Dom Adilson Pedro Busin, Bispo Auxiliar da Arquidiocese de Porto Alegre.
Na celebração de N. Sra. de Lourdes, em 11 de fevereiro, celebra-se o Dia Mundial do Enfermo. Este santuário mariano, na França, é marcado por sinais milagrosos de tantas curas e graças alcançadas. Quem já esteve lá, sobretudo na procissão dos enfermos, percebe que além da fé de cada peregrino, há um grande “milagre” entre as pessoas: a solidariedade. São gestos de pessoas movidas pela fé e mais ainda pelo amor. São Paulo dirá: “a maior delas é a caridade”. Na dor da humanidade brota a solidariedade como uma força capaz de superar barreiras, que nossa prepotência nos impede em outros momentos. Em Lourdes, é possível ver que o ser humano, criatura do amor de Deus, é capaz, pelo sofrimento, de ser irmão, de ser bom, generoso, solidário. Como um paradoxo, no sofrimento, é possível ser mais humano.
O mundo vive, no momento presente, o surgir de mais uma nova doença assustadora: o coronavírus. Os olhos da humanidade e das mídias estão voltados para a China. A globalização que tornou o mundo uma aldeia global, faz tudo chegar ao nosso quintal. E tem o lado bom disso tudo. A preocupação e a busca de soluções também se tornam globais. Parece não mais valer o dito: “ é problema deles” ou “ é problema seu”. O sofrimento dos chineses, e dos estrangeiros que lá estão, é sofrimento da humanidade. E neste momento nos tornamos mais solidários, mesmo quem vê a China sob o olhar ideológico reflete e toma uma postura humanitária e solidária. A comunidade científica e centros de pesquisa, trocam informações para juntos encontrar os remédios e soluções que façam frente ao desafiador coronavírus. Na dor e no sofrimento, a humanidade é capaz de ser solidária. A doença e a dor global evocam na humanidade o senso amplo de família, para além das divisões, preconceitos e muros erguidos pela pseudo-segurança que a prepotência e o egoísmo, continuamente, tentam nos iludir.
As atitudes de Jesus Cristo no evangelho é um chamado a olhar o enfermo mais do que a enfermidade. Os doentes foram as pessoas de quem mais Ele se aproximou. “Onde ele chegava [...] colocavam os doentes nas praças e pediam que pudessem ao menos tocar na barra da roupa de Jesus. E os que tocaram, ficaram curados” (Mc 6, 56). O Papa Francisco fala repetidamente da cultura do cuidado e da proximidade ao irmão. No Dia Internacional do Enfermo erguemos a voz aos céus. Que o Espírito dê sabedoria aos pesquisadores na busca da solução das doenças. Aos que legislam e governam, que promovam leis e decisões para a saúde da população. Um obrigado aos profissionais que se dedicam ao cuidado dos enfermos. Uma oração a todos os que sofrem nas enfermidades. E que Nossa Senhora de Lourdes nos conceda saúde espiritual, psíquica e do corpo. Nos recorde sempre a solidariedade na enfermidade.
Doutor em Direito Canônico na Arquidiocese - Na segunda-feira (10), o padre Maikel Herold, presbítero da Arquidiocese de Porto Alegre, apresentou sua defesa de tese junto à Pontifícia Universidade Lateranense de Roma em vista o grau de doutorado em Direito Canônico. Com o título “O princípio de Subsidiariedade na organização social da Igreja e sua aplicação na relação autoridade eclesiástica e christifideles (fiéis cristãos)”, Pe. Maikel arguiu que o Princípio de Subsidiariedade se trata de um conceito pelo qual um ente maior (o Estado ou uma organização de caráter internacional) deve respeitar a justa autonomia de entes menores (as pessoas de modo singular, as famílias, associações etc.). Apesar de ser um pressuposto de caráter sociológico, a subsidiariedade, desde o período anterior ao Concílio Vaticano II, vem sendo apresentada como um princípio a ser aplicado também na Igreja, em vista o reconhecimento à justa autonomia e responsabilidade por parte dos fiéis no que diz respeito ao seu próprio apostolado, bem como das realidades locais onde a Igreja está presente, proporcionando com isto um caminho de desconcentração do poder, seja à nível universal, seja a nível diocesano. Neste sentido, apresenta a necessidade que as Conferências Episcopais sejam reconhecidas com uma autonomia ao modo como acontece com os Sínodos das Igrejas Orientais; do mesmo modo que fossem implantados tribunais administrativos canônicos a nível local.
Exortação “Querida Amazônia” - Foi apresentada, no Vaticano, nesta quarta-feira (12) a Exortação Apostólica Pós-Sinodal do Papa Francisco, em cerimônia transmitida ao vivo para todo o mundo. O documento “Querida Amazônia” era muito aguardado, em especial pelos fiéis da Igreja Católica, desde a realização do Sínodo para a Amazônia, realizado em outubro do ano passado. Francisco destaca que deseja “expressar as ressonâncias” que o Sínodo provocou nele. E esclarece que não pretende substituir nem repetir o Documento final, que convida a ler “integralmente”, fazendo votos de que toda a Igreja se deixe “enriquecer e interpelar” por este trabalho e que a Igreja na Amazônia se empenhe “na sua aplicação”. O Papa compartilha os seus “Sonhos para a Amazônia” (5-7), cujo destino deve preocupar a todos, porque esta terra também é “nossa”. Assim, formula “quatro grandes sonhos”: que a Amazônia “que lute pelos direitos dos mais pobres”, “que preserve a riqueza cultural”, que “guarde zelosamente a sedutora beleza natural”, que, por fim, as comunidades cristãs sejam “capazes de se devotar e encarnar na Amazônia”. Outros pontos também fazem parte da Exortação como: os cristãos devem lutar juntos para defender os pobres da Amazônia; novos espaços às mulheres, mas sem clericalizações; favorecer um protagonismo dos leigos nas comunidades; Bispos latino-americanos devem enviar missionários à Amazônia; o sonho ecológico: unir cuidado com o meio ambiente e cuidado com as pessoas.
Repercussão em Roma - A iniciativa pioneira da Arquidiocese de Porto Alegre com a criação de uma comissão responsável por acolher denúncias, executar ações punitivas e dar tratamento a crianças, adolescentes e pessoas vulneráveis, vítimas de abuso, foi notícia na edição de 28 de janeiro do Jornal L’Osservatore Romano, principal publicação do Vaticano, de propriedade da Santa Sé. O veículo foi publicado pela primeira vez em 1º de julho de 1861. Jornal diário político-religioso, como recita o subtítulo do cabeçalho, enfrentou ao longo do tempo profundas transformações para responder melhor às expectativas dos Pontífices que se seguiram. A dimensão universal, o encontro entre fé e razão, a amizade com as mulheres e os homens de hoje são as directrizes que o jornal exprime ao apresentar, com carácter documentário e ao mesmo tempo jornalístico, todos os textos pontifícios e os documentos da Santa Sé, e acompanhando a vida internacional, os debates culturais, as vicissitudes da Igreja em todos os continentes com particular atenção ao ecumenismo e ao diálogo com as religiões. A edição diária (em italiano) é publicada seis vezes por semana (excluída a segunda-feira) e pode ser encontrada nos quiosques das principais cidades italianas ou requerida por assinatura. Semanalmente publicado em outros idiomas, incluindo o português, é assinado por parte do clero. Para mais informações, acesse:
http://www.osservatoreromano.va/pt