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Olhar da Fé

- Publicada em 09 de Abril de 2020 às 15:29

A vida sempre renasce na Páscoa

Por Dom Jaime Spengler, arcebispo de Porto Alegre e primeiro vice-presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil.
Por Dom Jaime Spengler, arcebispo de Porto Alegre e primeiro vice-presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil.
Os dias vividos em isolamento social suscitam angústias, tensões, conflitos, incompreensões, desânimo, expectativas, esperança. Neste contexto, celebramos a solenidade da Páscoa. Impõe-se, porém, uma questão: como celebrar a Páscoa, quando o ar está impregnado de ansiedade e inquietações?
Até pouco tempo, tudo parecia transcorrer dentro de uma certa normalidade. De repente, tudo parou! A rápida e segura travessia por um mundo aparentemente seguro e confortável foi repentinamente interrompida. A ânsia prepotente e onipotente do “eu” marcado pela autorreferencialidade e pela velocidade do mundo contemporâneo se viram confrontados por uma situação que exigiu parar.
A situação, a necessidade e a fragilidade do outro não tem encontrado espaço na sociedade do lucro indiscriminado, da eficiência sem limites e da produtividade sempre mais exigente. Bastou um vírus e tudo entrou em colapso!
A sensação vivida está sintetizada nas palavras do Papa Francisco, no último dia 27 de março: “Desde há semanas, parece cair a noite. Densas trevas cobriram nossas praças, ruas e cidades; apoderam-se de nossas vidas enchendo tudo com um silêncio ensurdecedor e um vazio desolador, que paralisa tudo à sua passagem: presente-se no ar, nota-se gestos, dizem-no os olhos. Nós nos encontramos temerosos e perdidos”.
Urge certamente retomar o cotidiano com suas necessidades, exigências e possibilidades, mas a partir de novos parâmetros, referências, horizontes. O mundo, que contém a todos e sustenta alguns, entrou em colapso, acabou.
O salutar e necessário “novo” pode irromper no horizonte da história se houver disposição para resgatar a antiga e sempre nova ética; a ética marcada pelo cuidado, respeito e promoção da vida e “vida em plenitude para todos”.
A solenidade da Páscoa recorda a necessidade de cristãos adultos, convictos de sua fé, experientes da vida segundo o Espírito e prontos a justificar a sua esperança.
Uma Santa e Abençoada Páscoa a todos e todas!
Rede de Solidariedade - A equipe da Cáritas Arquidiocesana / Mensageiro da Caridade, que atua no Centro Social Pe. Irineu Brand, está auxiliando as famílias que estão em isolamento social na Vila Maria da Conceição. A coordenação estabeleceu parcerias com restaurantes e com o comércio para receber alimentos prontos e produtos não-perecíveis. Para evitar a exposição das pessoas e a aglomeração na rua, a equipe está visitando as famílias em casa e levando alimento. A medida foi adotada porque a Fundação de Assistência Social e Cidadania (FASC), órgão gestor da Política de Assistência Social no município de Porto Alegre, determinou a suspensão das atividades do Serviço de Convivência e, por isso, as crianças e adolescentes atendidos estão reclusos em suas residências. No serviço do Mensageiro da Caridade, elas recebem lanche e refeições que amenizam a fome em razão da situação de vulnerabilidade das famílias. A coordenadora do Centro Social, Nina Cardoso, destaca a sensibilidade dos empresários que estão contribuindo com a iniciativa. Além do alimento pronto também estão sendo distribuídas cestas básicas. O Diretor Executivo do Mensageiro da Caridade, Luís Carlos Campos, disse que a distribuição de alimento não-perecível é um aspecto importante desta ação. “Com isso, as famílias podem preparar os alimentos para as crianças, uma vez que os pais e responsáveis, em sua grande maioria, atuam no mercado informal, que neste período está paralisado”.
Pacto Pela Vida e Pelo Brasil - No Dia Mundial da Saúde, celebrado na terça-feira (7-04), a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), juntamente com a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), a Comissão Arns, a Academia Brasileira de Ciências, a Associação Brasileira de Imprensa e a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência assinaram o Pacto pela Vida e pelo Brasil. O documento reconhece que o Brasil vive uma grave crise – sanitária, econômica, social e política – e que exige de todos, especialmente de governantes e representantes do povo, o exercício de uma cidadania guiada pelos princípios da solidariedade e da dignidade humana, assentada no diálogo maduro, corresponsável, na busca de soluções conjuntas para o bem comum, particularmente dos mais pobres e vulneráveis. “O momento que estamos enfrentando clama pela união de toda a sociedade brasileira, para a qual nos dirigimos aqui. O desafio é imenso: a humanidade está sendo colocada à prova. A vida humana está em risco”, diz um trecho. A pandemia do novo coronavírus que se espalha pelo Brasil exigindo a disciplina do isolamento social é mencionada no texto. As entidades assinantes reiteram, portanto, que deve-se, pois, repudiar discursos que desacreditem a eficácia dessa estratégia, colocando em risco a saúde e sobrevivência do povo brasileiro. Leia o texto completo no link: https://bit.ly/pacto_pelavida
Liturgia doméstica - “Nessas semanas de apreensão por causa da pandemia que está fazendo o mundo sofrer, entre as muitas perguntas que nos fazemos, também pode haver perguntas sobre Deus: o que Ele faz diante de nossa dor? Onde está quando tudo dá errado? Por que não resolve os problemas rapidamente?”. Com essas palavras, o Papa Francisco iniciou sua catequese na Audiência Geral, de quarta-feira (8), realizada na Biblioteca do Palácio Apostólico, devido à pandemia do Covid-19. Segundo o Pontífice, “a narração da Paixão de Jesus, que nos acompanha nestes dias santos, nos ajuda”, pois nela se concentram muitas perguntas. “O povo, depois de acolher Jesus triunfante em Jerusalém, se perguntava se ele finalmente libertaria o povo de seus inimigos. Esperavam um Messias poderoso e triunfante com a espada. Em vez disso, chega um homem manso e humilde de coração, que convida à conversão e à misericórdia”. Aquela mesma multidão, que antes gritava “Hosana ao Filho de Davi!”, agora grita: “Crucifica-o!” Aqueles que o seguiram, confusos e assustados, o abandonam. Pensaram: se o destino de Jesus é esse, o Messias não é Ele, porque Deus é forte e invencível”. O Papa então disse que se continuamos a leitura da Paixão do Senhor, “encontramos um fato surpreendente. Quando Jesus morre, o centurião romano, que era um pagão, que o viu sofrer na cruz, o ouviu perdoar a todos e tocou com as mãos o seu amor sem medida, confessa: “De fato, esse homem era mesmo Filho de Deus!”. Perguntemo-nos hoje: “qual é a verdadeira face de Deus? Geralmente, projetamos Nele o que somos, na máxima potência: o nosso sucesso, o nosso senso de justiça e também a nossa indignação. Porém, o Evangelho nos diz que Deus não é assim. É diferente e não podemos conhecê-lo com as nossas próprias forças. Foi por isso que ele se fez próximo, veio ao nosso encontro e se revelou completamente na Páscoa. Onde? Na cruz. Nela aprendemos os traços do rosto de Deus. Porque a cruz é a cátedra de Deus”, disse Francisco, acrescentando: “Nos fará bem olhar o crucifixo em silêncio e ver quem é o nosso Senhor: é Aquele que não aponta o dedo contra ninguém, mas abre os braços para todos; que não nos esmaga com a sua glória, mas se despe por nós; que não nos ama em palavras, mas nos dá a vida em silêncio; que não nos obriga, mas nos liberta; que não nos trata como estranhos, mas assume os nossos males, os nossos pecados. Para nos libertar dos preconceitos sobre Deus, olhemos o crucifixo e depois abramos o Evangelho. O Papa Francisco pede a todos que, nestes dias, todos em quarentena e em casa, fechados, “tomemos essas duas coisas em mãos: o crucifixo, vamos olhá-lo, e abramos o Evangelho. Isso será para nós, digamos assim, como uma grande liturgia doméstica, pois não podemos ir à igreja nesses dias. Francisco concluiu sua catequese, dizendo que “Jesus mudou a história, tornando-se próximo de nós e fez dela, embora ainda marcada pelo mal, uma história de salvação”. Convidou a todos a abrir o coração na oração: “Não se esqueçam: Crucifixo e Evangelho. A liturgia doméstica será essa” e desejou a todos uma boa Semana Santa e uma Feliz Páscoa.
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