brasileira; suas salas, de nosso artesanato e design. E tudo nessas páginas cheias de cor, cor e cor gritam: o Brasil é lindo, o Brasil é inteligente, o Brasil é criativo.
Isso torna o livro do Sig uma publicidade global mais que bem-vinda. A Itália se orgulha de Valentino mesmo que suas roupas sejam um luxo para poucos neste mundo desigual. Mas Valentino vende a Itália, vende o imaginário que nos faz pagar preço extra pelo produto Itália.
O livro desse garoto pobre do interior de São Paulo, que conquistou seu lugar no mundo ralando muito, é uma aula magna de arquitetura, bom gosto, destemor, uma aula de não complexo de vira-latas. E uma prova concreta de que esta nação pode ser protagonista mundial como a Arezzo, a Osklen, o Fasano, as Havaianas, a Natura...
Por isso tudo vou escolher esse livro como meu presente de Natal, para lembrar a meus amigos lá fora que a nação de Machado de Assis é muito talentosa.
A Folha de S. Paulo fez recentemente uma bela reportagem fotográfica sobre a restauração da decoração original do Palácio da Alvorada com o mobiliário projetado por Niemeyer. As maiores figuras mundiais usaram a arquitetura e a decoração para passar sua mensagem ao mundo e seus liderados, como Juscelino, Churchill, Napoleão, os Rothschild, os Rockfeller. Astros de todas as áreas e os reis da moda usam a decoração no seu "storytelling".
Um dos sinais de que o Brasil está doente é o horror e a feiura dos prédios públicos e de tudo que é feito para o povo em geral, quando o povo de onde vem o Sig, o Boni, o Caetano e o Vik Muniz adora a beleza.
Há novas exceções que, espero, façam as novas regras. Marcelo Rosenbaum e arquitetos do grupo Alpha Zero acabam de ganhar o prestigioso Prêmio Internacional Riba pelo projeto de uma linda escola construída numa área rural do Tocantins.
Sig não nasceu nos Jardins. Vem da pequena Mirassol, que tem esse nome porque fica num lugar alto com vista para o sol. A região é cheia de girassóis. Ele nasceu com olhos coloridos e depois levou seus olhos para passear no mundo. Mas sua obra nunca esquece o Brasil.
O Brasil precisa conquistar o mundo, e a cultura, o design e a decoração vendem muito bem o Brasil.
Os americanos sabem disso como ninguém, tanto que o trabalho de Tony Duquette vendeu a América e foi parar no Louvre. Peter Marino é outro que projetou a América, em todos os sentidos.
Beleza é comércio e indústria, e graças a ela milhões de pessoas têm emprego, renda, carreira.
E por isso digo: vamos botar a beleza para vender o Brasil e na cesta básica do brasileiro, porque a gente não é só comida, a gente é comida diversão e arte.
Obrigado Sig, embaixador global da beleza do Brasil.
Publicitário, fundador do Grupo ABC
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