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Olhar da Fé

- Publicada em 17 de Junho de 2020 às 17:43

As Festas de Junho

Dom Jaime Spengler, arcebispo de Porto Alegre e primeiro vice-presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil
Dom Jaime Spengler, arcebispo de Porto Alegre e primeiro vice-presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil
As tradicionais festas juninas representam uma oportunidade privilegiada para tomar distância da cotidianidade com seus usuais e necessários afazeres, e re-fazer a experiência do encontro alegre de pessoas, através da música, do canto e da dança. É também oportunidade para novamente degustar o quentão, a pipoca, o pé de moleque, a broa de fubá, a paçoca e a canjica, expressões de uma saudade da vida simples do campo. É que quase sem contato com as coisas da terra e sem contatos vigorosos entre si, as pessoas não deixam de ser seres da terra, marcadas pelo desejo do encontro, alegria e partilha do que há de mais íntimo no humano: o convívio harmonioso, alegre e solidário.
As festas juninas fazem parte do folclore nacional. Em tempos de modernização acelerada, elas recordam a necessidade de promover uma convivência pacífica e salutar entre a tradição e a modernidade, entre o homo ludens o homo faber, entre o céu e a terra, pois “crescer significa abrir-se à amplidão dos céus, mas também deitar raízes na obscuridade da terra; que tudo que é verdadeiro e autêntico somente chega à maturidade se o homem for simultaneamente ambas as coisas: disponível ao apelo do mais alto céu e obrigado pela proteção a terra que oculta e produz” (M. Heidegger).
Os elementos que compõem estas festas – fogos de artifício, músicas tradicionais e danças, pratos típicos, erguimento do mastro – conservam um sentido, por vezes diluído, de unidade entre tudo o que existe e sucede na experiência humana. Este sentido se coloca à disposição de todos através das tradições culturais que representam a hipótese de realidade com que cada pessoa pode olhar o mundo em que vive. Entretanto, em um mundo no qual tudo se torna motivo de negócio, até mesmo o folclore, as tradições culturais e religiosas, com sua sabedoria, correm o risco de perder sua característica de oferecer significado à vida e ao mundo.
As festas juninas expressam a saudade e o desejo humano de confraternização, favorecendo a promoção de integração e de comunhão. Representam a possibilidade de, a partir de uma realidade fragmentada e de um sentido de vida diluído, favorecer a superação das dificuldades imputadas, a extinção de bloqueios e empecilhos impostos nestes últimos tempos por um vírus, e a reconstrução da unidade de todas as coisas.
Semana do Migrante na Pompéia - Esta semana até o próximo domingo (21) estamos vivendo a Semana Nacional do Migrante. Na Igreja Nossa Senhora da Pompéia em Porto Alegre, uma ação de ajuda à pessoas em situação de migração já ocorre há décadas, desde 1958. Semanalmente, a igreja faz a distribuição de roupas às segundas-feiras, das 8h30 às 16h, e às quartas e sextas-feiras distribuição de cestas básicas, a partir das 14h. Na última quarta-feira (10) e sexta-feira (12), respectivamente, foram atendidas 176 pessoas e distribuídas 127 cestas. No Estado do RS a Semana do Migrante acontece oficialmente de 19 a 26 de junho. Para isso, a Igreja Pompéia está preparando ações especiais para atender a todos. No dia 22, segunda-feira, a distribuição de roupas será realizada durante todo o dia, das 8h30 às 18h. No dia 26, o atendimento será a partir das 14h, especialmente realizando diálogo com os migrantes para entender a realidade de cada indivíduo. E, no dia 27, visita a bairros da Zona Norte com grande concentração de migrantes: Sarandi, Santa Rosa e Rubem Berta. O pároco Anderson Hammes, da Pompéia, salienta que as instituições que quiserem contribuir podem dirigir-se direto à paróquia (Rua Barros Cassal, 220 - Porto Alegre) para ajudar na distribuição. “Não precisamos de doações de itens, mas de recursos humanos para ajudarem na organização da ação durante estes dias. E estamos seguindo todas as recomendações de proteção no combate ao coronavírus, mantendo todos em segurança”, explica o padre. No Rio Grande do Sul, segundo dados de 2019 da Polícia Federal, 105 mil pessoas viviam no Estado oriundas de outros países, sendo de 96 nacionalidades diferentes. Só na capital gaúcha eram 38 mil, em 2019.
A Vida Por Um Fio - Lançada nesta quinta-feira (18), por meio de plataforma virtual, a Campanha de Autoproteção de Comunidades e Lideranças Ameaçadas: A vida por um fio. Com a proposta de fortalecer articulações, consolidar processos já em curso, dar ampla visibilidade à gravidade e à intensificação da violência contra quem defende os direitos socioambientais, alcançar da forma mais capilar possível as comunidades expostas a situações de risco e ameaças para que se organizem e protejam seus membros, preservando a memória ancestral e das lutas de resistência, a iniciativa é organizada por uma série de organizações da sociedade civil e da Igreja Católica. Também faz parte da proposta alcançar de forma mais capilar as comunidades expostas a situações de risco e ameaças para que se organizem e protejam seus membros, preservando a memória ancestral e das lutas de resistência, a iniciativa é organizada por uma série de organizações da sociedade civil e da Igreja Católica. Participam mais de 100 lideranças das comunidades, que irão multiplicar nos territórios as ações de “A vida por um fio”. A data escolhida para o lançamento, neste mês de junho, coincide com os 5 anos da publicação da Encíclica Laudato Si’, do papa Francisco, que trata do cuidado com a casa comum, o território e os povos que nela habitam. A Campanha de Autoproteção de Comunidades e Lideranças Ameaçadas, A vida por um fio, nasceu de um diálogo promovido pela REPAM-Brasil, Comissão Episcopal Especial para Amazônia e Comissão das Pastorais Sociais da CNBB com entidades que atuam na proteção de lideranças e comunidades ameaçadas pela sua atuação e militância na defesa dos Direitos Humanos, da natureza e de seus territórios cobiçados. Em agosto de 2019, em Belém (PA), durante o Encontro de bispos brasileiros em preparação para o Sínodo, a Campanha foi aprovada por unanimidade pelos presentes. Esta é a primeira ação após a realização do Sínodo para a Amazônia, ocorrido em Roma, em outubro de 2019, com o tema “Amazônia: Novos Caminhos para a Igreja e para uma Ecologia Integral”. A realidade das comunidades e lideranças ameaçadas foi um dos clamores que sobressaiu nas múltiplas consultas realizadas na região, como se expressa no Documento Final do Sínodo: “É escandaloso que líderes e até comunidades sejam criminalizados, simplesmente pelo fato de reivindicarem seus próprios direitos” (DF, 69). De acordo com dados da CPT, de 1985 a 2019, foram assassinadas 1.973 pessoas no campo, sendo que apenas 122 casos foram julgados, com número insignificante de condenados, ou seja, 35 mandantes e 106 executores. Mais visível vai sendo a presença das mulheres nos conflitos no campo, uma vez que são também elas, quase sempre, quem sustenta a residência de suas famílias e comunidades nos territórios ameaçados. Uma constatação importante é de que a violência no campo é seletiva, atingindo diretamente as lideranças dos movimentos e comunidades, com a finalidade clara de barrar a luta por direitos à terra, território, água e outros. A autoproteção por mecanismos não violentos é, todavia, uma das estratégias que trabalha com a independência e a autonomia das lideranças e das organizações, sendo construída com ativa participação dos(as) envolvidos(as). A Campanha terá abrangência nacional, priorizando nesta primeira etapa o contexto amazônico, os conflitos e a violação de direitos no campo e na floresta. Além das entidades já mencionadas acima, participaram desde as primeiras reuniões o Observatório Socioambiental Luciano Mendes de Almeida.
É Tempo de Cuidar - Já são mais de 2 meses de campanha nacional no Brasil com o lema “É tempo de cuidar” e os números mostram a força da solidariedade no país: mais de 900 toneladas de alimentos e cerca de 220 mil unidades de kits de higiene e limpeza chegaram a 260 mil pessoas. Os dados fazem parte do balanço divulgado no dia 8 de junho pelo Comitê Gestor da ação solidária emergencial da Igreja, que conta com o apoio conjunto da CNBB e da Cáritas Brasileira. A campanha, que começou a receber doações em 12 de abril, tem procurado amenizar as consequências da pandemia nas comunidades mais vulneráveis. Entre os beneficiados, moradores em situação de rua, desempregados, carentes, além de migrantes e refugiados. Essas pessoas também estão recebendo outros materiais arrecadados, como: mais de 50 mil unidades de roupas e calçados, e cerca de 55 mil unidades de equipamentos de proteção individual. A ação solidária no Brasil faz parte do último boletim divulgado nesta terça-feira (16), pela Seção Migrantes e Refugiados do Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral do Vaticano. Desta vez, o serviço apresenta iniciativas de entidades católicas em todo o mundo mobilizadas em arrecadar fundos para ajudar a aliviar o sofrimento da vida dos migrantes, duramente atingidos pela situação de emergência e confinamento por causa da crise da Covid-19. O serviço online do Vaticano, que procura noticiar iniciativas desenvolvidas em todo o mundo, é oferecido em 5 línguas, além do português, em italiano, espanhol, inglês e francês. Até agora já são 9 boletins semanais que você pode ser acesso inclusive em pdf, através do site da Seção Migrantes e Refugiados.
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