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Opinião Econômica

- Publicada em 21 de Agosto de 2018 às 01:00

Há esperança

Opinião Econômica: Benjamin Steinbruch

Opinião Econômica: Benjamin Steinbruch


/Arquivo/JC
O País vive um momento difícil. A menos de 50 dias da eleição, é impossível fazer qualquer prognóstico sobre quem vai governar o Brasil nos próximos quatro anos.
O País vive um momento difícil. A menos de 50 dias da eleição, é impossível fazer qualquer prognóstico sobre quem vai governar o Brasil nos próximos quatro anos.
Gostaria, porém, de lançar um olhar otimista a respeito das propostas que estão sendo postas na mesa, mesmo que tenha de me arrepender disso no futuro próximo, porque, por enquanto, os planos não são suficientemente detalhados.
É possível notar uma certa convergência dos candidatos mais bem cotados em relação a temas cruciais do momento.
Há, por exemplo, na direita, no centro e na esquerda, um claro consenso a respeito da necessidade de recolocar o País na rota do crescimento. Até os mais ortodoxos assessores econômicos de candidatos concordam que não será possível superar os problemas atuais sem a retomada imediata da geração de empregos para mais de 13 milhões de brasileiros.
Para isso, a revitalização da atividade produtiva, com investimento em infraestrutura e reindustrialização, é essencial.
Nessa linha, outro pensamento consensual diz respeito à necessidade de expandir o crédito e, muito importante, com juros civilizados. Não há um único candidato que tenha a coragem de contrariar essa proposta. E a concentração bancária está sendo colocada por quase todos como causa preponderante desse problema.
Por outro lado, até o mais excêntrico dos assessores concorda que será necessário fazer uma reforma tributária, não para aumentar a carga já elevada, mas principalmente para a simplificação dos impostos. Trata-se - e ninguém discorda disso - de substituir os cinco tributos incidentes sobre a venda de bens e serviços (IPI, PIS, Cofins, ICMS e ISS) por um único. Essa unificação, sempre pretendida, enfrenta uma dificuldade prática, pois, mesmo apoiando a medida, governadores e prefeitos temem ser prejudicados no momento da mudança. A solução, portanto, pode ser uma transição gradual do atual modelo para o novo.
Existe concordância geral também sobre a obrigatoriedade de reformar a Previdência. Apesar das divergências sobre o modelo dessa reforma, considera-se que o Estado não poderá arcar com os déficits previdenciários crescentes e que, além de cortar privilégios, o novo sistema precisa levar em conta a questão do envelhecimento da população.
A educação é um tema preferido dos candidatos. O discurso genérico, felizmente, vem sendo substituído por propostas mais práticas sobre a ênfase no ensino básico, a valorização do professor e a formação técnica. O País já tem experiências positivas que podem ser replicadas, como a do Ceará.
Segurança é outro tema que une os principais candidatos. Há indignação com os mais de 60 mil assassinatos e 50 mil estupros por ano. Para enfrentar essa calamidade, propõe-se o combate efetivo ao crime organizado, com ações de inteligência, a modernização da sistema prisional e a atualização das políticas contra as drogas e para o controle de armas.
Se há pensamentos consensuais sobre esses importantes aspectos, é possível afirmar que nem tudo está perdido. Vamos para a eleição de outubro com a esperança de que o eleito tenha coragem e competência política para levar adiante esses programas.
A despeito de todos os problemas, o Brasil continua sendo um país viável. Num momento em que os emergentes voltam a ser pressionados por inflação e contas externas (vide Turquia e Argentina), nosso País tem situação confortável, com inflação de 4% ao ano e reservas de quase US$ 400 bilhões.
O que nos aflige são a recessão e o desemprego. Se o eleito for fiel a suas propostas e não cometer estelionatos eleitorais, haverá esperança.
Diretor-presidente da Companhia Siderúrgica Nacional, vice-presidente da Fiesp
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