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Olhar da Fé

- Publicada em 26 de Março de 2020 às 18:05

Do isolamento nasce a esperança

Por Dom Jaime Spengler, arcebispo de Porto Alegre e primeiro vice-presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil
Por Dom Jaime Spengler, arcebispo de Porto Alegre e primeiro vice-presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil
 
Nestes tempos de crise, a orientação geral é o isolamento. Ouve-se por todo lado os pedidos “permaneça em casa”, “não saia de casa”. E isso nos faz lembrar que o distanciamento social solicitado pelas autoridades sanitárias só é possível porque existe o outro. Somos, assim, recordados que o ser humano não é “algo” isolado dentro de uma concha, existindo cada um por si, de modo que apenas em determinadas ocasiões o outro apareça em nosso campo visual.
O “fique em casa” é desafiador. No atual contexto, é tarefa de responsabilização. Porque não somos uma ilha, somos convocados, neste momento, ainda mais intensamente, à corresponsabilidade social, que é o contrário de um fechamento no próprio mundo. Esta nova postura é expressão de solidariedade e disponibilidade. Disponibilidade para cooperar na superação dos desafios impostos a toda a humanidade. Solidariedade com todas as pessoas submetidas a um perigo comum.
Na resposta pessoal àquilo que a sociedade solicita de todos, está latente a possibilidade de resgatar um sentido novo – que, na verdade, não é novidade! – para as relações sociais, políticas, religiosas e econômicas. Pode ser que estejamos sendo solicitados, ainda que na penumbra do não totalmente compreensível, a penetrar mais intensamente na realidade do mundo para, a partir dela, erguer o olhar e perceber que existe esperança.
Isolamento não é sinônimo de esquecimento: não podemos esquecer do cotidiano, do mundo e de nós mesmos. Pode-se colher nessa situação uma necessidade de retorno a si mesmo, de promover o cuidado para consigo e para com quem nos é caro, e de focar no que verdadeiramente é importante.
Diante do afã cotidiano marcado por compromissos de todo tipo, mas não dispensados do senso de pertença e corresponsabilidade social, somos forçados a sondar uma nova possibilidade de vida em sociedade, onde os interesses econômicos não sejam sobrepostos ao respeito pela vida, ao cuidado do meio ambiente, e à promoção da dignidade de cada ser humano.
Precisamos acreditar que após essa crise provocada por um vírus virá uma revolução humana, capaz de nos salvar, salvar o clima e o planeta. Há uma bondade e beleza presentes na ordem da criação que não pode ser esquecida. Por isso, a esperança rasga um novo horizonte; e a esperança não decepciona!
 
Fechamento das igrejas - A Arquidiocese de Porto Alegre determinou na sexta-feira (20), por meio de Nota Oficial, o fechamento das igrejas de todo o seu território por tempo indeterminado, seguindo as recomendações das autoridades sanitárias e de saúde. "Vivemos uma pandemia que não foi querida por Deus, mas por Ele permitida; isso também nos chama à conversão para os valores eternos. É tempo de reconstruir a esperança, promover a solidariedade e incentivar a oração. É tempo de ousada criatividade para bem atender o rebanho", diz trecho da Nota. Acesse no link todas as orientações da Arquidiocese: https://www.arquidiocesepoa.org.br/coronavirus. Também é possível acompanhar a realização de missas online e pelas tvs e rádios católicas. Acesse o link e saiba como: https://www.arquidiocesepoa.org.br/missaemcasa
 
Dioceses brasileiras também suspendem missas - Continuando as ações de prevenção ao novo coronavírus e acatando as determinações de isolamento social, as dioceses brasileiras continuam suspendendo as missas com fiéis e dispensando-os do preceito dominical. Na última atualização da CNBB, de 25 de março, foram contabilizadas 37 arquidioceses, 120 dioceses, 5 prelazias e a administração apostólica pessoal São João Maria Vianey que suspenderam as missas com público. Além da igreja Metropolita Católica Ucraniana. Neste contexto, a indicação é acompanhar as celebrações transmitidas pelos meios de comunicação, como televisão, rádio e internet. Os bispos têm incentivado padres e agentes de Pastoral a, mesmo sem contato pessoal, reforçarem a proximidade com os fiéis. Confira a lista de arquidioceses, dioceses e prelazias que suspenderam missas com fiéis: https://www.cnbb.org.br/mais-dioceses-brasileiras-suspendem-missas-com-participacao-dos-fieis/
 
Crescimento de católicos - Dados divulgados pelo Escritório Central de Estatísticas da Igreja, que realizou a redação do Anuário Pontifício 2020 e do Annuarium Statisticum Eccleasiae 2018, mostram um aumento da incidência da ação pastoral na África e na Ásia durante os primeiros cinco anos do Pontificado do Papa Francisco. Além disso, entre 2013 e 2018 se registra um aumento de cerca de 6% dos católicos batizados nos cinco continentes, passando dos quase 1.254 bilhões para 1.329 bilhões, um aumento de 75 milhões de pessoas. Do total de católicos no mundo, 48% vivem na América, 21,5% na Europa e 11,1% na Ásia, onde houve um particular aumento. Em 2018, os católicos eram pouco menos de 18% da população mundial. Também entre 2013 e 2018, o número de bispos aumentou mais de 3,9%, passando de 5.173 para 5.377, com um incremento muito acentuado na Oceania (+4,6%), seguido pela América e Ásia (ambos com +4,5%), Europa (+4,1%) e África (+1,4%). O número de sacerdotes está diminuindo em todo o mundo, em 0,3%. Em detalhes, entre 2013 e 2014 o número de sacerdotes aumentou em 1.400 unidades, mas caiu entre 2016 e 2018. Em contraste com a média mundial, as vocações na África e na Ásia aumentaram 14,3% e 11%, respectivamente. Na América o número de presbíteros é estacionário, há cerca de 123.000, na Europa e Oceania as quedas são respectivamente superiores a 7% e pouco mais de 1%. Em forte evolução o número de diáconos permanentes que aumentam em 10%. Eles aumentaram de 43.195 em 2013 para 47.504 cinco anos depois. O número dos religiosos professos não sacerdotes continua a diminuir (-8%), tendo o número caído de mais de 55.000 para menos de 51.000. A tendência decrescente é comum aos vários continentes, com exceção da África e da Ásia, onde há um +6,8% e +3,6%. Há também uma forte tendência decrescente para as religiosas professas com uma contração de 7,5% entre 2013 e 2018. O número total se reduz de quase 694.000 em 2013 para menos de 642.000 cinco anos depois. O declínio é de -15% na Europa, -14,8% na Oceania e -12% na América. Na África e na Ásia, por sua vez, há um aumento: mais de 9% na África e +2,6% na Ásia. Os candidatos ao sacerdócio em todo o mundo de 118.251 em 2013 passaram para 115.880 em 2018, uma variação de -2 por cento. O declínio, com exceção da África, afeta todos os continentes com grandes reduções na Europa (-15,6%) e América (-9,4%). A África, com uma variação positiva de 15,6 por cento, confirmou a sua posição como a área geográfica com maior potencialidade para cobrir as necessidades dos serviços pastorais.
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